Saúde - Parar de fumar melhora bem-estar financeiro e garante realização de sonhos
A chegada do ano novo incentiva grande parte das pessoas a querer transformar
diversos aspectos em sua vida. Promessas de mudanças não faltam, e uma das mais
famosas delas é a de parar de fumar. No entanto, com o passar do tempo, essa
intenção acaba literalmente virando fumaça e os cigarros no cinzeiro continuam
se acumulando tanto ou mais do que antes.
Essa situação tornou-se tão notória que chegou a ser alvo de pesquisa
científica. De acordo com estudo realizado pelo psicólogo britânico Richard
Wiseman, parar de fumar foi a resolução de início de ano que os participantes
menos conseguiram cumprir: apenas 24% dos três mil participantes obtiveram
sucesso.
Se você se identificou com esse grupo, pode encontrar um motivo mais concreto
para finalmente abandonar o tabagismo: seu bem-estar financeiro. Segundo o
consultor Reinaldo Domingos, além dos comprovados danos à saúde, o cigarro causa
graves problemas ao orçamento. O prejuízo pode equivaler ao valor de um imóvel,
no decorrer dos anos. "Se pegarmos um maço de cigarro a R$ 2,75 e capitalizarmos
a juros de 1% por 30 anos, teremos aproximadamente R$ 288 mil de provável
economia, não apenas para o bolso, mas também para a saúde", afirmou.
Pequenas quantias garantem realização de metas
Ainda de acordo com Domingos, poupar pequenas quantias, como as que seriam
destinadas ao fumo, pode ajudar a realizar metas e objetivos no longo prazo. "Às
vezes, a pessoa não consegue comprar uma casa. Vou dar um exemplo, tem casa que
custa R$ 100 mil. Fumando por 20, 30 anos, a pessoa pode comprar duas ou três
casas desse valor".
As projeções do consultor podem, à primeira vista, impressionar, principalmente
se você não costuma contabilizar suas despesas diárias com cigarros. Porém, ao
colocá-las no papel, ou melhor, na planilha de orçamento mensal, vai perceber o
quanto gasta para manter o vício - e o quanto poderia poupar, caso o largasse.
Tomando como base os R$ 2,75 por maço estimados pelo consultor, esse custo é de
R$ 82,50, em apenas um mês, para quem consome um maço por dia.
Esse gasto chega a mais de R$ 10 mil, para quem é fumante há mais de dez anos,
conforme a tabela abaixo, que traz ainda a evolução das despesas com um e dois
maços ao dia, considerando outros períodos:
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Um maço |
Dois maços |
Um ano |
R$ 1.004 |
R$ 2.007 |
Cinco anos |
R$ 5.019 |
R$ 10.038 |
Dez anos |
R$ 10.038 |
R$ 20.075 |
Fonte: Infomoney
As despesas para manter o vício podem subir ainda mais, caso a pessoa precise
custear tratamento médico ou medicamentos, por contrair alguma doença
relacionada ao tabagismo.
Para aqueles que, apesar dos benefícios, não conseguem abandonar o cigarro,
devido à dependência, o Ministério da Saúde oferece um programa de apoio, que
inclui terapia de grupo, em uma etapa inicial, e distribuição de medicação -
adesivos para o corpo, goma de mascar e o remédio bupropiona, aos casos mais
graves.
Instituído em 2002, o programa é atualmente integrado por 380 unidades de
atendimento em todo o país. Os interessados pelo tratamento podem ligar para
Disque Saúde do SUS (Sistema Único de Saúde): 0800 611997.
Restrições à propaganda
Além de criar alternativas gratuitas para tratamento dos dependentes, o governo
age em outras frentes para combater o fumo. Uma delas diz respeito à restrição à
publicidade do tabaco, que passou a ser limitada à parte interna dos locais de
venda e ficou proibida na mídia, como a televisão. Para o pesquisador da Unifesp,
Elisaldo Carlini, essa proibição, estabelecida há mais de seis anos, foi o
principal fator para a queda no consumo de cigarros entre jovens. Conforme
estudo realizado por ele e outros quatro docentes, o índice de fumantes
adolescentes, que havia passado de 22,4% em 1987 para 32,7% dez anos depois,
voltou a cair, para 21,7%, em 2005.
"A propaganda do cigarro era bastante insinuante, ligada ao sucesso pessoal e
fatores como status econômico. Isso influenciava, principalmente, a camada
jovem", explica.
O número caiu tanto entre meninos como entre meninas. Nos primeiros, a redução
foi de 36% (1997) para 21,9%. Na outra faixa, de 31,9% para 21,3%. Entre os
pré-adolescentes (12 a 14 anos), também houve diminuição: de 13,8% para 8% no
mesmo período.
Já nas faixas etárias superiores, o levantamento, realizado nas 108 maiores
cidades do País, houve aumento no número de fumantes do sexo feminino e queda,
no masculino. Em 2001, o índice de homens que fumavam era de 61,4% e o de
mulheres, 45,4%. Quatro anos depois, os percentuais passaram a 60,7% contra
46,8%, respectivamente.
"Seria necessário um diagnóstico para saber o porquê desse fenômeno, mas não há
vontade política para isso", afirmou Carlini à Agência Brasil, na época da
divulgação.
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