Como se dá a convivência em um ambiente de trabalho de profissionais mais
velhos e experientes e jovens recém-formados? É verdade que pode haver pouca
afinidade, uma vez que enquanto uns passam os dias preocupados com as muitas
contas a pagar de casa, os filhos e a aposentadoria, outros podem ser flagrados
procurando casas noturnas na Internet, combinando um happy hour, ou questionando
o que será de suas carreiras, se não seria o momento de fazer uma pós-graduação.
No entanto, é possível que uma pessoa mais velha seja amiga de uma mais jovem.
Basta que cada um entenda o universo do próximo, encontre o que os indivíduos
têm de bom, seus potenciais, e usufrua dessa troca, que, por sinal, tem tudo
para ser rica.
"O profissional mais velho precisa compreender que o mais jovem tem idéias novas
e disposição maior para enfrentar riscos. Já o jovem deve saber que o mais velho
enxerga o que é preciso para obter os resultados, por conta da experiência
profissional e de vida", recomenda o consultor da LCZ Desenvolvimento de Pessoas
e Organizações, Paulo Celso de Toledo Jr.
Desafiando os preconceitos
A tendência, segundo Toledo, é que o profissional experiente ache que o
jovem é imaturo, irresponsável ou arrogante. E esse último pode achar que o mais
velho seja demasiadamente conservador e ultrapassado. "Ambos precisam rever
conceitos", garante.
Esses preconceitos estão enraizados também na cultura das empresas. "Ainda nos
dias atuais, as instituições estão proibindo, por exemplo, o uso livre da
Internet. Não é culpa delas. Tradicionalmente, aprendemos que, para que o
trabalho renda, devemos estar focados, sem interrupções. Porém, os jovens
conseguem fazer várias coisas ao mesmo tempo. A mentalidade das empresas é
'velha'".
Interação deve ser motivada pela empresa
Do ponto de vista do consultor do Grupo Soma, Celso Eduardo da Silva, a
integração entre profissionais de diferentes idades deve partir da empresa. "É
um trabalho de base a ser desenvolvido pelo departamento de recursos humanos,
com o intuito de evitar os choques de gerações", analisa.
"O jovem tem seu valor, assim como o mais velho. Por meio de conversas
transparentes, dinâmicas em grupo, programas internos e externos de integração e
jogos de trocas de papéis as pessoas entenderão mais facilmente o valor do
próximo", diz, ao sugerir um jogo: "a empresa impõe tarefas a serem cumpridas
por dois grupos: um formado por jovens e outro por mais velhos. Certamente, com
a dificuldade de cumprir a tarefa, os profissionais sentiriam falta de pessoas
do outro grupo".