Carreira / Emprego - Iniciando a carreira de escritor: autora de romances dá as dicas
Inúmeras pessoas têm o sonho de, um dia, escrever um livro. Executivos de
sucesso desejam contar a história de suas carreiras. Empresários gostariam de
falar de seus segredos de liderança. Economistas pensam em dar dicas de gestão e
finanças. E por aí vai. O problema é que poucos colocam o plano em prática, seja
por não acreditar que é possível, seja por não saber como fazê-lo.
Pois saiba que publicar um livro não é um sonho inatingível. Para a escritora
Thalita Rebouças, que escreve romances para adolescentes, "não tentar pode ser
muito mais doloroso do que fracassar". Além disso, mesmo que os primeiros textos
não sejam primores, com o exercício da escrita, a tendência é melhorar cada vez
mais. "A prática traz a perfeição", afirma.
Ela conta que, quando começou a escrever, há sete anos, fazia uma "bagunça nas
bienais". E abordava as pessoas para divulgar seus livros usando peruca e apito.
Com essa maneira pouco convencional, conseguiu convencer muita gente a conhecer
seus textos e realizou seu sonho de viver de literatura. Em seu site,
(www.thalita.com.br), a escritora revela que hoje se orgulha de ter um monte de
leitores espalhados pelo Brasil.
Dicas: na hora de escrever
A autora lembra que o ato de escrever se resume, basicamente, a duas etapas:
primeiro, é preciso "despejar" a história no papel; depois, cortar os excessos
do texto "despejado". "Escrever é a arte de cortar palavras", garante.
Para não perder as idéias que surgem ao longo do dia, seria interessante usar um
gravador. A ferramenta ainda ajuda muito as pessoas que têm "apagões" na
memória, quando sentam para escrever. Outra dica para iniciantes é criar um
blog, com o intuito de exercitar a escrita e de ser descoberto por alguma
editora à procura de talentos.
Thalita enfatiza que não dá para escrever sem saber aonde se quer chegar. "Fica
muito difícil. É possível mudar a história ao longo do tempo, mas sempre com um
objetivo definido", explica. "E escolha um tema familiar, com o qual se sinta à
vontade. Pesquise o quanto for possível, para dar consistência ao livro."
Como deve se comportar um escritor
Segundo a autora, às vezes, é prejudicial dar ouvidos às opiniões de amigos e
até de parentes. "Eles podem não ser tão otimistas quanto você espera, o que
pode abalar sua garra. Nenhum livro (nenhum, mesmo!) tem aprovação unânime",
diz.
Para um escritor, é importante ler muito. "Livros, jornais, revistas, bulas de
remédio, manuais de máquinas fotográficas, blogs, gibis, não importa. É lendo
que ficamos em contato com a matéria-prima do escritor: a língua portuguesa",
sublinha.
Ela revela também que, além da escrita correta, o importante é que o livro tenha
"molho", ou seja, que ele prenda a atenção do leitor. Em relação à ilustração da
capa, o autor pode deixar aos cuidados da editora.
Na hora de publicar
Quem já está com o original pronto precisa registrá-lo na Biblioteca Nacional
(www.bn.br/site/default.htm), antes de divulgá-lo a uma editora. Mas esse
registro não pode ser enviado junto com os originais às editoras.
Thalita recomenda mandar um exemplar encadernado (sem ilustrações, apenas com o
texto) para todas as editoras que têm o perfil do livro, junto com uma carta de
apresentação caprichada. O envio em formato digital não é indicado. Outra idéia
é usar a criatividade, para que a obra não seja esquecida ao lado de tantas
outras. "Por exemplo, mande os textos em uma caixa enorme, cheia de balas",
sugere.
A autora também aconselha colocar um pinguinho de cola a cada dez páginas dos
originais. "Assim, quando uma editora qualquer devolver seu texto alegando não
ter interesse em publicá-lo, você poderá checar se, ao menos, ele foi lido e
avaliado", afirma.
Edição independente
Caso, após um ano, você não tenha nenhum retorno positivo, uma pequena edição
independente pode ser a saída. Geralmente, quando um livro independente faz
sucesso, alguma editora interessada aparece.
É importante lembrar que quem publica independentemente precisa tomar
"muitíssimo cuidado com a escolha da capa, do título e do preço final". "Quanto
mais barato um livro, mais fácil vendê-lo - principalmente quando se trata de um
autor iniciante. Mas o livro precisa ser comercial, ou seja, o título e a capa
devem espelhar bem o conteúdo", avisa a escritora, que finaliza com a explicação
de que, normalmente, as editoras pagam 10% do preço de capa trimestralmente.
Então, não fique parado, comece a produzir seus textos!
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