Dívidas / Endividado ? - Gastou demais? Ponha as contas em dia
Conselho é pagar primeiro as que têm maior taxa de juros e parcelar as que
não dão desconto no pagamento à vista
QUEILA ARIADNE
Comece o ano sem dívidas. O conselho é bom, mas para quem já gastou além da
conta no Natal, é tarde demais. Se não deu para planejar os gastos, o jeito
agora é remediar planejando o pagamento das dívidas. Segundo o especialista em
finanças pessoais Paulo Adriano Freitas Borges, com um pouco de organização é
possível ir pagando os débitos. "É uma questão de estabelecer prioridades.
Pagar primeiro aquelas que têm maiores taxas de juros e parcelar as que não
oferecem descontos em pagamento à vista", aconselha o consultor, que também é
gerente do banco Semear. Cartão e cheque especial estourados com presentes. IPVA
e IPTU pela frente. Matrícula escolar, uniforme e, para piorar, as contas
convencionais de água, luz, telefone, condomínio etc. Se você se enquadra nessa
situação crítica, o melhor é priorizar o cartão de crédito, que tem os maiores
juros.
De acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas, Administrativas e Contábeis (Ipead),
a taxa mensal é de 11,2%. "Nenhum juro vai superar o do cartão, então fique
livre dessa despesa o mais rápido possível. Não pague apenas o valor mínimo,
pois os juros vão continuar incidindo e fazendo a dívida crescer", aconselha
Borges.
Atraso consciente
Como o momento é de escolhas, o consultor orienta a deixar as contas de casa
para depois. "As concessionárias de energia, água e telefone só cortam depois do
segundo mês em atraso. Então, apenas nessa hora de sufoco, priorize débitos que
têm juros mais salgados", destaca, lembrando que mesmo assim o consumidor terá
uma multa de 2% para pagar junto com as contas no mês seguinte.
Infelizmente, afirma Borges, o consumidor terá que perder os descontos
oferecidos para o pagamento à vista do IPTU e do IPVA. "No caso do IPVA, este
desconto é de 3%. Se há muitas outras despesas, parcele o imposto em três
vezes." Mas não é hora de fazer uma dívida para pagar outras. Portanto, ressalta
Borges, não pegue empréstimos.
Se essa for a última opção, tente conseguir o dinheiro com familiares ou amigos.
"Se isso não for possível, prefira o Crédito Direto ao Consumidor (CDC)."
Enquanto a taxa do CDC é de aproximadamente 4,8% ao mês, a do cheque especial é
de 7,68% e a de financeiras chega a 12%.
Solução é planejar e economizar
Para gastar hoje, tem que pensar no dia de amanhã. O especialista em finanças
pessoais Paulo Adriano Freitas Borges alerta: não há fórmula milagrosa para as
dívidas, a solução está no planejamento. “O ideal é manter uma economia
equivalente a seis meses de despesas fixas.
Dessa forma, em caso de perda de emprego ou outro imprevisto, a pessoa
conseguirá sobreviver até se recuperar”, afirma. Independentemente da classe
econômica, a principal dica para planejar a vida financeira é aprender a
economizar.
Para as classes A e B, afirma Borges, que têm mais possibilidades de sobras no
orçamento, o conselho é dedicar um tempo à educação financeira. “Elas precisam
aprender mais sobre as opções de investimento, mercado de ações e entender que é
possível ter uma renda adicional além do salário”, orienta.
Apertar o cinto
Já para a classe C, que não tem tanto dinheiro sobrando assim, o mais seguro é
frear os gastos. “O segredo é não matar a galinha dos ovos de ouro. Primeiro
elas têm que guardar um pouco do que ganham e aplicar, para depois usar os
lucros do investimento.” Para as classes D e E – as mais vulneráveis ao
bombardeio da oferta de crédito –, a dica é fugir dos juros.
“Esse público precisa aprender a viver com o que realmente ganha, sem agregar o
limite do cheque especial ao salário e sem pegar empréstimos”, afirma Borges.
Para o consultor, o maior erro dos consumidores é a mania de achar que se as
prestações cabem no orçamento, não tem problema fazer dívidas. “Se elas fizessem
um esforço para pagar em menos vezes, veriam o quanto de juros deixariam de
pagar.”
Uma geladeira de R$ 1.000, por exemplo, parcelada em 20 vezes com juros de 4% ao
mês, daria uma parcela de R$ 73,58. Ao final, a compra sairia por R$ 1.471,54,
segundo cálculos do consultor. “Se a pessoa abrir mão de outras coisas, como
lazer, e pagar em quatro vezes de R$ 250, ficará quatro meses apertada, mas vai
deixar de pagar praticamente meia geladeira de juros”, alerta. (QA)
Referência:
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