Sintomas do Distúrbio do Déficit de Atenção (DDA), o nervosismo exarcebado, a
agitação constante e a falta de atenção acometem muitos profissionais. Por este
motivo, de acordo com a vice-presidente da ABQV (Associação Brasileira de
Qualidade de Vida), Sâmia Simurro, determinar quem realmente tem o distúrbio é
difícil.
"A linha para identificar uma pessoa que é nervosa demais e um pouco hiperativa
e aquela que tem o distúrbio é realmente muito tênue. Normalmente, a pessoa sabe
que tem quando começa a incomodar e ela procura um médico especializado", disse
Sâmia. E a procura pode acontecer somente na fase adulta, quando já iniciou-se a
vida profissional.
A situação se agrava diante do contexto em que o mercado de trabalho se
encontra. Se, no passado, as atividades eram mais mecanizadas, hoje, é
necessário criar, inovar, se inspirar, o que é mais difícil para quem é ansioso.
"Outro agravante para essas pessoas é que o trabalho exige mil coisas ao mesmo
tempo".
Identificando o problema
O DDA é identificado por três sintomas fundamentais. O primeiro deles é a
hiperatividade física e mental, que pode causar incômodos na própria pessoa,
principalmente se as atividades no ambiente de trabalho forem mais lentas. Outro
é a instabilidade de atenção, que dificulta a concentração em alguma atividade
ou faz com que o funcionário foque em uma, priorizando o que não é importante.
Ainda há a impulsividade, que pode ser demonstrada pelo fato de se lançar a uma
tarefa sem nenhum tipo de avaliação. "A vida da pessoa com DDA é muito intensa.
Eles são impulsivos, e isso diminui a produtividade, têm foco distorcido, são
esquecidos, distraídos, desorganizados. Têm dificuldade de se comunicar bem e
falam sem parar, além de não concluírem um pensamento".
Ao longo da vida, esta pessoa tem dificuldades em se relacionar, porque não
relaxa nem consegue entrar num ritmo mais lento, no qual os colegas podem estar,
e acaba sendo intransigente. Nos estudos, por exemplo, ela não consegue se
concentrar.
Tratamento
O diagnóstico tem sido realizado com mais freqüência recentemente, mas ainda
há muita confusão sobre como encarar este desafio. "Quando constatado o
distúrbio, é preciso um tratamento psico-educativo para diminuir o impacto da
doença na vida da pessoa e daquelas que o cercam".
É preciso um tratamento psico-terápico na linha cognitiva comportamental:
primeiro você identifica, depois informa o problema ao paciente e, a partir
disso, trabalha a mudança do comportamento. "E também do pensamento, que é muito
rápido. Com isso, eles acabam tendo problemas de avaliação da realidade e,
conseqüentemente, de relacionamentos".
Quando os sintomas forem muito elevados e gerarem descontrole, aí sim é indicado
o tratamento com remédios. "Na verdade, quando tem o tratamento adequado, ele
consegue exercer o auto-controle e ter uma vida normal. E, depois disso, podem
ser desejados por algumas empresas porque têm uma energia muito grande".