Para muitos investidores, principalmente aqueles de perfil
mais conservador, a escolha do melhor investimento no mercado de ações passa
pela análise da política de dividendos da empresa.
Além de ser um importante indicador de como a empresa se relaciona com seus
acionistas, a distribuição de proventos em dinheiro, como dividendos ou juros
sobre o capital próprio, pode impulsionar de forma significativa a rentabilidade
do investimento em ações.
Para analisar e comparar as políticas de distribuição de diversas empresas, dois
indicadores são bastante utilizados: o dividend payout, ou proporção de
pagamento de dividendos, e o dividend yield, ou retorno de dividendos.
Neste contexto, vale a pena explicar as diferenças entre eles.
Dividend payout
O dividend payout é um importante indicador da política de dividendos de
uma empresa. Ele é calculado como a proporção dos lucros da empresa que são
distribuídos na forma de proventos em dinheiro e, em geral, é determinado pela
própria empresa, em seus estatutos.
Assim, uma empresa que aplica uma política de payout de 50%, irá
distribuir aos seus acionistas metade dos lucros obtidos em um determinado
período. Por exemplo, a Cemig, estatal mineira no segmento de energia elétrica
adotou em 2004 uma política de payout de 50%. Isso significa que metade
do lucro líquido da empresa será distribuída aos acionistas, com o restante
sendo retido para diversos fins, principalmente o financiamento de novos
investimentos.
Em geral, o dividend payout varia de acordo com o estágio de evolução e
as oportunidades de investimento de cada companhia. Em geral, as empresas mais
maduras e com menos necessidade de investimentos costumam distribuir uma parcela
maior de seus lucros na forma de proventos. No mercado brasileiro, podemos citar
como exemplos desse tipo de empresa a Telesp e a Souza Cruz. Já empresas em
expansão tendem a pagar uma parcela menor, pois utilizam os recursos para
suportar seus planos de investimento e expansão.
Dividend yield
Já o dividend yield não trabalha somente com os dados referentes a quanto
foi distribuído em proventos, mas avalia o quanto isso representa em relação ao
preço da ação. De certa forma, o conceito é similar ao utilizado no mercado de
renda fixa, onde o montante pago em juros representa uma proporção do montante
investido, ou seja, a taxa de juro.
No caso do dividend yield, ou retorno de dividendos, o indicador é
calculado em duas etapas. Inicialmente, são acumulados todos os proventos pagos
em um determinado período, sendo mais comum os últimos doze meses. Assim, se nos
últimos doze meses a empresa pagou dividendos de R$ 1,00 por ação e juros sobre
o capital próprio de R$ 1,50, o acumulado é de R$ 2,50 por ação.
A segunda etapa consiste em comparar o que este valor representa em relação ao
valor da ação. Se o papel está sendo negociado a R$ 25,00, o retorno de
dividendos é de 10%, ou seja, os R$ 2,50 pagos em proventos nos últimos doze
meses divididos pelo valor da ação (R$ 25,00). Deste modo, pode ser avaliado o
quanto, em termos relativos, a ação rendeu em proventos para seus acionistas.
Vale a pena analisar os dois indicadores
Assim, para escolher o melhor papel em termos de distribuição de proventos, vale
a pena acompanhar os dois indicadores. Para ser beneficiado pelo payout,
o investidor tem que analisar ações com uma previsão de lucro por ação elevado e
também com uma proporção de distribuição atraente.
Já o dividend yield pode ser distorcido por diversos fatores,
principalmente fortes valorizações ou quedas da ação. Imagine no exemplo
anterior que os papéis da empresa que pagou R$ 2,50 em proventos não valham mais
R$ 25,00, mas R$ 12,50. Isso indicaria um retorno de dividendos de 20%, porém
causado não por uma maior distribuição de proventos, mas sim por uma queda na
cotação da ação, o que certamente distorce a comparação!