Como agir - Pagou o cheque para "limpar" o nome? Segure a folha por mais um tempo
Você acaba de recuperar aquele cheque que estava há algum tempo na mão do seu
credor, por tê-lo passado sem ter fundo. O próximo passo é, então, correr até o
seu banco e pedir que seu gerente o encaminhe ao Banco Central, como forma de
garantir a retirada de seu nome do cadastro de inadimplentes e você poder voltar
a fazer compras, certo? Errado.
Pelo menos é isso o que aconselha a jornalista Mara Luquet*, que há dez anos
escreve sobre finanças. A explicação para isso é simples: alguns consumidores
têm uma certa ausência de freio na hora de comprar. Então, sem acesso a
facilitadores de pagamento, como cartões de crédito, crediários e as próprias
folhas, dificilmente a pessoa voltará, tão cedo, ao descontrole financeiro.
Proteção ao comprador
"Trata-se de uma proteção maior para você do que para o lojista nesse caso",
explicou Mara. Por isso, quando for resgatar um cheque, a pessoa deve fazê-lo
diretamente com o comércio no qual está inadimplente para ter a folha em mãos.
Assim, ela pode segurar a liberação de seu crédito, enquanto estiver resolvendo
suas pendências financeiras.
A jornalista considera serviços de proteção ao crédito, como SPC e Serasa,
grandes aliados no caminho para a solvência financeira. O problema é que, quando
começa a renegociar seus débitos pendentes, o consumidor desenfreado volta a
ficar tranqüilo com toda aquela gama de crédito ao seu dispor.
O autocontrole, portanto, torna-se tarefa difícil e o acúmulo de contas - que
dificilmente serão pagas em dia - volta a crescer.
Drogas x juros
"Dívidas são para pessoas que têm disciplina para pagá-las. Definitivamente esse
não é nosso caso", afirmou, mostrando-se uma devedora regenerada.
"O endividamento o leva a entrar numa espiral de problemas da qual você
dificilmente escapará, num mecanismo muito semelhante ao de qualquer outro
vício. Os juros têm efeito semelhante ao das drogas", comparou.
* Com informações do livro "Tristezas não pagam dívidas", publicado pela
editora Saraiva em 2007
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