Carreira / Emprego - Inovação, iniciativa... Por que as competências avaliadas pelos líderes não mudam?
Ser comunicativo, ter espírito de liderança, iniciativa, inovação e ainda
saber trabalhar em equipe com facilidade. Há muito tempo que essas são as
principais competências que os líderes avaliam em seus colaboradores,
independentemente da área e posição hierárquica ocupada. A impressão que se tem
é a de que, mesmo com toda a tecnologia e todas as mudanças impetradas pelo
setor de Recursos Humanos, na hora da avaliação, prevalecem as características
de sempre. Afinal, o que mudou nesse processo?
“Algumas competências se renovam e outras permanecem”, observa o sócio da
Search Consultoria em Recursos Humanos, Wagner Piolla. Ele explica que aquelas
características básicas que os líderes levam em conta na hora de avaliar os seus
colaboradores não mudam exatamente porque constituem a base de um bom
profissional. “Essas características alicerçam o profissional e a organização”,
avalia.
E mesmo outras competências que foram agregadas àquelas básicas, como
resiliência, orientação para o cliente e autodesenvolvimento, não destoam das
características que norteiam os bons profissionais, pois elas surgiram a partir
das competências-base. Para a consultora de Outplacement da Ricardo Xavier
Recursos Humanos, Maria Helena Mazzari, com o passar do tempo, as técnicas para
avaliar os profissionais se aperfeiçoaram, o que permitiu uma melhor compreensão
do profissional. “Antes, tínhamos uma visão mais generalista”.
De acordo com ela, houve um aprofundamento na avaliação. Hoje, é possível
discriminar cada competência de acordo com a política, cultura e objetivo da
empresa. Para Piolla, o que mudou é a intensidade e o grau de cada competência,
tendo em vista as necessidades da organização. “Para cada vaga, há uma demanda,
um tipo de competência”. Para a consultora do IDORT Beatriz Mendonça, as
avaliações dos colaboradores de uma organização estão ancoradas com a prática e
com os valores dessa organização com foco no resultado.
Em time que está ganhando...
O resultado é o principal motivo para que as competências gerais exigidas
não terem mudado muito ao longo do tempo. “Porque são competências que trazem
resultado”, sustenta Piolla. E já que, em time que está ganhando, não se mexe,
os especialistas consultados listaram as dez principais competências exigidas
pelos líderes de seus colaboradores. Muitas se repetem, mas cada especialista
coloca uma visão que considera a mais relevante dentro de cada competência.
Confira:
Beatriz Mendonça, consultora do IDORT:
- 1 - Foco nos resultados: “O que uma empresa quer é resultados”, afirma.
- 2 - Interrelação: Facilidade que o colaborador tem em trabalhar em
equipe.
- 3 - Iniciativa: Se o profissional busca saídas para situações antigas.
- 4 - Atendimento ao cliente: O que o profissional faz para mudar o
atendimento ao cliente.
- 5 - Visão sistêmica: “Algumas empresas não pensam apenas nas metas, mas
no processo”, diz Beatriz. Aqueles que têm visão sistêmica entendem a
importância de cada área da empresa, a interdependência entre as partes.
- 6 - Capacidade de mudanças: Também chamada de flexibilidade e difundida
como resiliência. É a capacidade que os profissionais têm de lidar com
situações difíceis sem prejudicar os resultados.
- 7 - Diversidade: “São pessoas que estão preparadas para o futuro”,
afirma. É a capacidade de o profissional lidar com a diversidade de
situações e pessoas que uma organização possui.
- 8 - Inovação: A capacidade de ter ideias criativas e inovadoras.
- 9 - Confiança: É o conhecimento sobre o que o profissional está fazendo.
Esse profissional confia nele, no produto e na empresa e, por isso, tem
facilidade em decidir. “É bem diferente de arrogância”, alerta Beatriz.
- 10 – Visão para projetos: É a facilidade em desenvolver e conduzir novos
projetos de olho nos objetivos da empresa.
Wagner Piolla, sócio da Search Consultoria em Recursos Humanos
- 1 – Comunicação: “O quanto você é claro na forma de lidar com a
equipe?”, pergunta Piolla. Essa competência ajuda o profissional a se
posicionar e criar alianças.
- 2 – Liderança: Velha conhecida dos profissionais, ter espírito de
liderança ajuda o líder a perceber quem pode ascender hierarquicamente. “É o
líder no sentido de envolver as pessoas. Esse profissional é um porta-voz
para que a equipe caminhe para o resultado”, explica Piolla.
- 3 – Trabalho em equipe: “É uma competência que você vai adquirindo ao
longo da carreira”. Também bem conhecida, essa competência mostra a
facilidade que o profissional tem de trabalhar com seu grupo. Está
intimamente ligada a outra competência, a da facilidade de informação.
- 4 – Foco nos resultados: O profissional com essa competência está em
linha com a política da empresa e supera o que a organização espera dele em
termos de resultados.
- 5 – Orientação para o cliente: Assim como Beatriz, Piolla acredita que
as empresas hoje estão cada vez mais se colocando no lugar do cliente com o
objetivo de melhor atendê-lo.
- 6 – Visão estratégica: “É o profissional que consegue fazer uma leitura
do mercado”, explica Piolla.
- 7 – Criatividade: seria para Piolla o que Beatriz definiu como inovação.
É a capacidade de o profissional pensar diferente.
- 8 - Relacionamento interpessoal: A facilidade de saber e manter
relacionamentos entre as pessoas não só da equipe, mas do mercado.
- 9 – Gerenciamento de pessoas: Semelhante à facilidade de se relacionar
com as pessoas, de trabalhar em equipe, o profissional que tem essa
competência consegue lidar com situações advindas desses relacionamentos.
- 10 – Resiliência: É a capacidade de os profissionais se moldarem às
situações. “O profissional encara turbulências todos os dias”, considera
Piolla. Com isso, o profissional, na visão dos líderes, deve passar por
essas situações difíceis sem alterar seu desempenho.
Maria Helena Mazzari, consultora de Outplacement da Ricardo Xavier
Recursos Humanos:
- 1 – Comunicação: “A capacidade de promover a interação de informação”,
afirma Maria Helena.
- 2 – Comprometimento: O líder quer resultados e, além disso, o
profissional deve cumprir prazos.
- 3 – Iniciativa: É a capacidade que o profissional tem para propor
soluções, ideias e desenvolver novos projetos.
- 4 – Organização: Facilidade de o profissional de organizar suas ideias e
projetos de maneira que o ajude a atingir metas
- 5 – Trabalho em equipe: “O profissional deve ter bons relacionamentos em
níveis hierárquicos”, afirma Maria Helena.
- 6 – Empatia: É a capacidade que o profissional tem de se colocar no
lugar do outro, tanto cliente como outro membro da equipe.
- 7 – Inovação: “Competência de implementar novas ideias, que adicionem
valores ao processo”, explica Maria Helena.
- 8 – Flexibilidade: Para a consultora, os profissionais que têm
facilidade de adaptar-se a novos locais, pessoas e novas situações ganham
pontos com os líderes.
- 9 – Resiliência: A facilidade de trabalhar sobre pressão.
- 10 – Autodesenvolvimento: Maria Helena vê essa competência como uma das
mais importantes dentre as demais. “É o profissional disposto a aprender e
compartilhar conhecimentos”, afirma.
Comportamento x técnica
Os especialistas ouvidos são seguros ao dizer que o lado comportamental
ganha cada vez mais importância na avaliação que os líderes fazem de seus
colaboradores. “O que lhe abre as portas é a parte técnica, mas o que vai manter
você na empresa é o lado comportamental”, afirma Maria Helena.
Referência:
InfoMoney
|
Autor:
Camila F. de Mendonça
|
|