Finanças pessoais - Cuidado com os fatores destruidores de riqueza!
Depois de muitos anos, você finalmente conseguiu acumular um
patrimônio do qual se orgulha. Está longe de ser considerado uma pessoa rica,
mas o que acumulou é suficiente para lhe garantir tranqüilidade financeira.
Mas, como bem sabe, tudo isso pode mudar de uma hora para outra, bastando que
tome uma decisão errada com relação à forma com que este dinheiro é
administrado. Aqui vale lembrar, contudo, que existem algumas situações
especiais que podem acabar comprometendo de maneira significativa o patrimônio
de uma pessoa.
O que pode colocar em risco este patrimônio?
São denominados fatores destruidores de riqueza aqueles que podem acabar
comprometendo não apenas a taxa de crescimento do seu patrimônio. Muitas vezes,
a ocorrência de alguns desses fatores pode acabar fazendo com que seu patrimônio
perca valor. Abaixo, os mais relevantes:
- Partilha de bens: divórcio e sucessão
Obviamente não há nada que seja mais destruidor do que a partilha do seu
patrimônio. E, por mais que você queira evitar que isso ocorra, nem sempre
isso é possível. Para quem é casado, por exemplo, não se pode descartar o
risco de uma separação. Neste tipo de situação, o melhor é que as partes
tentem evitar a disputa judicial, e entrem em acordo sobre os bens e a forma
de partilha.
Além de evitar o desgaste da disputa judicial, que por si só pode
comprometer ainda mais o patrimônio, já que é preciso arcar com os
honorários dos advogados, o simples fato de se preocupar com a disputa acaba
fazendo com que dedique menos tempo à administração do seu patrimônio, o que
pode comprometer seu crescimento, ou até mesmo implicar em perdas.
Mais ainda, em caso de posse conjunta de empresa, o dinheiro que antes seria
investido na sua ampliação, e que, por sua vez, poderia ajudar no
crescimento do seu patrimônio, pode ter que ser usado para a compra das
ações do seu cônjuge, levando assim a uma redução imediata do patrimônio. Se
as partes não conseguem trabalhar juntas, ao menos é possível manter a
composição acionária, de forma a evitar desembolsos desnecessários.
Situação semelhante, mas que pode ser minimizada, ocorre na partilha de bens
devido à sucessão. Não são raros os casos de pessoas que demoram anos para
acumular um patrimônio razoável, mas que não se preocupam em deixar definida
a forma como estes bens serão partilhados em um testamento. Em decorrência,
o patrimônio acaba sendo dilapidado, devido à falta de entendimento entre os
herdeiros, que acabam dedicando mais tempo na determinação de como os bens
serão divididos do que na administração propriamente dita destes bens.
Esta é uma situação bastante comum no caso de empresas familiares, em que a
disputa pelo controle da empresa pode, por exemplo, acabar comprometendo a
sua gestão. O mesmo vale para bens imóveis que, devido a este tipo de
disputa, podem demorar a ser vendidos. Não bastasse o tempo perdido, que
pode levar o bem a perder valor de mercado, como no caso da empresa, em
geral os custos deste tipo de disputa acabam reduzindo o ritmo de
crescimento do patrimônio.
- Decisões de investimento equivocadass
Se o seu patrimônio é composto da diferença entre os ativos que possui e as
dívidas que não quitou, basta cometer um erro na gestão dos seus ativos, que
seu patrimônio fatalmente será comprometido.
A diversificação é a forma mais indicada de minimizar este tipo de risco.
Afinal, mesmo que cometa um erro ao comprar algumas ações, o fato de ter uma
parte do seu patrimônio em outras aplicações impede que estas perdas sejam
significativas, a ponto de colocar em risco o seu patrimônio. Mas isso não
significa simplesmente investir em aplicações distintas, e sim em mercados
distintos.
Vamos imaginar uma situação em que parte do seu dinheiro esteja em um fundo
DI, parte em um CDB Pós, e parte em uma letra hipotecária. Neste caso,
apesar de se tratar de aplicações distintas, você está exposto ao mesmo
risco: de que os juros caiam. Assim, quando falamos em diversificação, temos
em mente a aplicação do seu dinheiro em mercados com correlação negativa. Em
outras palavras, em mercados que reagem de forma oposta a um mesmo evento..
Este tipo de alocação só é possível quando se estabelece uma estratégia de
investimento. Portanto, outra forma de minimizar o impacto de uma decisão
equivocada no seu patrimônio é evitar decisões por impulso, e não tome
decisões de investimento com base exclusivamente em dicas.
- Dificuldades no negócio próprio
Além da diversificação, outro aspecto importante na gestão do seu patrimônio
é a liquidez, pois permite, caso necessário, que você ajuste rapidamente a
forma como aplica seu patrimônio. Um erro comum, sobretudo, entre
empresários, é investir uma parcela excessiva do seu patrimônio na própria
empresa.
Caso o negócio enfrente dificuldades, você corre o risco de ver desaparecer
uma parcela significativa do seu patrimônio. Analise com cuidado o custo
oportunidade de investir na sua empresa. Avalie qual a taxa de retorno do
empreendimento, e o quanto pretende investir na empresa, de forma a manter a
liquidez do seu patrimônio.
Às vezes, apesar dos juros, pode valer mais a pena levantar um
financiamento, do que concentrar uma parcela elevada do seu patrimônio no
capital da empresa. Afinal, do ponto de vista de gestão de patrimônio, a sua
empresa é apenas uma das aplicações possíveis!
- A erosão da inflaçãoo
Ainda que a inflação tenha caído para patamares mais administráveis, ela não
pode ser ignorada, sobretudo, quando analisamos a evolução do seu patrimônio
no longo prazo. Para quem viveu a época da hiperinflação e se acostumou com
taxas mensais acima dos 10%, uma inflação de 0,6% ao mês pode não parecer
muito.
Mas, basta que você não faça nada, que, depois de alguns anos, uma parcela
significativa do seu patrimônio pode ter perdido o valor devido à corrosão
causada pela inflação. Neste sentido, é importante refletir sobre formas de
investimento do seu patrimônio que permitam que ele cresça a uma taxa
superior a inflação. Caso contrário, mesmo crescendo em termos absolutos (ou
nominais) o seu patrimônio acaba perdendo o valor com o tempo.
Basta ver, por exemplo, que hoje você precisaria de R$ 100 mil para comprar
um determinado bem. Assumindo que o valor deste bem seja corrigido com a
inflação, e que essa seja de 0,60% ao mês. Passados 60 meses, ou cinco anos,
você precisaria ao menos de R$ 43 mil a mais para comprá-lo.
- Crises financeiras
Engana-se quem pensa que administrar um patrimônio é mais fácil do que
acumulá-lo. As crises financeiras podem gerar boas oportunidades de
investimento, mas em outros casos podem acabar implicando em perdas
significativas.
Nestas situações é importante manter em mente a sua estratégia de
investimento, e não se deixar empolgar. Tente entender o porquê de alguns
ativos terem perdido valor frente à crise. Muitas vezes se tratam de ajustes
temporários, e é possível fazer seu patrimônio crescer ao direcionar uma
parcela do dinheiro para estas aplicações. Porém, em outros casos, os
ajustes são permanentes, e aquilo que parecia um ganho rápido pode se
transformar em perda não recuperável.
Nunca mude a forma de aplicar o seu patrimônio antes de refletir com muito
cuidado sobre a sua decisão. Afinal, foram anos para chegar onde está, e você
não quer perder tudo em poucas horas! Faça revisões periódicas da sua situação
patrimonial e de tempos em tempos avalie se não é o momento de rever a sua
estratégia de investimento.
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