A falta de segurança psicológica no ambiente de trabalho faz com que muitas
pessoas percam o rumo, fiquem sem uma bússola que aponte a direção para onde
caminhar. Talvez o segredo para mudar com sucesso esteja na estabilidade. Só
ocorre estabilidade quando se explica para as pessoas o porquê das mudanças,
quando elas se sentem envolvidas no senso de urgência das coisas. É preciso
deixar que se comprometam, delegar tarefas, compartilhar decisões e analisar,
junto, os resultados. Mas quem consegue isso, nas corporações modernas?
Apenas os grandes líderes, sem sombra de dúvida. Afinal, não decido para onde
ir, mas como vou chegar lá e se quero chegar lá. E essa decisão depende muito do
compartilhamento da visão, a qual deve ser clara para todos da equipe. Todas as
conseqüências e/ou erros que podem acontecer em processos de mudanças estarão
diretamente relacionados a apenas um erro, que vou chamar aqui de “surdez
corporativa”.
Mas não basta ter a visão da mudança. É preciso despertar essa visão nas pessoas
e mostrar para elas que, onde quer que estejam, haverá um rumo claro, uma luz no
final do túnel e quais os impactos positivos que essas mudanças gerarão em suas
vidas, mesmo que isso aconteça a médio e longo prazos. É preciso inspirar a
mudança, e isso só é possível conhecendo profundamente as necessidades
inspiradoras de cada indivíduo, um a um, e costurando-as de forma que se alinhem
para o bem comum. Só quem ama o que faz consegue chegar a esse nível. O amor
fraterno é a única força capaz de gerar a verdadeira coesão entre as pessoas.
Simplicidade e assertividade – A simplicidade na comunicação e a
assertividade no envolvimento são as peças-chave para o sucesso de qualquer
mudança em uma organização. Ações e palavras comunicam, mas são as atitudes que
servem de exemplo e espelho para tirar as pessoas de suas zonas de conforto e
voltarem a acreditar em algo, aumentando sua auto-estima e desejando que dê
realmente certo.
E é isto o que realmente importa: dar certo. Para Robert Sutton, professor de
Administração em Stanford, a chave do sucesso a longo prazo não é a habilidade
de inventar novos produtos ou serviços, mas a capacidade de adaptar-se,
inventando novas formas de pensar e agir. O tempo que as mudanças levam para
acontecer está no amadurecimento da idéia dentro da cabeça e do coração de cada
indivíduo.
Compromisso – O compromisso com a transformação é o que gera a
transmutação das pessoas e mudanças nas corporações. Quem pode controlar todo
esse fluxo emocional é apenas um líder bem preparado, auditivamente.
O foco deveria ser diário, as ações também e, como reflexo, as mudanças. E é a
somatória de todos esses dias que fará a grande diferença em um processo de
longo prazo, o que permite, inclusive, corrigir a rota a tempo, caso seja
necessário. Não acredito que processos de mudança corporativa estejam calcados
apenas na reengenharia. Pelo contrário. É algo muito maior, que vem de dentro
para fora. Os líderes precisam ser fortes o bastante para não fraquejar frente a
suas equipes, mesmo nos momentos mais difíceis das mudanças. São eles que vão
segurar a base da pirâmide, acreditando e agindo com proatividade, arruinar e
implodir qualquer projeto, caso demonstrem fraqueza ou digam abertamente que não
acreditam na mudança proposta.
Sensibilidade – Quando o cumprimento envolve dificuldades, é preciso
lembrar da importância de experimentar e de quanto tempo o medo toma em nossas
vidas. É preciso elaborar, controlar e executar. E, acima de tudo, criar o
hábito da mudança. É preciso aprender a ouvir os colaboradores e suas
necessidades. Mas o primordial é aprender a ouvir a voz do coração de cada um
deles e a ler o que diz o brilho de cada olhar.
Questões culturais exigem sensibilidade também por parte dos dirigentes.
Entender de pessoas, de origens e de personalidades pode ser um grande
diferencial competitivo das próximas décadas. São os líderes que vão manter a
chama acesa, mas são os gerentes que vão cuidar do funcionamento e da
funcionalidade e do andamento diário dos processos.
Para isso, é preciso ter apenas uma habilidade: saber ouvir a voz do coração das
pessoas e o que elas esperam. A resposta está aí, e a assertividade também.
Alinhando a voz dos coração das pessoas aos discursos sinceros dos líderes das
corporações, dificilmente haverá ruído na comunicação, dificilmente haverá
falhas nos processos, dificilmente alguém morrerá de infarto antes da hora. Por
um único motivo: o coração será capaz de falar o que está sentindo.