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Negócios / Empreendedorismo - A surdez corporativa 

Data: 30/05/2007

 
 

A falta de segurança psicológica no ambiente de trabalho faz com que muitas pessoas percam o rumo, fiquem sem uma bússola que aponte a direção para onde caminhar. Talvez o segredo para mudar com sucesso esteja na estabilidade. Só ocorre estabilidade quando se explica para as pessoas o porquê das mudanças, quando elas se sentem envolvidas no senso de urgência das coisas. É preciso deixar que se comprometam, delegar tarefas, compartilhar decisões e analisar, junto, os resultados. Mas quem consegue isso, nas corporações modernas?

Apenas os grandes líderes, sem sombra de dúvida. Afinal, não decido para onde ir, mas como vou chegar lá e se quero chegar lá. E essa decisão depende muito do compartilhamento da visão, a qual deve ser clara para todos da equipe. Todas as conseqüências e/ou erros que podem acontecer em processos de mudanças estarão diretamente relacionados a apenas um erro, que vou chamar aqui de “surdez corporativa”.

Mas não basta ter a visão da mudança. É preciso despertar essa visão nas pessoas e mostrar para elas que, onde quer que estejam, haverá um rumo claro, uma luz no final do túnel e quais os impactos positivos que essas mudanças gerarão em suas vidas, mesmo que isso aconteça a médio e longo prazos. É preciso inspirar a mudança, e isso só é possível conhecendo profundamente as necessidades inspiradoras de cada indivíduo, um a um, e costurando-as de forma que se alinhem para o bem comum. Só quem ama o que faz consegue chegar a esse nível. O amor fraterno é a única força capaz de gerar a verdadeira coesão entre as pessoas.

Simplicidade e assertividade – A simplicidade na comunicação e a assertividade no envolvimento são as peças-chave para o sucesso de qualquer mudança em uma organização. Ações e palavras comunicam, mas são as atitudes que servem de exemplo e espelho para tirar as pessoas de suas zonas de conforto e voltarem a acreditar em algo, aumentando sua auto-estima e desejando que dê realmente certo.

E é isto o que realmente importa: dar certo. Para Robert Sutton, professor de Administração em Stanford, a chave do sucesso a longo prazo não é a habilidade de inventar novos produtos ou serviços, mas a capacidade de adaptar-se, inventando novas formas de pensar e agir. O tempo que as mudanças levam para acontecer está no amadurecimento da idéia dentro da cabeça e do coração de cada indivíduo.

Compromisso – O compromisso com a transformação é o que gera a transmutação das pessoas e mudanças nas corporações. Quem pode controlar todo esse fluxo emocional é apenas um líder bem preparado, auditivamente.

O foco deveria ser diário, as ações também e, como reflexo, as mudanças. E é a somatória de todos esses dias que fará a grande diferença em um processo de longo prazo, o que permite, inclusive, corrigir a rota a tempo, caso seja necessário. Não acredito que processos de mudança corporativa estejam calcados apenas na reengenharia. Pelo contrário. É algo muito maior, que vem de dentro para fora. Os líderes precisam ser fortes o bastante para não fraquejar frente a suas equipes, mesmo nos momentos mais difíceis das mudanças. São eles que vão segurar a base da pirâmide, acreditando e agindo com proatividade, arruinar e implodir qualquer projeto, caso demonstrem fraqueza ou digam abertamente que não acreditam na mudança proposta.

Sensibilidade – Quando o cumprimento envolve dificuldades, é preciso lembrar da importância de experimentar e de quanto tempo o medo toma em nossas vidas. É preciso elaborar, controlar e executar. E, acima de tudo, criar o hábito da mudança. É preciso aprender a ouvir os colaboradores e suas necessidades. Mas o primordial é aprender a ouvir a voz do coração de cada um deles e a ler o que diz o brilho de cada olhar.

Questões culturais exigem sensibilidade também por parte dos dirigentes. Entender de pessoas, de origens e de personalidades pode ser um grande diferencial competitivo das próximas décadas. São os líderes que vão manter a chama acesa, mas são os gerentes que vão cuidar do funcionamento e da funcionalidade e do andamento diário dos processos.

Para isso, é preciso ter apenas uma habilidade: saber ouvir a voz do coração das pessoas e o que elas esperam. A resposta está aí, e a assertividade também. Alinhando a voz dos coração das pessoas aos discursos sinceros dos líderes das corporações, dificilmente haverá ruído na comunicação, dificilmente haverá falhas nos processos, dificilmente alguém morrerá de infarto antes da hora. Por um único motivo: o coração será capaz de falar o que está sentindo.



 
Referência: RelacionamentoDigita.com
Autor: Alessandra Assad
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