Você sabe onde vai o seu dinheiro todos os meses? Caso não tenha resposta
para essa pergunta, é bastante provável que ele esteja indo para onde não deve:
em gastos de consumo desnecessários. Como a maioria dos brasileiros você ainda
não adotou nenhum tipo de controle de gastos, e vive de salário em salário?
Ainda que a elaboração de um orçamento não seja garantia de que você irá retomar
o controle das suas finanças, uma coisa é certa: sem um orçamento esta é, sem
dúvida, uma tarefa impossível.
Associe a palavra a realização de sonhos
Boa parte da resistência das pessoas em elaborar um orçamento se deve à
conotação negativa que a palavra ainda tem. Assim como a palavra dieta, os
orçamentos são vistos como algo que impõe restrições nos seus hábitos,
impedindo-as de fazer o que querem.
Mas, não é bem assim. A elaboração de um orçamento facilita o seu planejamento,
o que, por sua vez, permite que você alcance os seus objetivos financeiros de
forma mais eficiente. Que tal então pensar em orçamento como se fosse uma
ferramenta? Pois é isso mesmo que ele é.
Da mesma forma que o computador ajuda você a executar suas tarefas do dia-a-dia
e a dieta ajuda você a perder peso e gozar de uma saúde melhor, o orçamento
ajuda você a adotar uma vida financeiramente mais responsável. E, para os mais
céticos: os psicólogos são categóricos, poupar diminui o estresse e faz bem à
saúde.
Dissocie a palavra orçamento da sensação de restrição, e pense no que pode
alcançar com ele. Afinal, o que é um orçamento senão um plano de como pretende
usar o seu dinheiro? E como não há nada mais prazeroso do que sonhar: associe a
idéia de orçamento à realização destes sonhos e você terá dado um passo
importante no sentido de começar a ter controle da sua vida financeira.
Comece pela renda
A maioria das pessoas começa o seu orçamento do lado errado: pelas despesas,
quando na verdade o ponto de partida deveria as receitas. Afinal, elas definem o
seu poder de consumo, e os seus gastos devem se adaptar a essa realidade. Inclua
aqui o seu salário, rendimento com aplicações financeiras, ou aluguel.
Não inclua, na estimativa da sua renda mensal, bonificações: elas podem não vir.
Outro cuidado: deixe de fora as férias e o 13º salário. Ainda que você tenha
direito a esses benefícios, caso seja demitido, eles podem acabar sendo
proporcionalmente menores. Espere até receber esses valores, para aí então
incluí-los no seu orçamento e decidir como melhor utilizá-los. Ao fazer isso,
você evita comprometer integralmente essa quantia com consumo, e consegue maior
flexibilidade para poupar.
Nunca é demais lembrar que os limites do seu cheque especial e do cartão de
crédito não entram na definição da sua receita mensal. Se você é daquelas
pessoas cuja renda parece uma gangorra, estime um rendimento médio mensal para
vários períodos de tempo. Seja conservador. Lembre-se: um mês ruim pode ser bem
pior que a média.
Para onde vai o seu dinheiro?
Agora que você tem uma idéia melhor da sua renda, é hora de olhar de perto os
seus gastos. Seu próximo passo é refletir sobre os gastos semi-variáveis
(alimentação, conta de luz, água, telefone etc.) e os variáveis (roupas,
calçados, presentes, viagens, cinema, tarifa bancária etc.). Não é a toa que
esses gastos são chamados de variáveis: eles podem ser reduzidos se for preciso.
Feito isso, é hora de tentar entender os gastos invisíveis. Trata-se de pequenos
gastos que você incorre com freqüência sem se dar conta (ex. revistas, beleza,
cafezinho etc.). A idéia aqui não é transformá-lo em pão duro, mas ter uma idéia
clara do seu padrão de gastos.
Aproveite o próximo mês para juntar todos os recibos que receber e, caso
identifique algum outro item que merece atenção, inclua-o no seu orçamento.
Colocando tudo junto
Compare o quanto recebe com aquilo que gasta. Qual é a sua situação? Caso esteja
gastando menos ou em linha com o que ganha, vale a pena refletir sobre a
qualidade destes gastos. Se estiver com o orçamento equilibrado, mas não estiver
poupando, procure cortar gastos, de forma a investir ao menos 10% daquilo que
recebe. Tenha como meta montar uma reserva de emergência equivalente a ao menos
seis meses de suas despesas correntes.
Se você está gastando mais do que recebe, não há alternativa, a não ser cortar
gastos. Converse com sua a família, todos devem estar envolvidos nesse esforço.
Mesmo que seja o responsável financeiro pela família, não é o único que incorre
em gastos, de forma que todos devem participar.
Reveja seus hábitos: lembre-se que dinheiro emprestado custa caro. Aprenda
novamente a viver de acordo com a sua renda, aceitar essa realidade não
significa abrir mão daquilo que você sonha, mas sim alcançar os seus sonhos de
forma mais eficiente. Ainda que existam vários softwares especializados, não é
preciso gastar com eles, para começar o seu planejamento: uma folha de papel e
lápis é tudo o que precisa começar.