Introdução
Elas são 99,2% das empresas brasileiras. Empregam cerca de 60% das pessoas
economicamente ativas do País, mas respondem por apenas 20% do Produto
Interno Bruto brasileiro. Em 2005, eram cerca de 5 milhões de empresas com
esse perfil no Brasil. Lá estão o padeiro, o cabeleireiro, o consultor de
informática, o advogado, o contador, a costureira, o consultor econômico ou
o dono da pousada.
Essenciais para a economia brasileira, as micro e pequenas empresas (MPEs)
têm sido cada vez mais alvo de políticas específicas para facilitar sua
sobrevivência como a Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas, que prevê a
criação de facilidades tributárias como o Super Simples. As medidas vêm de
encontro à constatação que boa parte das MPEs morre antes dos dois anos de
existência. Essa política também espera tirar uma série de empreendedores da
informalidade no Brasil.
Conheça, então, como funciona a micro ou pequena empresa no Brasil.
Quem são as micro e pequenas empresas
Há algumas limitações básicas para que uma empresa seja considerada uma
micro ou pequena empresa (MPEs) no Brasil e, como conseqüência, aproveitar
algumas vantagens desse status como, por exemplo, a inclusão no Super
Simples. Atualmente, há pelo menos três definições utilizadas para limitar o
que seria uma pequena ou micro empresa.
A definição, mais comum e mais utilizada, é a que está na Lei Geral para
Micro e Pequenas Empresas. De acordo com essa lei, que foi promulgada em
dezembro de 2006, as micro empresas são as que possuem um faturamento anual
de, no máximo, R$ 240 mil por ano. As pequenas devem faturar entre R$
240.000,01 e R$ 2,4 milhões anualmente para serem enquadradas.
Outra definição vem do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas
Empresas (Sebrae). A entidade limita as micro às que empregam até nove pessoas
no caso do comércio e serviços, ou até 19, no caso dos setores industrial ou de
construção. Já as pequenas são definidas como as que empregam de 10 a 49
pessoas, no caso de comércio e serviços, e 20 a 99 pessoas, no caso de indústria
e empresas de construção.
Já órgãos federais como Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES) têm outro parâmetro para a concessão de créditos. Nessa instituição de
fomento, uma microempresa deve ter receita bruta anual de até R$ 1,2 milhão; as
pequenas empresas, superior a R$ 1,2 milhão e inferior a R$ 10,5 milhões.
Os parâmetros do BNDES foram estabelecidos em cima dos parâmetros de criação
do Mercosul. Com a nova lei, os limites, a princípio, não devem mudar, mas
haverá adequações estatísticas, segundo o BNDES.
Além da definição legal das Micro e Pequenas Empresas (MPE), é importante ter em
mente qual o perfil desse micro ou pequeno empresário, que é cada vez mais
importante na estrutura capitalista atual. Genericamente, seu nome é o
empreendedor.
O empreendedorismo
O tema do empreendedorismo não é novo na teoria econômica. Analisando as
tradicionais formas de capitalismo do século 19 e início do século 20, o
economista tcheco Joseph Schumpeter foi o primeiro a levar a sério a força
de vontade individual como propulsora de uma economia sofisticada como a do
capitalismo moderno, onde fatores estruturais também influenciam.
Em 1949, Schumpeter definia o empreendedor como “aquele que destrói a ordem
econômica existente através da introdução de novos produtos e serviços, pela
criação de novas formas de organização, ou pela exploração de novos recursos ou
materiais”.
Esse capitalista “de vanguarda”, o empreendedor, está no projeto idealizado para
as micro e pequenas empresas não só no Brasil, mas no mundo todo. França,
Inglaterra, Estados Unidos e Israel são alguns dos países que têm criado
políticas públicas para incentivar esse tipo de trabalho.
Como o empreendedorismo é um dos temas importantes da atualidade, há milhares de
definições para o empreendedor. Um resumo dos vários conceitos caracteriza o
empreendedor como uma pessoa:
- que antecipa tendências
- trabalha com vigor e paixão
- tem senso de liderança
- tem senso de negociação
- sabe dividir tarefas e idéias
Longe de ser um dom divino, boa parte dessas características podem ser
adquiridas com treinamento e desenvolvimento pessoal. Aliás, nenhum
microempresário nasce sabendo das coisas e sua experiência profissional anterior
é fundamental para torná-lo um bom empreendedor. No artigo sobre idéias de
negócios, há alguns pontos para que você possa avaliar qual o caminho para ser o
dono do seu próprio negócio e um bom empreendedor. Outra opção para quem quer
ter próprio negócio é optar por uma franquia. Mesmo que não seja necessariamente
uma idéia exclusiva do empresário, as características do bom empreendedor caem
como uma luva para quem quer assumir o desafio de ter uma franquia.
As MPEs no Brasil
No Brasil, surgem cerca de 460 mil novas empresas por ano. A grande maioria
é de micro e pequenas empresas. As áreas de serviços e comércio são as com
maior concentração deste tipo de empresa. Cerca de 80% das MPEs trabalham
nesses setores. Essa profusão de empresas se deve a vários fatores, segundo
o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).
Desde os anos 90, grandes empresas instaladas no Brasil, acompanhando uma
tendência mundial, incentivaram o processo de terceirização de áreas que não são
consideradas essenciais para o seu negócio. Assim, começaram a surgir empresas
de segurança patrimonial, de limpeza geral. Além disso, outras empresas menores,
tentando fugir dos encargos trabalhistas altíssimos do País (um funcionário
chega a custar 120% a mais que seu salário mensal), optaram por dispensar seus
funcionários e contratar micro e pequenas empresas. O Estatuto da Micro e
Pequena do Brasil, de 1998, já começou a facilitar essa política empresarial.
Além disso, o desemprego brasileiro, que historicamente gira em torno de 14% -
segundo a metodologia do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística),
contribuiu para que surgissem mais MPEs. Apesar do sonho do seu próprio negócio
ser um dos discursos mais comuns entre assalariados brasileiros, ser
empreendedor (seja micro ou pequeno) é uma atividade que ainda tem vários
percalços no caminho.
Morte precoce
Um dos principais problemas das pequenas e micro empresas brasileiras é a sua
vida curta. Levantamento do Sebrae, feito entre 2000 e 2002, mostra que metade
das micro e pequenas empresas fecha as portas com menos de dois anos de
existência. A mesma entidade levantou o que seriam as principais razões, segundo
os próprios empresários, para tal. A falta de capital de giro foi apontado como
o principal problema por 24,1% dos entrevistados, seguido dos impostos elevados
(16%), falta de clientes (8%) e concorrência (7%).
Foi olhando esses números que o governo federal criou primeiro o Simples e
depois o
Super Simples, que prevê a unificação e diminuição de impostos. Afinal, a
mesma pesquisa do Sebrae mostra que 25% das empresas que param suas atividades
não dão baixa nos seus atos constitutivos, ou seja, não fecha legalmente sua
empresa porque consideram os custos altos. Outras 19% das MPEs não fecham por
causa do tamanho da burocracia. A
Lei Geral para Micro e Pequenas Empresas promete desburocratizar parte do
processo. Assim, o Estado brasileiro, que tem incentivado este tipo de empresa,
começa a mudar algumas coisas para facilitar a vida dos empreendedores, seja
ajudando eles a participar de
licitações públicas, seja ampliando e facilitando suas linhas de créditos.