Infelizmente, nos dias atuais, a maioria das pessoas só se dá conta das
mudanças que ocorrem no conceito de carreira, quando são demitidos. E, nesse
momento, desnorteados, procuram diferentes interpretações para o fato e o mais
comum é transferir a responsabilidade da derrota à empresa, colocando-se, na
maioria das vezes, no papel de vítima. Dias após, ainda um tanto quanto perdido,
tenta buscar uma resposta para o fato. Conversa com amigos, queixa-se da
situação, lembra que sequer têm um currículo atualizado e o temor só aumenta.
A sensação de impotência frente à situação do desemprego piora. Quanto mais ouve
os noticiários mais se conscientiza de que o mundo nas relações de trabalho está
mudando e o tão sonhado e confortável emprego vem sofrendo fortes mutações, e
que as condições de estabilidade, até então oferecidas vêm perdendo rapidamente
as forças. Infelizmente, as rotinas do dia-a-dia o consumiram tanto que sequer
permitiu que ele pudesse se dar conta da situação.
Após mais um período de maturação, o profissional passa a questionar-se com mais
freqüência, sobre o que poderia fazer ou ter feito para prevenir o desemprego e
começa a perceber que cabe somente a ele a gestão de si próprio, porque
empregador nenhum tem a responsabilidade de cuidar do empregado, e, muito menos,
de sua carreira.
Acabam percebendo que nos dias atuais, as organizações não estão mais dispostas
a manter o custo de um corpo permanente de empregados para realizar grande parte
dos serviços de que necessitam e que muitas nem têm condições de pensar nisso.
Vários desses trabalhos já nem precisam ser realizados continuamente. Nesse
caso, muitas organizações não mais precisam de empregados fixos, mas de
prestadores eventuais de serviços.
É nesse contexto que se discutem as novas maneiras de gerir a própria carreira
como via de mão única, considerando o novo desenho que se apresenta no mundo do
trabalho, que foca o profissional como responsável pela transformação da própria
profissão e, como conseqüência, da própria carreira, como forma de preparar-se
para o desemprego. Se tivermos que atribuir alguma responsabilidade às
organizações, essas deveriam estimular seus profissionais a se conhecer melhor e
a preparar seu roteiro de carreira, de forma que possam construir uma visão mais
clara de onde pretendem chegar, quer corrigindo rumos, quer identificando
objetivos novos. Quem sabe um investimento como esse, faça desse profissional
uma pessoa mais pró-ativa, de modo que ele venha a contribuir com visão mais
empreendedora para a própria empresa onde trabalha.
A outra fonte de estímulo deveria acontecer pela inserção de disciplinas nos
cursos de graduação voltadas para o ensino de orientação de carreira ou da
própria gestão de si próprio. Assim sendo, o jovem teria a oportunidade de
refletir sobre as mudanças e de traçar seu caminho no novo conceito de trabalho
versus gestão da carreira. Mesmo sabendo que não é tarefa simples, pois não se
trata de habilidade que possa ser desenvolvida rapidamente, seria o primeiro
passo para a construção e para a quebra de paradigmas.
O principal desafio desse novo modelo que se apresenta é o de desenvolver a
busca do auto - conhecimento que se incorpora através do saber, e que exige
investimento e dedicação de si mesmo, num tempo que requer mudança de pensamento
e de visão, como forma de alcançar a satisfação dos objetivos da carreira e da
vida profissional.
A gestão de si próprio faz parte de uma escolha que cada qual pode fazer e para
começar a construção desse novo pensamento, comece pela reflexão ao se
perguntar: "quem eu sou", qual é o meu lugar, quais são minhas aptidões, qual é
meu temperamento e minha real capacidade de realizar aquilo que desejo alcançar.
A responsabilidade de autogestão não é tarefa simples, ao contrário, ela depende
única e exclusivamente de cada um de nós.