Entrevistas de emprego, falar em público, encontros afetivos, festas
surpresas etc., deixam muitas pessoas tímidas ou tensas, com o coração
acelerado, a face corada e aquele "friozinho" na barriga. Essa ansiedade costuma
passar rapidamente durante ou logo após o término do evento social.
Embora a timidez não seja incapacitante, costuma se intensificar à medida que
amadurecemos e deparamos com novos desafios. Com o decorrer do tempo, a timidez
pode transformar toda uma existência e é capaz de estender seus "tentáculos" por
todos os aspectos da vivência humana. Traz prejuízos nos planos acadêmicos,
profissionais (reuniões, exposições de trabalhos, palestras etc.) e vida
social/afetiva (dificuldades em relacionamentos e o estabelecimento de elos de
amizade).
Identificamos a timidez pelo desconforto e pelas inibições que as pessoas
apresentam em seus comportamentos quando estão diante de outras pessoas. Os
tímidos ficam inibidos ou retraídos quando deparam com o "novo", principalmente
em situações sociais e longe de pessoas de seu convívio. Eles costumam
apresentar uma preocupação excessiva sobre os seus desempenhos sociais e também
sobre o julgamento que as pessoas desconhecidas irão fazer de suas atitudes.
Os tímidos desejam se relacionar com os outros, mas não sabem como fazê-lo.
Além disso, eles sofrem de baixa auto-estima e apresentam grande medo da
rejeição, o que gera grande sofrimento. Porém eles não estão sozinhos. Estudos
recentes apontam que 40% dos jovens se consideram tímidos e as taxas sobem para
1% ao ano.
A causa da timidez é multifatorial, que incluem basicamente o nosso
temperamento (herança genética) e as nossas vivências acumuladas desde a mais
tenra idade. Por sermos desafiados pela vida a enfrentar novas circunstâncias, a
timidez se desenvolve à medida que envelhecemos.
Fobia Social: quando a timidez se torna uma doença
Timidez excessiva, persistente e com prejuízos de forma intensa nos setores
vitais do indivíduo (social, acadêmica, afetiva e/ou profissional) é denominada
Fobia Social ou Timidez Patológica. O fóbico social também possui um medo enorme
de se sentir o centro das atenções, de estar sendo permanentemente observado
negativamente, porém com muito mais intensidade que o tímido "normal". Na
maioria das vezes, o medo e a ansiedade começam muito tempo antes do evento
social ocorrer e são desencadeados pela mera expectativa de vivenciá-lo e com
preocupação excessiva com sua performance.
Situações corriqueiras como comer, escrever, falar em público, com estranhos
ou com superiores geram tamanha ansiedade e desconforto a ponto de serem
evitadas.
O contato ou, simplesmente, a expectativa de contato com essas situações
desencadeiam sintomas físicos como rubor facial ("vermelhidão no rosto"),
sudorese intensa, tremores, tensão muscular, fala tremida, taquicardia, boca
seca. Em casos mais graves o tímido patológico deixa de sair de casa e vive em
completo isolamento, por medo absoluto de enfrentar situações sociais e de
sofrer constrangimentos.
Geralmente a Fobia Social se inicia na adolescência e perdura por toda a vida
se não for tratada. Esconder os sintomas por vergonha só aumenta o problema,
pois atrasa o início do tratamento que será mais eficaz quanto mais cedo for
estabelecido e seguido pelo paciente.
Além do mais, outros transtornos podem acompanhar a Fobia Social tais como a
depressão e o abuso de álcool/drogas, agravando o quadro.
Como é o tratamento?
O transtorno é possível de ser superado, atingindo-se objetivos. Não há
qualquer dúvida sobre a eficácia da combinação de medicação adequada e
psicoterapia de linha cognitivo-comportamental (TCC).
As medicações ajudam a controlar a ansiedade exacerbada, especialmente
aquelas tão intensas que se manifestam como os ataques de pânico. Isso facilita
de forma decisiva para que as pessoas possam ser capazes de enfrentar as
situações temidas e evitadas.
A TCC visa mudar as crenças errôneas que o fóbico social tem de si mesmo,
ajudá-lo a enfrentar as situações que lhe causam ansiedade, bem como "treiná-lo"
em adquirir um melhor desempenho social.
Algumas dicas para superar a timidez excessiva
O início exige empenho, dedicação e determinação. Mesmo que a princípio
pareça desajeitado, tente fazer novos amigos, ouse "puxar" um papo com
estranhos, participar de festas e reuniões, convidar alguém para um almoço,
expor suas opiniões frente aos colegas de trabalho. Antes de apresentar uma
palestra ou participar de uma reunião, treine o tempo que for preciso, em frente
ao espelho, com familiares e amigos, até que se sinta preparado. Não tenha medo
de errar, é assim que se aprende e diminui a ansiedade. Tenha a certeza de que
superar aquilo que teme só tem um jeito: enfrentar o "inimigo", mesmo que
necessite de um "empurrãozinho".