Investimentos / Fundos - Como investir seu dinheiro depois de ter se aposentado?
Após anos de trabalho, você finalmente se aposentou. Com muito esforço
conseguiu juntar o patrimônio que planejou, mas teme que, se não investir
corretamente, este dinheiro não será suficiente para garantir o seu futuro.
Sua preocupação é mais do que justificada! Afinal, é bastante provável que a
renda obtida com a aplicação deste patrimônio responda por uma parcela
significativa do dinheiro com o qual garante o seu sustento após a
aposentadoria. Talvez você não saiba, mas a forma como aplica esta quantia irá
determinar 90% do retorno que poderá obter, enquanto o momento do investimento
responde por apenas 10% do retorno!
Risco deve ser menor
Independente do apetite que você tem para o risco, o ideal é que adote uma
estratégia um pouco mais conservadora de investimento. Lembre-se que você
depende da renda das aplicações para viver, e que já não conta com tanto tempo
para esperar a recuperação de possíveis perdas.
Porém, dependendo do quanto tiver acumulado, e das fontes alternativas de renda
com as quais puder contar ao se aposentar, você poderá sim direcionar uma
parcela maior do seu patrimônio para aplicações de maior risco. Ou seja, se a
renda com estes investimentos responde por menos de um terço dos rendimentos que
obtém como aposentado, é possível arriscar um pouco mais.
Ainda assim, não é recomendável que a parcela aplicada em ativos de maior risco,
como ações, supere entre 10% e 15% do seu patrimônio.
Ações com perfil de renda fixa
Mas, se você não consegue evitar os riscos, é importante que saiba escolher bem
suas aplicações. Caso decida direcionar uma parcela do seu patrimônio, ainda que
pequena, para investimentos em ações, prefira as empresas que têm uma política
de dividendos agressiva.
A razão para isso é simples. Na prática, estas empresas tendem a pagar uma
percentagem fixa dos seus lucros em dividendos aos acionistas e, portanto,
assemelham-se às aplicações em renda fixa. Como, em alguns casos, esta
percentagem pode chegar até a 25% do lucro anunciado, o retorno do investimento
acaba sendo definido mais pelos dividendos pagos do que pela valorização no
preço da ação.
Para identificar empresas de política agressiva de dividendos, basta checar
alguns indicadores como o dividend pay-out ou o dividend yield da ação. O
primeiro reflete a relação entre dividendos pagos e lucro anunciado da empresa,
e o segundo, a relação entre os dividendos pagos e a cotação da ação.
Preservar, sem esquecer de acumular
Manter suas receitas crescendo durante a aposentadoria não é um trabalho fácil,
pois significa que seus investimentos deverão render acima da inflação. Ainda
que esteja sob controle, quando analisada em um período mais longo não é difícil
entender que acaba corroendo o seu patrimônio.
No patamar atual em que se encontram os juros, o retorno da renda fixa ainda é
bastante alto, e mais do que suficiente para cobrir as perdas com a inflação.
Porém, no longo prazo, a expectativa é de que os juros caiam, de forma que o
retorno deixaria de superar com folga a inflação. E é por isso que acima
sugere-se que, dependendo do acumulado e da sua dependência nesta renda, seja
direcionado até 15% para aplicações de risco.
O restante das suas reservas deve estar investido em ativos capazes de gerar uma
renda financeira mensal, como por exemplo: fundos DI, fundos de renda fixa,
CDBs, letras hipotecárias, fundos imobiliários etc.
• Fundos DI: tratam-se de fundos que aplicam preferencialmente em títulos
pós-fixados, cuja rentabilidade está atrelada ao desempenho do CDI. Exatamente
por isto, beneficiam-se de cenários incertos como o atual em que, com a inflação
em alta, é possível que os juros se mantenham elevados, chegando inclusive a
subir.
• Fundos de renda fixa:ao contrário dos fundos referenciados, cuja
rentabilidade é pós-fixada, estes têm uma rentabilidade pré-fixada, e são boas
alternativas de investimento, se você está apostando em uma queda nas taxas de
juros. O risco destes fundos depende de como está alocada sua carteira de
investimentos, entre títulos públicos (federais ou estaduais), títulos privados
e derivativos. Vale lembrar que o uso de derivativos não necessariamente
significa um maior perfil de risco, pois em alguns casos os derivativos somente
são usados para hedge, isto é, como forma de diversificação de risco.
• Certificado de Depósito Bancário - CDBs: caso você prefira, pode
comprar títulos de renda fixa diretamente no mercado, e não indiretamente
através de fundos de investimentos. Entretanto, é preciso que você se sinta
confortável quanto ao risco destes títulos, já que, ao contrário das aplicações
em fundos, você é responsável pela diversificação dos riscos da sua carteira.
Os títulos mais comuns disponíveis no mercado são os CDBs de bancos, que podem
ser pré ou pós-fixados, e de prazos variáveis entre 30 e 360 dias. Atualmente os
mais comuns são os CDB-DI, que foram estruturados de maneira semelhante os
fundos DI, de forma a garantir liquidez diária das aplicações. O surgimento da
conta de investimento também diminuiu a desvantagem destas aplicações em termos
de incidência da CPMF e, como se trata de investimento direto, não é cobrada
taxa de administração.
• Investimentos imobiliários: existem duas alternativas de investimento
em imóveis: através da compra direta ou através dos fundos imobiliários. Em
ambos os casos, a rentabilidade da aplicação varia entre 0,8% e 1,2% ao mês, que
equivale ao rendimento com aluguel. Mas, não se pode esquecer a possibilidade de
ganho com a valorização do imóvel.
A vantagem das aplicações através dos fundos é que a administração dos imóveis
fica a cargo de um gestor, e você não tem com o que se preocupar. Além disto, em
alguns casos é oferecido um período de retorno garantido, em que você sabe o
quanto irá receber de rendimento.
Contudo, assim como no investimento em imóveis, este tipo de aplicação sofre com
a baixa liquidez, pois mesmo a venda de cotas de fundos é difícil, já que não
existe um mercado organizado. Exatamente por isto, recomenda-se que você invista
em imóveis somente a parcela do seu patrimônio da qual não vai precisar no curto
prazo.
• Letras hipotecárias: você também pode optar pela aplicação em letras
hipotecárias, mas neste caso os valores investidos são mais altos e o prazo de
investimento mínimo, em geral, de pelo menos 180 dias. A rentabilidade deste
tipo de aplicação está vinculada ao valor nominal do financiamento imobiliário,
ajustado pela inflação ou variação do CDI (Certificado de Depósito
Interbancário).
A grande vantagem deste tipo de aplicação reside no seu tratamento fiscal, pois,
ao contrário das aplicações em fundos de investimento, você só é tributado sobre
a parcela que exceder o retorno acordado em contrato. O prazo mínimo de
aplicação é de 180 dias e o prazo máximo, apesar de não ser estipulado em geral,
não ultrapassa 24 meses.
Entretanto, a alocação perfeita para o seu patrimônio depois que você se
aposentar depende em última instância da sua situação financeira, padrão de vida
e perfil de investimento. Ninguém mais do que você para saber o que é melhor
para o seu dinheiro.
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