Casas e apartamentos menores em bairros com boa infraestrutra, próximos a regiões centrais e com custos baixos de manutenção são irresistíveis para os
inquilinos.
A proximidade com estações de metrô é garantia de interesse imobiliário
Investir em imóveis sempre foi encarado no Brasil como uma forma de garantir uma
renda futura. Em teoria, o proprietário lucra tanto com o aluguel dos espaços
quanto com a valorização dos imóveis um si - uma tendência bastante consolidada
em todas as economias que registram expansão. Com as alterações na Lei do
Inquilinato (link para matéria as Novas Leis do Inquilinato) em janeiro de 2010,
o negócio de aluguel de imóveis tornou-se ainda mais seguro e vantajoso para os
proprietários, que ficaram mais protegidos contra o risco representado pelos
maus pagadores. Mas ainda é preciso cuidado ao apostar o dinheiro acumulado em
imóveis, principalmente para não comprar algo que não desperte o interesse dos
locatários.
Um apartamento ou casa às moscas é perda certa para o proprietário. Sem
inquilino, será o locador frustrado que terá de desembolsar o dinheiro
necessário para pagar IPTU, mensalidade do condomínio e gastos com manutenção.
Especialistas estimam que um apartamento padrão de dois dormitórios e duas vagas
na garagem possa gerar um rombo 17.000 reais se permanecer desocupado por um
ano.
Diante desses dados, há quem diga que para encarar as demandas desse negócio
é preciso sorte. Mas, os especialistas discordam. De acordo com eles, a receita
para o sucesso em investimentos imobiliários está em uma série de precauções na
hora de comprar e manter um imóvel. Atentar para as áreas da cidade com mais
potencial de valorização, para o tamanho do imóvel e até para o valor do
condomínio são alguns dos itens que obrigatoriamente devem pesar na decisão
sobre o destino de seu investimento.
Acerte nas coordenadas
O primeiro ponto para que façam filas para alugar seu imóvel é não errar na
bússola na hora de orientar seu investimento para as regiões mais valorizadas do
município. Infraestrutura de transporte, comércio e educação são tradicionais
atrativos para os moradores das grandes cidades que caçam oportunidades práticas
para levar a vida.
Nesse ponto, os queridinhos dos inquilinos geralmente são os imóveis
localizados perto de estações metrô. Investir em imóveis com essas coordenadas
quase sempre é uma aposta certeira para quem entra no mercado da locação. Roseli
Hernandes, gerente-geral de locações e vendas da Lello Imóveis, no entanto, não
aconselha o investimento em imóveis diretamente vizinhos à estação devido aos
problemas típicos da aglomeração de pessoas. De acordo com ela, os prédios que
ficam a uma distância de até mil metros do metrô geralmente são os mais
procurados. "A localização do imóvel tem que permitir que a pessoa vá a pé até a
estação", diz.
Outra boa pedida no mercado de locações são os imóveis vizinhos às
universidades. Boa parte dos estudantes de qualquer instituição de ensino
superior migra de outras cidades para estudar - e precisará de um teto por no
mínimo quatro anos. Neste caso, antes de fechar o negócio, confira se o
regulamento do condomínio permite a criação de repúblicas estudantis.
Supermercado, shopping center e hospital também fazem parte da infraestrutura
desejada pela maioria dos inquilinos. A regra geral, de acordo com Carlos Samuel
Freitas, diretor de locação da Associação Brasileira das Administradoras de
Imóveis, é quanto mais próximo às áreas centrais da cidade, mais fácil será
alugar.
A fórmula ideal
O tamanho dos apartamentos também conta para um negócio bem-sucedido na área
de locação. Segundo os especialistas, os imóveis pequenos, de até dois
dormitórios, são os mais procurados no mercado de locação. "Eles são alugados
muito rapidamente porque, geralmente, tem preço e comodidade melhor para o
locatário", afirma Freitas.
Em cidades como São Paulo, há uma grande demanda reprimida por apartamentos
com aluguel de até R$ 2.000. Apesar de essa faixa de preços ser a mais procurada
pelos locatários, as construtoras costumam privilegiar lançamentos no mercado de
alto padrão - porque o risco de inadimplência é menor - e, mais recentemente,
dentro das regras do programa "Minha Casa, Minha" - que, em geral, são os mais
afastados do centro das grandes cidades. Sem interesse ou condições financeiras
para adquirir imóveis desses dois tipos, o jeito é alugar.
Outra dica é optar por apartamentos que ficam nos andares intermediários do
prédio. "No último andar, há risco de infiltrações, enquanto nos primeiros é
possível que haja muito barulho vindo da rua ou da área de lazer", diz Roseli,
da Lello. De acordo com ela, apartamentos localizados no térreo podem ser até
30% mais baratos que aqueles localizados em andares mais altos.
Para não ficar com o imóvel parado, também é preciso estar atendo ao
condomínio. Por mais charmoso que seu apartamento ou casa seja, o custo para
locação dele não pode ser muito diferente do que a média oferecida pelo mercado.
A mesma regra vale para as taxas condominiais. "Às vezes porque há uma diferença
de cem reais no condomínio, as famílias preferem aquele que sai mais em conta",
diz Roseli.
Dessa forma, não se empolgue muito com os pacotes de serviços oferecidos por
alguns prédios. "Os imóveis destes condomínios atraem muitos locatários. Mas,
como as taxas são muito altas, a rotatividade de condôminos também é grande",
afirma Freitas, da associação dos administradores. Afinal, com o tempo, essas
regalias pesam no bolso e as chances do locador ter que arcar com o custo do
investimento dos sonhos não é pequena.
Ao gosto da vizinhança
A cultura da região é outro ponto a ser considerado quando os critérios para
a compra do imóvel são definidos. Em uma cidade diversificada como São Paulo,
cada bairro se estabelece com rotinas e características próprias, que, por sua
vez, acabam atraindo moradores com perfis bastante demarcados. Dessa forma,
encarnar o sociólogo pode ajudar a definir desde o preço do condomínio até a
localização do andar do imóvel.
Exemplo disso é o bairro de Higienópolis, na capital paulista. Lá, de acordo
com Roseli, não vale a regra de que os primeiros andares integram a lista negra
das opções dos locatários. Isso porque a região abriga uma grande concentração
de judeus que, por questões religiosas, pouco saem de casa aos sábados. "Por
isso, eles preferem morar no primeiro e segundo andares", afirma. Já na boêmia
Vila Madalena, também em São Paulo, a preferência é por imóveis que fiquem
próximos da região mais badalada do bairro. Fato que não se repete nos bairros
mais tradicionais da cidade. Agora, independente do ambiente cultural em que o
imóvel está inserido, é primordial manter o imóvel em boas condições
estruturais. "Não é preciso luxo, mas o imóvel deve estar em condições para
entrar e morar", diz Freitas.