O que os brasileiros já sentiam no bolso foi provado em estudo divulgado
nesta quinta-feira (12) pelo Instituto de Pesquisa em Economia Aplicada (Ipea):
os brasileiros pagam duas vezes para terem acesso a serviços essenciais. Isso
deixa o Brasil, conforme a entidade, em uma "universalização restrita".
A primeira contribuição é feita por meio de impostos, lembrando que a carga
tributária brasileira corresponde a aproximadamente 35% do Produto Interno Bruto
(PIB), segundo estimativas do Instituto em Planejamento Tributário (IBPT). A
segunda vem com a terceirização do serviço: já que não consegue atendimento
adequado com a rede pública, o contribuinte precisa pagar empresas particulares
para ter algumas garantias essenciais.
Saúde
Segundo Guilherme Delgado, pesquisador do Ipea, a situação do Sistema Único de
Saúde ilustra o problema. Apesar de ter caráter de abrangência universal, o SUS
é carente no que diz respeito a investimentos em redes de hospitais e postos de
saúde, por exemplo.
"Ou seja, você tem um sistema nominalmente universal, mas a falta de
investimento em equipamento e recursos capazes de atender a demanda torna a
universalização restrita", explicou à Agência Brasil.
Assumindo custos
Dessa forma, quem pode arcar com a mensalidade de um plano de saúde acaba sendo
obrigado a fazer essa opção. "A privatização da oferta de serviços públicos é
uma forma de transferir parte significativa do financiamento de bens e serviços
sociais diretamente às próprias famílias", adicionou.
Por fim, os consumidores são obrigados a assumir custos crescentes, com redução
da renda disponível, em razão da ausência ou precariedade da provisão pública,
em especial nas áreas de saúde, previdência e educação.