Investimentos / Fundos - Hedge: entenda o conceito e como ele pode facilitar a administração financeira
Uma joalheria que produz e exporta
ao mercado exterior corre o risco de que tanto o preço do ouro como o câmbio se
comporte de uma maneira distinta da que o mercado estima, prejudicando seus
resultados. Já um gestor de recursos teme que os juros subam mais do que o
esperado, afetando seus estratégia de rentabilidade.
Essas e outras situações ilustram riscos os quais as empresas e os investidores
às vezes enfrentam. Mas, será que é possível reduzir tais riscos?
Hedge pode reduzir riscos
A resposta é sim, através de um mecanismo chamado hedge. Prática
obrigatória para algumas empresas e investidores, o hedge, porém, pode
ser desnecessário para outras, já que, da mesma forma que tomar um seguro, traz
custos. A escolha dependerá do grau de exposição da companhia e de sua
tolerância a determinados riscos.
Vale a pena entender o conceito e como ele pode ser utilizado para atender as
necessidades das empresas e aplicadores, seja através dos contratos a termo,
futuro e de opções. Os conceitos seguem simplificados, mas ilustram as
principais diferenças entre as alternativas.
Conceito de hedge
O hedge é uma ferramenta de repasse do risco do mercado de determinada
atividade a outros agentes econômicos, que resolvem assumi-lo em troca de
perspectiva de resultado. Deste modo, ele funciona de forma similar a um seguro,
reduzindo os riscos de quem adotar esta estratégia.
A diferença com o mercado de seguro é que, geralmente, o hedge é feito
diretamente no mercado, através de transações com outros ativos financeiros. Por
exemplo, no caso da joalheria, a alternativa é adquirir um ativo que se valorize
com a alta do ouro, gerando ganhos que podem compensar as perdas que a empresa
teria do ponto de vista operacional. Em geral, derivativos são usados.
Racional por trás da transação
Uma operação de hedge faz sentido para uma empresa, por exemplo, quando
um dos elementos-chave na composição do resultado operacional estiver sendo
afetado pelo risco de mercado. O resultado operacional ficaria indeterminado, o
que acarreta risco de valor para a empresa.
No caso acima, uma forte valorização do ouro pode impactar de forma
significativa os resultados da empresa, que talvez não consiga repassar o
aumento de custos, prejudicando suas margens. Além disso, a indefinição em
relação a qual será o preço do metal no futuro aumenta a incerteza em relação
aos resultados da empresa.
Ao comprar, por exemplo, a quantidade correta de contratos futuros de ouro, a
empresa reduz os riscos. Caso o preço do metal suba, ela perde em termos
operacionais, mas ganha na transação financeira. Por outro lado, se o ouro cair,
o ganho será no operacional e a perda no financeiro. De uma forma ou outra, a
empresa consegue prever o impacto, reduzindo as incertezas.
Contrato a termo
Uma maneira de realizar hedge é através dos contratos a termo, que
implica na venda de um ativo a um preço definido em data futura, sem ajustes
diários. Essa alternativa é bastante utilizada porque não movimenta o caixa ao
longo de sua duração.
Por outro lado, a operação apresenta baixa liquidez, uma vez que é difícil
antecipar o prazo do encerramento. Como o acordo é bilateral, uma parte fica
dependente da outra aceitar o fechamento antes da data estipulada. O contrato a
termo é largamente utilizado, por exemplo, no mercado de câmbio.
Contrato futuro
Outra maneira de proteção é através dos contratos futuros, que diferem do
mercado a termo principalmente pela existência dos ajustes dos valores em todas
as sessões. Traz como vantagem a possibilidade de intervenção no mercado de
forma anônima, em pregão. O fechamento do negócio é feito pelo melhor preço e
não há a revelação da estratégia do cliente para os demais agentes.
O volume de garantias é geralmente menor se comparado ao contrato a termo,
porque as movimentações financeiras diárias reduzem o risco de crédito. Por
outro lado, essas saídas e entradas todos os dias podem trazer instabilidade
para o fluxo de caixa da empresa ou investidor. Como pontos positivos para tal
estratégia, pode-se citar a elevada liquidez e a grande transparência de preços,
que reduz os custos e os riscos operacionais.
Contrato de opções
Já nos contratos de opções, existe o direito de comprar e de vender o ativo no
período da contratação até a data de expiração desse direito de exercício. O
negócio pode não ser realizado no futuro, se o titular considerar desvantajoso
exercer a opção. Nesse caso, o preço pago pela opção é o máximo que se pode
perder.
Enquanto o titular tem a opção de escolha, o lançador é obrigado a cumprir o
contrato. Este último entra no negócio quando acredita que a opção não será
exercida, em função das perspectivas para o ativo na data do contrato.
Custos versus resultado
Vale citar que todo hedge tem custos, além daqueles diretamente
observados, como taxas de bolsa, corretagem e spreads. É importante que a
empresa ou o investidor calcule, em diferentes cenários, os ganhos e as perdas
com cada opção de hedge, bem como esses resultados na ausência de
qualquer tipo de hedge.
O hedge não evita que um fator negativo ocorra, porém ele proporciona que
a empresa ou o investidor consiga minimizar os impactos sobre suas atividades.
Deste modo, trabalhando com ativos que reagem de forma inversa a certos eventos,
o hedge passa a ser uma ferramenta fundamental no controle de riscos.
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