Impostos / Tributos - Como declarar renda recebida do exterior para sustento no Brasil?
Não há como negar que a legislação tributária do Brasil é uma das mais
complexas do mundo. Existe uma infinidade de obrigações às quais os
contribuintes devem obedecer para não ficar em condição irregular perante o
Fisco. Uma delas diz respeito à saída para o exterior e às remessas que esses
brasileiros fazem ao Brasil.
Quem não conhece alguém cujo cônjuge foi para outro país trabalhar, e
regularmente envia uma quantia em dinheiro para seus familiares no Brasil? As
quantias envolvidas são razoáveis e, é claro, despertam o interesse da Receita
Federal, e também muitas dúvidas para quem recebe o dinheiro e não sabe ao certo
como declarar esses rendimentos.
Dúvidas são várias
Como funciona a tributação sobre os rendimentos? Devemos declarar IR aqui no
Brasil? Obedecer à legislação do exterior? E no caso de mandar rendimentos
mensais para a subsistência da minha família? Declaro em conjunto ou separado? É
importante ter muita calma. Resolver estas questões pode ser relativamente
simples.
De acordo com a consultoria IOB Thomson, ao ir para o exterior é necessário que
o contribuinte entregue a Declaração de Saída Definitiva do País. Se a saída se
der em caráter temporário, então ele terá que recolher o imposto de renda sobre
os rendimentos através do carnê-leão. Caso tenha sido tributado naquele país,
então poderá compensar o imposto para reduzir a base de cálculo do IR no Brasil.
Agora, passados 12 meses no exterior, ele passa à condição de não-residente, e
então não precisará mais entregar a Declaração de Ajuste Anual no Brasil de
forma a se submeter à legislação do país onde passou a viver.
Sustentando a família no Brasil
Vamos tratar de outra situação bastante comum: o envio de rendimento para a
família que ficou no Brasil. Pela legislação, não há doação entre marido e
mulher, pois se trata de um único patrimônio constituído por ambos. Neste
sentido, ao passar à condição de não-residente, o cônjuge então terá que prestar
contas ao Fisco no Brasil separadamente do marido.
Assim, a esposa declararia o rendimento recebido do exterior, seria tributada
sobre o valor caso este seja superior ao teto máximo mensal por mês, aplicando a
tabela progressiva do Imposto de Renda, e recolheria o carnê-leão sobre esta
renda. Se houver bens compartilhados, basta informá-los na Declaração de Ajuste
Anual.
No entanto, existe uma polêmica em torno da tributação do rendimento enviado do
exterior para a subsistência da família do contribuinte. Existem casos em que
opta-se por uma conta conjunta para que o rendimento do marido possa ser
utilizado pela esposa sem que esta precise declarar o rendimento recebido do
exterior.
É preciso ter autorização do Fisco
A questão é que, por se tratar de um assunto controverso, existe sempre o risco
de uma autuação por parte do Fisco. Neste sentido, o recomendável, e mais
seguro, segundo a consultoria IOB, é que o contribuinte faça uma consulta
escrita à Receita Federal. Como? Simples.
É necessário enviar uma correspondência por escrito à Receita Federal expondo
toda a situação. Fale sobre o rendimento que não se trata de uma renda de
trabalho, e sim de uma quantia usada para as contas do lar e que por conta disto
não seria justo ser tributado sobre tal valor etc.
Enfim, expondo a situação e considerando que se trata de uma discussão
recorrente, existe uma possibilidade grande de a Receita acatar o pedido e
"liberar" o contribuinte do pagamento do imposto. Porém, para que tudo seja
feito da melhor maneira possível de forma a não haver qualquer pendência com o
Fisco, até que a secretaria se manifeste, o aconselhável é recolher os devidos
tributos conforme manda a lei.
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