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Finanças pessoais - Fundo de reserva: Um "colchão" para quem tem renda flutuante no mês a mês 

Data: 30/05/2007

 
 
Lembro-me de ter assistido certa vez a uma entrevista com o ator norte-americano Peter Coyote, na qual ele confessava, com desconcertante sinceridade, o seguinte: "Minhas finanças lembram uma montanha russa: neste exato momento, estou bem no meio de uma daquelas descidas de virar o estômago." Pois é, atores de cinema, mesmo os bons de famosos, que ganham cachês normalmente cotados em milhões de dólares, também "sofrem" com o problema de terem renda flutuante no mês a mês. O que fazer quando seus ganhos mensais mais parecem uma gangorra, estando por cima num mês mas tristemente por baixo no outro?

Esta é a complicada situação de quase todos os corretores de imóveis e representantes de vendas comissionados, por exemplo. Também se incluem neste grupo uma série de profissionais liberais como médicos, dentistas e advogados, que têm de conviver com a desagradável condição de terem renda mensal flutuante. Esta também vem se tornando a realidade de um número crescente de ex-funcionários de empresas que decidem se estabelecer por conta própria, geralmente como prestadores de serviços autônomos no ramo profissional dentro do qual sempre atuaram, ou mesmo abrindo seu negócio próprio.

Se os seus ganhos mensais variam muito de um mês para outro, talvez esta seja uma realidade que você não possa mesmo evitar, algo próprio da sua atividade profissional. Mas nem por isso você deve deixar suas finanças pessoais sejam vitimadas pelo caráter errático da sua renda mensal, certo? O importante é evitar apelar para o socorro do "dinheiro dos outros" (cheque especial, empréstimos pessoais e dívidas em geral) como forma de compensar os meses de renda mais baixa que o normal. Para isso, você deve se planejar para formar uma reserva financeira complementar, um "colchão financeiro" que irá regular sua renda variável, complementando os ganhos insuficientes nos meses em que a variação da renda for para baixo da média.

MÉTODO PARA FORMAR SEU "COLCHÃO ANTI-FLUTUAÇÃO"

Em primeiro lugar, você deve determinar sua provável renda daqui para a frente durante todo um ano. Dividindo essa renda anual por 12 meses, você obterá o valor da sua renda média mensal. É com esse dinheiro (no máximo!) que você terá de se acostumar a viver todos os meses. Para fazer a projeção deste valor, você pode se basear na sua experiência dos ganhos passados, tomando-os como guia para o provável comportamento dos seus ganhos futuros. Sugerimos tomar como referência sua renda média mensal nos últimos 24 meses, um período de tempo bastante adequado para servir de projeção. Se você acredita que a partir daqui sua situação de ganhos vai piorar, aplique um desconto de pelo menos 10% sobre a renda média estimada. Mas se você acha que seus ganhos poderão melhorar, bem, pode acrescentar aí uns 10%.

Em seguida você deve determinar o período de cobertura do seu "colchão", ou seja, o número de meses para os quais você deseja formar uma reserva financeira com o propósito de complementar as flutuações mensais para baixo nos seus ganhos. Recomendamos pensar num período mínimo de 6 meses, e ideal de 12 meses. Se você estiver financeiramente preparado para flutuações da sua renda no período de um ano a contar de hoje, certamente poderá dormir bem mais tranqüilo desde já. Seu próximo passo será determinar um percentual de provável queda na sua renda mensal. Partindo da sua experiência e do seu "sexto sentido", imagine quanto sua renda pode ficar, num mês de ganhos mirrados, abaixo da média estimada.

Muitos profissionais têm ganhos mensais que podem chegar a serem 30% inferiores (ou até mais!) do que a sua renda média mensal projetada. Partindo daí, obtenha o valor correspondente deste percentual em reais e multiplique por 6. Você terá achado o valor necessário do colchão de proteção para um ano inteiro. Tendo acumulado esse "colchão", quando a renda de um mês ficar abaixo da média, você poderá sacar desta reserva o suficiente para complementar a renda daquele mês, igualando-a à renda média estimada. Mas como fazer para juntar essa reserva? Quando a renda de um mês específico for "maior" que a média, nem pense em torrar a diferença a mais. Ela deve ser poupada e investida para formar e reforçar seu "colchão".

Um exemplo: o sujeito calculou, com base nos últimos dois anos, que sua renda média mensal foi de R$ 3 mil. Sabendo que 2004 não será um ano fácil, ele aplicou um desconto de 10% e obteve a renda mensal de R$ 2,7 mil. É com essa quantia que sua família terá que viver no mês a mês. Em seguida, o sujeito previu que sua renda pode cair até 30% nos meses de "faturamento baixo", ou seja, pode ficar até R$ 810 abaixo da média (= 30% X R$ 2,7 mil). Partindo daí, formou um colchão para 12 meses de $4.860 (= 6 X $810). Esperto e disciplinado, o sujeito ganhou no mês passado R$ 3,2 mil "limpos", dos quais separou R$ 500 (= R$ 3,2 mil - R$ 2,7 mil) para reforçar seu "colchão". Entendeu? Esse método requer, como qualquer ferramenta de planejamento financeiro pessoal, um pouco de organização e força de vontade da sua parte. Mas ele vem ajudando muita gente a regular sua renda flutuante e se manter longe das dívidas! Então, use e abuse dele você também!



 
Referência: Invertia
Autor: Marcos Silvestre - Cefipe
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