Investimentos / Fundos - Debêntures: conheça a importância e as condições do mercado secundário
Os investidores que preferem aplicar seus recursos em papéis de renda fixa e
estão dispostos a financiar o setor privado têm à sua disposição as debêntures.
Este instrumento de dívida privada deve ganhar cada vez mais popularidade no
mercado de capitais brasileiro, sobretudo quando atingir o investidor de menor
porte.
As empresas mostram interesse em lançar debêntures, refletindo a trajetória
declinante experimentada pelas taxas de juros da economia brasileira. Este
movimento dos juros também deve intensificar a busca dos investidores por opções
mais rentáveis de investimentos e que sejam menos arriscadas que o mercado de
renda variável.
Oferta primária
Aqueles que estão dispostos aplicar seus recursos em debêntures têm duas opções.
A primeira delas é ir ao mercado primário, ou seja, adquirir os papéis quando de
seu lançamento pela empresa emissora, o que é feito através dos intermediadores
da operação. O mecanismo não é muito diferente das ofertas de ações.
Porém, quem comprou uma debênture em uma oferta não é obrigado a ficar com o
título até seu vencimento, e pode vendê-lo no mercado secundário. Ou seja, se um
investidor ficou de fora da oferta primária poderá também adquirir as debêntures
no mercado secundário, comprando-as de quem as tenha adquirido na oferta
primária.
Mercado secundário: ambientes de negociação
Normalmente, as negociações do mercado secundário de debêntures podem ser
realizadas na Bovespa, através do BovespaFix, ou no mercado de balcão
organizado, que é um sistema de negociação devidamente autorizado pela CVM
(Comissão de Valores Mobiliários).
O principal deles é o SND (Sistema Nacional de Debêntures), administrado pela
ANDIMA (Associação Nacional das Instituições do Mercado Aberto) e pela Cetip
(Central de Custódia e de Liquidação Financeira).
Secundário em desenvolvimento
Entretanto, segundo Daniel Gorayeb, analista de valores mobiliários da corretora
Spinelli, no Brasil, o mercado secundário de debêntures nunca foi muito bem
desenvolvido, de maneira que, muitas vezes, os investidores eram obrigados a
carregar os títulos até seu vencimento.
Acontece que, como nem todos estão dispostos a assumir este risco, o dinamismo
deste mercado foi, naturalmente, penalizado. Neste sentido, a boa notícia é que,
embora a liquidez no mercado secundário de debêntures ainda tenha suas
limitações, este quadro está mudando.
BNDESPAR ajuda a fomentar a liquidez
Um bom exemplo disso foi a iniciativa da BNDESPAR, que realizou uma oferta de
debêntures com valores acessíveis ao investidor de menor porte e ofereceu um
produto com liquidez diferenciada, através da contratação de formadores de
mercado.
Para Gorayeb, a iniciativa da BNDESPAR teve como objetivo revelar aos
investidores de varejo uma nova forma de ir ao mercado e, com isso, promover o
investimento em debêntures. Neste sentido, os esforços ainda não se esgotaram e
estão previstas mais três etapas da oferta, que deve totalizar R$ 2 bilhões.
É possível ganhar mais
A vantagem para o investidor é grande porque, além de não precisar mais ficar
amarrado ao título até a data de vencimento, quando o mercado secundário de uma
debênture é dinâmico seu preço passa a ter oscilações diárias, e junto com elas,
surgem novas oportunidades para fazer bons negócios.
Para quem não participou da oferta, mas tem interesse no ativo, mais do que ter
a opção de comprar uma debênture a qualquer tempo, o investidor encontra uma
chance de adquiri-lo, muitas vezes por um preço mais baixo que o da distribuição
e, conseqüentemente, obter uma rentabilidade maior.
Empresas podem captar pagando menos
Para as empresas, um mercado secundário desenvolvido é importante porque, se
tiverem a possibilidade de vender seus papéis sempre que julgarem oportuno, mais
investidores estarão dispostos a adquiri-los no seu lançamento. Desta forma,
quanto maior for a demanda por parte dos investidores, mais baixo será o custo
de captação das emissoras.
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