O despreparo do trabalhador brasileiro para o Pós-Carreira é preocupante. Embora
sejamos considerados um “país de jovens”, nossa população acima de 60 anos
quintuplicou nos últimos 30 anos. Segundo últimos dados do Instituto Brasileiro
de Pesquisa e Estatística (IBGE/2006). Aposentadoria requer um condicionamento
mental e social, que a grande maioria das pessoas não possui. Assim sendo, é uma
etapa extremamente importante na vida dos indivíduos, pois não só coincide, para
muitos, com a presença do envelhecimento bem como, é também um marco de mudança
na dinâmica da família, o que implica em novos hábitos, não só daquele que esta
se aposentando. É uma etapa que exige preparação. Um empregado, colaborador ou
trabalhador de uma empresa qualquer no nosso território, disponibiliza acima 50%
de seu tempo total durante a sua vida ativa a uma identidade profissional,
relevando a outros planos sua vida afetiva, pessoal e social em busca da
satisfação plena dos interesses da organização em que atua.
A principal dificuldade de uma pessoa no processo de transição para a
aposentadoria é conseguir uma "sensação" de integração social e preservar a
realização pessoal. Três aspectos se tornam preponderantes para o sucesso nesta
nova etapa da vida que se inicia, a tranqüilidade financeira, a reeducação e a
saúde. A intranqüilidade financeira ocasionada pela não poupança durante a fase
ativa e a necessidade de formar os filhos, ingressando-os no mercado de
trabalho, fato este que ocorre cada vez mais tarde, contribuem para a
permanência dos “mais experientes” no mercado de trabalho. Estudos realizados
pelo IPEA, apontam que grande parte das pessoas voltam a trabalhar após se
aposentarem porque ainda têm condições de serem úteis e se ficarem em casa vão
entrar em depressão, então, o trabalho é uma forma de integração social
importante, a ociosidade causa depressão. Cada vez mais se percebe que
organizações empresarias sejam públicas ou privadas devem propor ações que
venham a mobilizar esforços para a implementação de um programa de pós-carreira,
cujos objetivos são:
• Preparar pessoas para que elas construam um projeto de vida na aposentadoria,
seja através do melhor gerenciamento de suas reservas financeiras, abertura de
uma oportunidade empresarial, ofertar serviços através do acúmulo da experiência
profissional ou qualquer outra ação que proporcione ao aposentado, condições
para que ele se sinta integrado à sociedade;
• facilitar o processo de sucessão profissional, uma vez que a “fila” tem que
girar e uma das formas pelas quais novos entrantes vão ter acesso ao mercado de
trabalho é substituindo pessoas que estão se aposentando;
• transformar a aposentadoria numa fase produtiva e feliz da vida;
• administrar o processo de transição na empresa .
Diversas são as vantagens para as organizações que aderem a estes programas,
podemos citar algumas tais como:
1. Cumprir o papel social;
2. proporcionar o desenvolvimento de novos talentos;
3. gerar impacto positivo no moral dos colaboradores;
4. facilitar a gestão e transferência do conhecimento na organização;
5. fortalecer a imagem positiva da marca/produto/serviço ("top of mind"
positivo).
Para os funcionários destas organizações, podemos observar o entusiasmo nos
processos de preparação para o pós-carreira e dentre as vantagens, podemos
enumerar:
• Desenvolver um projeto de vida, como idealizar a implantação de um sonho que
ficou guardado durante vários anos, mas agora pode ser estruturado e organizado,
sua ação de mercado;
• facilitar a transição da identidade profissional para a identidade pessoal;
• motivar as pessoas a desenvolver outros papéis além do profissional, onde
podem ser sentir úteis à comunidade em que estão inseridos, através de trabalhos
voluntários, associações, participação em ações que contribuam para alavancar
benefícios ao município onde vivem;
• elevar a auto-estima, sentir se útil.
Mas voltando apenas à questão dos aposentados, existem algumas variáveis que as
empresas podem trabalhar para promover e orientar os colaboradores que já estão
em vias de aposentadoria ou que irão se aposentar. Algumas empresas possuem
planos de previdência que complementam os benefícios do INSS, isto é bom mais
não é tudo. Outras empresas não possuem planos de complementação para
aposentadoria, sendo necessário que o colaborador busque no mercado esta
complementação para não ficarem apenas dependente das migalhas do INSS. As
empresas preocupadas com o bem estar de seus profissionais que muitas vezes
dedicaram uma vida por elas devem prepará-los para que a Qualidade de Vida
conseguida após anos de trabalhos não sofra prejuízos após a aposentadoria. Na
maioria das empresas, continua a existir a grande hipocrisia de que o
profissional estará em seu posto para sempre. Falar sobre um futuro em que
aquele que está na função hoje deixará de exercê-la é quase um tabu, todos sabem
que um dia chegará, mais ninguém quer falar a respeito. As empresas precisam ser
mais realistas para com seus funcionários, devem discutir abertamente sobre um
plano de ação, objetivando que a transição ocorra de forma ordenada e planejada.
Essa preparação consiste em uma reorganização da vida familiar, novas relações
afetivas, novos espaços de convívio e de relacionamento fora do mundo do
trabalho, novas rotinas e até a diminuição gradativa da jornada laboral. Surgem
os trabalhos alternativos, os hobbies, as experiências em artes e ofícios que
implicam em autonomia com relação à organização do trabalho.