É cada vez mais notável a adoção do cartão de crédito como
meio de pagamento entre os consumidores. Mas, ainda que sejam inegáveis os
benefícios oferecidos pelos cartões de crédito, cabe a você, enquanto
consumidor, aprender a usá-lo de forma correta.
Sem controle, você pode acabar gastando mais do que recebe e, rapidamente
enfrenta dificuldades para pagar integralmente a fatura. Quando isso acontece
você entra, automaticamente, no crédito rotativo, ou seja, tem que pagar juros,
o que acaba comprometendo parte do seu orçamento.
Não ultrapasse 30% da sua renda
Para quem adota algum tipo de planejamento financeiro este não é um cálculo
difícil de ser fazer. Mas, se você não tem uma idéia clara do quanto gasta por
mês, então é hora de começar a efetuar algum tipo de controle.
Faça um orçamento e avalie o quanto da sua renda está comprometido com o
pagamento de prestações e crediário. Se este percentual superar 30% é hora de
acender o sinal de alerta. Afinal, você precisa acomodar todos os outros gastos,
alguns deles bem elevados, como habitação, alimentação e transportes, com os 70%
restantes. Isso sem falar nos gastos com educação, saúde e lazer. Enquanto o
percentual de comprometimento da sua renda com o pagamento de prestações e
dívida não cair abaixo dos 15%, procure evitar gastos de consumo que não sejam
essenciais.
Evite pagar só o mínimo
Mesmo que a sua situação financeira esteja apertada, evite pagar só o mínimo ou
não pagar nada. Muitas vezes, ao passarem por dificuldades financeiras, os
portadores de cartão optam por pagar apenas o valor mínimo da fatura, que varia
entre 10% e 20% do seu total, como forma de tentar fechar as contas no final do
mês.
O grande problema é que, na maioria das vezes, a situação não melhora no mês
seguinte e, antes mesmo que possam se dar conta, o saldo da fatura do cartão
dobra e a dívida se transforma em uma imensa bola de neve. Afinal, se
considerarmos que a multa por atraso é de 2%, e que os juros médios cobrados nos
cartões são de 10% ao mês, bastam apenas alguns meses para que o valor da sua
fatura se torne alto demais.
Tente renegociar
Se sua intenção é sair do vermelho, a primeira providência é parar de usar o
cartão, evitando assim fazer novos gastos. Com o plástico na carteira, você pode
não resistir à tentação de parcelar aquele celular novo em dez vezes! Caso
esteja nesta situação, tente entrar em acordo com o banco emissor.
Aqui vale lembrar que não é possível bloquear o cartão sem ter pagado
integralmente a dívida. Você pode até quebrá-lo, para evitar o uso, mas isso não
acaba com o seu compromisso financeiro.
Antes de qualquer coisa, peça um extrato detalhando como foram feitos os
cálculos do saldo devedor. Verifique se não houve cobrança indevida. Se tiver
dúvidas, peça esclarecimentos, ou entre em contato com algum órgão de defesa do
consumidor para confirmar se os cálculos estão corretos.
Feita a negociação, analise com cuidado os termos propostos e veja se você tem
condições de arcar com os pagamentos em dia, pois em muitos casos as operadoras
acabam anulando os termos da renegociação se o consumidor atrasar o pagamento de
apenas uma parcela. Neste caso, volta tudo à estaca zero.
Portanto, só aceite termos que você pode pagar. Mesmo que tenha que alongar o
pagamento por mais tempo que o pretendido, é melhor optar pela parcela que caiba
no seu bolso e não se afobar em quitar a dívida o quanto antes.
Entrando na Justiça
Outra possibilidade seria entrar na Justiça, tentando alegar que a
administradora de cartão está cobrando juros abusivos. Se, ao analisar o extrato
enviado pela empresa, você constatar que houve erro no cálculo do saldo devedor,
pode pedir a revisão na Justiça, caso a operadora se negue a cooperar.
Além disso, você pode alegar cobrança abusiva, visto que a cobrança de juros
excessivamente altos é considerada vantagem excessiva no artigo 39 (inciso V) do
Código de Defesa do Consumidor. O CDC (artigo 52) ainda prevê que a multa por
atraso não pode ser superior a 2%, que só pode ser cobrada se não for efetuado o
pagamento mínimo.
Mas não é tão fácil comprovar que a administradora do seu cartão está cobrando
juros abusivos. Para fazer este tipo de alegação, você precisa pesquisar as
taxas praticadas pelas outras administradoras de cartão, comprovando que os
juros cobrados ficaram excessivamente acima da média.
O problema é que quase todas as administradoras cobram juros ao redor de 10% ao
mês, de forma que, apesar de altíssimos, fica difícil argumentar o abuso, já que
se trata de prática de mercado. Ainda assim, a decisão fica a cargo do juiz.