Alguns jovens contam com a vantagem de seus pais serem donos de empresa. Mas,
no caso em que o profissional tenha vontade e interesse em trabalhar na empresa
do pai, qual é a orientação para os passos iniciais?
Especialistas em gestão de carreira concordam que, mesmo que o estudante
tenha definido por livre e espontânea vontade fazer parte da organização
familiar, ele deve, o quanto antes, buscar experiências profissionais fora do
negócio da família.
Tanto a professora do departamento de administração da PUC-SP (Pontifícia
Universidade Católica), Myrti de Souza, quanto a professora do Núcleo de Gestão
de Pessoas da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing), Adriana Gomes,
afirmam que experiências fora do ambiente familiar são altamente enriquecedoras.
Na prática, o jovem aprende como se comportar no ambiente profissional e
sobre questões relacionadas à hierarquia, ou seja, a importância do respeito aos
superiores. Na empresa familiar, principalmente quando ainda se é muito
inexperiente, é mais difícil adquirir esse tipo de aprendizado.
Conquistando respeito
Por mais que a empresa do pai seja grande e bem estruturada em termos
administrativos, “é difícil se livrar do fardo de ser o filho do dono”, comenta
Adriana, e é justamente nesse aspecto que experiências em organizações nas quais
a família não tem nenhuma ligação vão ajudar.
Adriana explica que o jovem precisa analisar bem sua relação com a família e,
se ele entender que os pais o respeitariam mais, se ele tivesse experiências em
outros lugares, é ainda mais recomendado que ele procure por elas. Além disso,
isso ajuda que ele tenha mais respeito perante aos outros funcionários, já que a
empresa do pai não é o único lugar onde ele trabalhou.
Se o jovem faz um estágio em outra empresa, por exemplo, ele não sentirá que
precisa provar o tempo todo que sabe trabalhar quando chegar à empresa dos pais.
Por quanto tempo?
Não há fórmulas ou regras sobre quanto tempo se deve trabalhar fora da
empresa familiar. "Isso depende muito”, comenta Myrti, que completa: “não há um
período definido de que a pessoa precisa, em termos de experiência fora da
empresa do pai. A maioria fica de um ano a dois, e muitos ainda fazem cursos no
exterior”.
Quem vai dosar esse tempo é o próprio jovem, que, quando sentir que adquiriu
experiência suficiente e conquistou certa maturidade, deve iniciar a carreia na
empresa familiar. “Isso também vai depender de como os pais encaram a questão”,
lembra Myrti.
Adriana também pontua que essas experiências ajudam o jovem a evitar crises
futuras. “É importante conhecer outras empresas, fazer algum estágio, passar
algum tempo fora do País. Hoje existem muitas opções de mercado e conhecê-las
evita uma crise pessoal, o que também pode colocar em crise o negócio da
família”.
A professora também sugere que, além de fazer estágio em empresas ligadas ao
ramo de atuação da organização familiar, também deve-se buscar cursos que tratam
de sucessão, cursos no exterior e trabalhos em empresas juniores.