Os fundos imobiliários têm se mostrado uma opção atrativa para os
investidores que se interessam pelo mercado de imóveis, mas não possuem valor
suficiente para comprar o bem físico. Mas será que quem investe neste tipo de
fundo também pode diversificar a carteira?
De acordo com o especialista em investimentos e CEO da Inva Capital, Raphael
Cordeiro, a resposta é “sim”. Segundo ele, para diminuir os riscos e aumentar a
possibilidade de ganhos, uma fórmula interessante é dividir o portfólio da
seguinte maneira: 50% em fundos que investem em escritórios, 25% em fundos com
participação em shopping centers e 25% em fundos que detêm galpões industriais.
“Esta é a mesma composição utilizada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) para
o recém-criado IGMI-C (Índice Geral do Mercado Imobiliário – Comercial)”, afirma
o especialista.
Desta maneira, diz Cordeiro, o investidor consegue uma exposição a diversos
tipos de imóveis, utilizados em vários segmentos da economia. “Com essa divisão,
você investe em imóveis do setor de consumo, que está crescendo bastante (por
meio de fundos com participação em shopping centers), na indústria, que é um
segmento voltado para o atacado (por meio de fundos que possuem galpões
industriais), e também tem uma boa exposição aos escritórios comerciais, que são
uma boa opção de investimento”, afirma Cordeiro.
O que analisar na hora de comprar
De acordo com ele, a rentabilidade do fundo é um dos principais itens que
devem ser observados pelo investidor antes de optar pela aplicação, mas não é o
único. “Rentabilidade costuma andar junto com risco. Então, quanto maior a
rentabilidade de um fundo, maior pode ser o risco desta aplicação”, alerta
Cordeiro.
Ele ressalta que um fundo imobiliário com apenas um imóvel pode proporcionar
uma boa rentabilidade, se o valor de aluguel pago pelo inquilino for alto.
Entretanto, caso este imóvel fique desocupado, o investidor corre o risco de
ficar um bom tempo sem ter uma rentabilidade mensal.
“Já no caso de fundos que investem em vários imóveis, a rentabilidade pode
ser menor. Entretanto, caso um dos imóveis fique desocupado, o impacto no
rendimento não será tão elevado como no caso anterior”, pondera.
Outro ponto importante citado pelo especialista é o fato de que fundos que
ainda estão na fase de captação de recursos – ou seja, estão emitindo novas
cotas no mercado para poderem adquirir novos empreendimentos – podem não ter uma
rentabilidade atrativa.
“A gestora do fundo precisa captar os recursos, prospectar imóveis,
comprá-los e depois alugá-los, para só a partir daí repassar a rentabilidade
proveniente da locação. Por isso, nesses casos, pode demorar algum tempo para
que o investidor consiga algum rendimento”, afirma.
Por isso, o planejador aconselha que o investidor analise este aspecto antes
de decidir comprar cotas de um fundo. “É preciso ver se o fundo já está maduro
ou se ainda precisa de mais recursos”, aconselha.
Peculiaridades
O especialista ressalta que os fundos imobiliários possuem uma série de
peculiaridades. Em alguns empreendimentos, por exemplo, a rentabilidade
proveniente do aluguel só é repassada para o investidor uma vez por ano. Isso
quer dizer que, nos outros meses, o rendimento proporcionado pelo fundo pode ser
menor, pois só vai contar com o aluguel dos outros empreendimentos que fazem
parte do seu portfólio.
Entretanto, no mês em que a rentabilidade for paga (de uma única vez,
equivalente aos 12 meses do ano), o rendimento será muito maior. “Se o
investidor olhar apenas para este mês, pode ter uma noção distorcida de que a
rentabilidade é assim durante todos os meses do ano”, diz Cordeiro. “Ao mesmo
tempo, se olhar apenas os outros meses, não saberá que em determinado mês a
rentabilidade é bem maior”, conclui.