Você imagina que aquelas pessoas mais ousadas, que pulam de paraquedas, voam
de asa delta e vivem perigosamente são as que mais se arriscam quando o assunto
é investimento, certo? Não necessariamente. De acordo com especialistas, uma
coisa não tem uma relação direta com a outra.
Segundo a psicóloga econômica e autora do livro “A Cabeça do Investidor”,
Vera Rita de Mello Fereira, a personalidade do indivíduo não indica a maneira
como ele irá tomar as suas decisões em relação às aplicações financeiras. “A
forma como a pessoa é em sua vida não sinaliza que ela será da mesma maneira
quando o assunto é investimento”, afirma Vera.
Para ela, a maioria dos indivíduos possui aversão à perda, independentemente
de como eles são em sua vida pessoal. “As pessoas não querem ficar sem aquilo
que já possuem”, diz.
Ela ressalta que, muitas vezes, os indivíduos acabam aceitando mais riscos
porque não se dão conta de que estão realmente correndo um risco real. “No
fundo, elas acham que tudo vai dar certo e por isso acabam aceitando”, afirma
Vera.
A diretora de Operações de Varejo da WinTrade, home broker da Alpes
Corretora, Mariana Borges, concorda que a personalidade do indivíduo não reflete
necessariamente a maneira como ele investe no mercado acionário. “Não acredito
nesta relação entre a maneira que a pessoa lida com seus investimentos e a sua
forma de agir com questões pessoais. Uma pessoa conservadora na vida pessoal
pode ter um perfil moderado ou agressivo e o mesmo vale se for o contrário”, diz
Mariana.
Perfil do investidor
Já que não é tão simples saber qual é o seu perfil de investimento apenas
olhando para a personalidade, é obrigatório que o cliente preencha um
questionário ao abrir a conta em uma corretora de valores, justamente para que
seja identificado qual tipo de investidor vai operar e quais as aplicações mais
adequados para ele.
“Este procedimento é importante para que o cliente conheça qual é o seu
perfil de investimentos e consiga escolher os produtos que mais se encaixam nas
suas necessidades”, afirma Mariana. "Outro ponto é que a corretora consegue
conhecer melhor o seu cliente e oferecer um produto diferenciado de acordo com a
necessidade do cliente”, continua.
De acordo com a executiva, além de indicar para o cliente quais os melhores
investimentos para as suas pretensões e características individuais, a análise
de perfil evita que o investidor se afaste do mercado acionário por não se
adaptar à maneira como estava investindo. “Se a pessoa começa a investir da
maneira errada, pode acabar tendo prejuízos e não querer mais voltar para
investir em ações”, diz Mariana.
Gênero e idade
Segundo ela, de uma maneira geral, os homens aceitam correr mais riscos no
mercado acionário do que as mulheres. “Normalmente as mulheres são mais
conservadoras do que os homens, estudam mais antes de começar a investir. Elas
realmente procuram saber saber bem onde estão colocando o dinheiro”, diz a
executiva.
Segundo ela, a idade também influencia na decisão sobre os investimentos.
“Pelo que nós percebemos, quanto mais novos os investidores, maior o apetite por
risco”, diz Mariana. “Por isso, homens mais jovens, até a faixa dos 30 anos, são
os que costumam ser mais tolerantes a riscos. À medida que a idade vai
avançando, eles começam a mudar um pouco e a preferir investimentos mais
conservadores”, conclui.