Seu filho já tem alguma noção sobre a importância do dinheiro, vocês costumam
discutir sobre o assunto em casa e as finanças não são um problema na família.
Então, quando se deve começar a mostrar para as crianças a importância dos
investimentos e introduzir a cultura de aplicar o dinheiro no universo dos
jovens?
De acordo com o educador financeiro e sócio-fundador da Mais Ativos, Álvaro
Modernell, o assunto “investimento” é algo bastante subjetivo para as crianças,
pois envolve o conceito de risco/retorno, ou seja, a possibilidade de ganhos (e
consequente aumento de patrimônio) ou perdas, dependendo do tipo de aplicação
escolhida.
Por este motivo, ele recomenda que este tema só seja abordado quando a
criança já tiver aprendido o conceito de formação de poupança. “Ela já precisa
saber o que é uma poupança, precisa saber juntar suas moedinhas, guardar uma
parte da mesada, algo que possa acumular um dinheiro e ter consciência de como
isso é feito”, afirma Modernell.
Portanto, antes de começar a introduzir a criança no universo dos
investimentos, os pais devem mostrar a importância de conseguir separar uma
parte da renda com o objetivo de investir e acumular capital. “Elas têm que
aprender a escolher objetivos que façam valer a pena o sacrifício do
investimento", diz. "Também é preciso ensinar o consumo consciente, ou seja,
como comprar produtos compatíveis com a sua realidade econômica”, completa.
O educador ressalta que este processo de conscientização demora, em média, de
dois a três anos. “O ideal é que se comece a falar sobre dinheiro e finanças
quando a criança tiver por volta de 6 a 7 anos. Por isso, o assunto investimento
pode começar a ser abordado a partir dos 9 ou 10 anos”, aconselha Modernell.
Tipos de aplicações
De acordo com ele, o ideal é que as crianças comecem a aprender a investir
por meio de aplicações mais simples, como a caderneta de poupança, fundos de
previdência ou mesmo fundos de renda fixa. “No início, é muito difícil para uma
criança entender o conceito de renda variável. Por isso, o ideal é começar por
aplicações em que sempre a rentabilidade é sempre positiva”, afirma Modernell.
A educadora financeira e diretora do The Money Camp, Silvia Alambert,
concorda que os pais devem começar mostrando para as crianças investimentos mais
fáceis de serem compreendidos. “A caderneta de poupança é simples e mostra para
a criança a importância do investimento, do planejamento do futuro”, diz Silvia.
Para Modernell, o próximo passo é ensinar o conceito de empreendedorismo e a
importância deste tipo de atitude para a vida adulta. “Como montar um negócio
próprio, ou comprar um terreno para investir, por exemplo. É importante que os
pais mostrem que existe uma combinação entre capital e trabalho e, muitas vezes,
viabilizar um negócio pode ser um excelente investimento”, diz Modernell.
Depois de ter noção desses conceitos, ele diz que o jovem já está mais bem
preparado para entender o funcionamento e as principais características do
investimento em renda variável. “O investimento no mercado acionário não é tão
simples de ser compreendido. Existem dois pontos que podem confundir um jovem
que está começando. Em primeiro lugar, se a ação tiver um desempenho muito bom,
o jovem pode ter a noção errada de que sempre será assim e que é tudo muito
fácil. Já se tiver um desempenho muito ruim, pode criar uma aversão e a criança
pode não querer mais investir”, diz Modernell.
De acordo com Silvia, quando a criança é introduzida no mundo dos
investimentos desde cedo, fica muito mais simples entender o significado dos
termos e o funcionamento do mercado de capitais. “Elas vão aprendendo aos poucos
e assim conseguem assimilar de maneira muito tranquila”, diz.
Formando investidores conscientes
Modernell ressalta que este tipo de atitude dos pais, inserindo as crianças
e jovens nos investimentos, é importante e pode ajudá-las a se tornarem adultos
mais conscientes e bem sucedidos com as próprias aplicações financeiras.
“Passar informação de que a poupança é algo positivo, mostrar que o dinheiro
faz parte do dia a dia, que as relações estão próximas do dinheiro, tudo isso é
muito importante para evitar que esses jovens entrem em armadilhas no futuro”,
afirma.
Para Silvia, este tipo de conhecimento vai preparar a criança para enfrentar
a vida real. “Vivemos em uma era de conhecimento e as coisas mudaram muito. As
crianças precisam entender como funcionam as finanças, pois isto é algo que vai
influenciar bastante as suas vidas”, conclui.