Que investir é a melhor maneira de alcançar os objetivos financeiros, a
maioria das pessoas concorda. Entretanto, a rentabilidade e os benefícios dos
investimentos são sempre acompanhados por algum tipo de risco, seja ele alto ou
baixo.
E se você pensa que os riscos são exclusivos de investimentos de renda
variável, está enganado. Apesar de oferecerem riscos menores, os investimentos
de renda fixa não estão totalmente livres deles.
De acordo com o especialista em finanças e membro orientador do INI
(Instituto Nacional de Investidores), Nilton Farinati, existem três principais
riscos nos investimentos: o risco de crédito, risco de liquidez e risco de
mercado.
Risco de mercado
O economista e diretor da Nortfolk Advisors, Ricardo Torres, explica que o
risco de mercado se refere às oscilações de preços dos ativos por conta da
oferta e da demanda. “Dependendo do momento, é melhor estar comprado ou vendido
em algum ativo. Ou seja, pode existir uma pressão compradora ou vendedora que
faz com que exista um risco naquele investimento”, afirma Torres.
Muito comum com investimentos de renda variável, as possíveis perdas
decorrentes da variação dos preços dos papéis fazem parte do risco de mercado.
“No caso das ações, quanto maior a volatilidade do papel maiores são os riscos
de mercado daquele investimento”, afirma Nilton Farinati.
Mas, o economista da Nortfolk lembra que o risco de mercado não é exclusivo
da renda variável. “Se você compra um título público com vencimento em 2020 e
taxa de 11,5% ao ano e a taxa de juros sobe, você também está ganhando menos e
configura-se o risco de mercado também na renda fixa”, explica Torres.
Como escapar?
Não há como acabar completamente com os riscos de mercado de um ativo.
Quando você investe em ações, por exemplo, não existe garantia nenhuma de que o
papel terá um bom desempenho no período em que estiver em seu portfólio.
Entretanto, existem maneiras de mitigar um pouco as chances de prejuízo, de
acordo com Farinati.
“Você pode, por exemplo, comprar papéis de empresas que são boas pagadoras de
dividendos. As ações destas empresas costumam ser menos voláteis do que as
outras, já que os investidores não vendem tanto quando o mercado tem problemas,
justamente porque têm a garantia de receber os dividendos”, diz Farinati.
Risco de crédito
O risco de crédito se refere à possibilidade da instituição com a qual
estamos negociando não cumprir com a sua parte na transação e deixar de honrar
os seus compromissos.
Este tipo de risco é mais comum nos títulos de renda fixa, que na prática
funcionam como se o investidor estivesse “emprestando” dinheiro ao emissor, em
troca de uma remuneração, que é a rentabilidade do título.
Mas, Ricardo Torres aponta que o risco de crédito existe em todas as
transações que estão fora de mercados organizados de bolsa. “Portanto, operações
com derivativos efetuados em mercado de balcão, por exemplo, também estão
sujeitas ao risco de crédito”, diz.
Segundo ele, nas transações efetuadas em bolsa de valores este tipo de risco
não acontece. “As bolsas têm mecanismos seguros de travas para que não haja o
risco de crédito nas operações”, pontua.
Como escapar?
Os títulos públicos e os títulos emitidos por empresa (debêntures) costumam
ter uma classificação de risco (rating) emitida por agências especializadas.
Quanto maior a nota, menor a chance de “calote” daquele governo ou empresa,
portanto, menor o risco.
“Ao mesmo tempo, aqueles que têm menor nota costumam pagar juros maiores,
para compensar o maior risco que o investidor está correndo”, afirma Farinati.
Risco de liquidezzz
O risco de liquidez é a dificuldade de transformar algum ativo em dinheiro,
ou seja, quando não se encontram compradores para determinado investimento. Este
risco também está presente em praticamente todas as aplicações, mas existem
aquelas que possuem um risco maior do que outras.
“Quando você compra um imóvel, por exemplo, dificilmente conseguirá vendê-lo
no dia seguinte, a não ser que coloque um preço muito menor do que aquele que
você pagou”, afirma Torres.
Mesmo quando você investe em ações também pode correr o risco de ter uma
baixa liquidez, dependendo da empresa da qual decidir virar sócio. “Existem
ações que possuem pouca liquidez e você pode não conseguir se desfazer dos
papéis no momento em que desejar”, ressalta o economista.
Como escapar?
Para diminuir os riscos de liquidez, o investidor pode optar por comprar
ações de empresas mais conhecidas e que possuem maior volume médio de
negociação, as chamadas “blue chips”.
De acordo com Farinati, mesmo quem compra imóveis com objetivo de
investimento pode reduzir um pouco o risco adquirindo aqueles que costumam ser
mais negociados no mercado. “Imóveis menores e de valores mais baixos costumam
ter mais liquidez do que aqueles de alto padrão, por exemplo”, conclui o
especialista em finanças.