Em épocas de instabilidade econômica e possível crise financeira o consumidor
precisa reajustar seu orçamento e, como primeiro passo, deve fazer uma análise
detalhada dos elementos que mais impactam sua renda mensal.
De acordo com o professor da InvestEducar, Márcio Rodrigues, em momentos de
incertezas é importante que as pessoas entendam seu perfil de consumo, para que,
com esse dado em mãos, consigam traçar um plano reativo. Vale lembrar que direta
ou indiretamente todos são afetados pela crise, seja por conta inflação, do
aumento dos juros ou por riscos inerentes ao mercado de trabalho.
Como está sua carreira?
No caso do mercado de trabalho, é regra que crises econômicas trazem
instabilidade nos empregos. Se aumentam as chances de perder o emprego, é hora
de começar a poupar para não ser pego de surpresa. Esse também é um bom momento
para fazer uma avaliação de sua carreira, no sentido de entender se ela está
caminhando de forma sustentável.
Para perder o emprego, basta estar empregado, certo? Porém, quanto mais
garantias o profissional tem de que sua carreira está sendo desenvolvida de
forma sustentável, menor é o risco de ficar desempregado de uma hora para outra
ou de enfrentar dificuldade para encontrar uma nova posição, inclusive em tempos
de instabilidade econômica. Portanto, é importante refletir: como está sua
carreira?
Compromissos de longo prazo
Se o plano era, em alguns meses, realizar uma compra grande, como de um
carro ou de um imóvel, que contaria com financiamento como forma de pagamento, é
melhor adiar a aquisição, opina Rodrigues. Momentos econômicos “nebulosos” não
são favoráveis para contrair financiamentos, principalmente para aqueles que já
assumiram dívidas e precisam arcar com as parcelas.
O educador financeiro e sócio-fundador da Mais Ativos, Álvaro Modernell,
compartilha da mesma opinião e recomenda enfaticamente que os consumidores
evitem dívidas. “A principal atitude em momentos de incertezas, com possíveis
apertos na economia, é ficar longe das dívidas”, aconselha.
Se evitar as dívidas deverá pautar o comportamento das famílias ao
estabelecer seu planejamento financeiro, na outra ponta, é necessário iniciar
uma acumulação de capital. De acordo com o professor da Escola de Economia da
FGV-SP, Samy Dana, poupar é importante por dois motivos. Em primeiro lugar, para
enfrentar possíveis aumentos de preços e eventual perda de emprego, já que em
épocas incertas, tudo pode acontecer.
Em segundo lugar, acumular recursos permite que, caso haja realmente uma
crise, os indivíduos possam aproveitar as oportunidades decorrentes dela. Na
prática, a crise traz redução do consumo, mas, por outro lado, estimula o
comércio a oferecer descontos e ofertas que não fariam em tempos “tranquilos”.
Assim, “quem tiver dinheiro, vai poder aproveitar melhor”, observa Dana.