Analisar o perfil da empresa, se ela tem histórico de crescimento consistente
e se está preparada para apresentar demonstrações financeiras em tempo hábil
exigido pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários) são algumas das
características necessárias para abertura de capital de uma companhia no Brasil.
De acordo com o sócio líder da Capital Markets da PricewaterhouseCoopers (PwC)
Brasil, Ivan Clark, a questão contábil é uma das principais dificuldades
enfrentadas pelas empresas que pretendem listar as suas ações na Bolsa de
Valores.
“Muitas empresas de capital fechado 'patinam' bastante em relação à parte
contábil. Elas não estão acostumadas com os prazos da CVM e precisam se adequar
às regras para poderem atender todas as exigências do órgão regulador”, disse,
durante o lançamento do livro “Como abrir o capital de sua empresa no Brasil”,
editado pela PwC.
Vantagens de abrir capital
Entre as principais vantagens para a empresa que abre o capital, o executivo
cita, em primeiro lugar, a captação de recursos financeiros para atender aos
projetos de expansão. “A companhia vai poder investir mais e aumentar sua
produção”, aponta.
Outro ponto favorável é que a companhia terá condições de usar essas novas
ações como se fosse uma moeda de troca. “Se a empresa quiser adquirir uma outra
companhia, ela pode simplesmente usar as suas ações para efetuar esta
transação”, aponta.
Além disso, o executivo ressalta que, no caso de empresas familiares, se um
dos acionistas quiser sair da sociedade pode colocar a sua parte de ações na
bolsa.
Potencial
De acordo com o diretor executivo de fomento e desenvolvimento de negócios
da BM&FBovespa, José Antônio Gragnani, o Brasil ainda tem muitas empresas com
alto potencial para abrirem o capital na Bolsa de Valores de São Paulo.
“Temos hoje cerca de 3 mil empresas faturando acima de R$ 400 milhões por
ano. E apenas 400 empresas listadas na Bolsa. Então, são pelo menos 2.600
empresas com um ótimo potencial para abrir o capital”, aponta o executivo.
Para Gragnani, o Brasil ainda tem muito pouca tradição no mercado de
capitais. “Em países asiáticos, europeus, nos EUA e Canadá, notamos que existe
uma cultura de mercado de capitais muito forte. Nesses países, vemos uma
participação muito relevante de pessoas físicas, de fundos de investimentos, de
fundos de pensão e do próprio Governo”, aponta o executivo.
“Por outro lado, aqui no Brasil, sentimos a falta de conhecimento em relação
ao mercado de capitais e até mesmo uma falta de apoio do próprio governo nesse
sentido”, completa.