Você provavelmente já deve ter reparado nas siglas ON e PN que acompanham os
papéis das companhias brasileiras de capital aberto. O que muitos investidores
não sabem é exatamente o que elas significam e qual a diferença entre optar por
uma ação ON (ordinária) ou PN (preferencial).
O analista econômico da Wintrade, José Góes, aponta que uma das principais
diferenças entre as ações preferenciais e as ordinárias é que para os detentores
da primeira, existe uma preferência na distribuição de dividendos, enquanto quem
possui papéis ON tem direito a voto nas assembleias.
O coaching de investimentos e diretor da Trader Brasil Escola de
Investidores, Alan Soares, concorda, mas ressalta que no caso dos pequenos
investidores, a decisão de voto é bastante limitada. “Se o acionista tiver um
lote de 100 ações por exemplo, seu voto vai ser irrelevante”, aponta.
Entretanto, mesmo que o acionista minoritário não tenha decisão de voto
relevante na empresa, aqueles que possuem ações ordinárias têm um benefício a
mais. É o chamado "tag along".
Mudança de controle acionário
Com o tag along, em caso de mudança no controle acionário da empresa, a
companhia que está comprando a parte pertencente ao bloco controlador é obrigada
a fazer uma oferta pública de aquisição das ações ordinárias pertencente aos
minoritários de, no mínimo, 80% do valor pago pela aquisição das ações do grupo
controlador.
Para exemplificar: uma empresa possui suas ações ON distribuídas da seguinte
forma: 51% entre o grupo dos controladores, 25% para um fundo de investimentos e
os 24% restantes para os acionistas minoritários, ou seja, os investidores que
negociam diariamente na Bolsa de Valores.
Se uma segunda companhia quiser adquirir esta empresa ela vai precisar, além
de fazer uma oferta para o grupo controlador (que detém aqueles 51%), oferecer
aos minoritários a compra de suas ações por pelo menos 80% do valor proposto
para os controladores.
“Por isso, em caso de mudança de controle acionário, vemos as ações ON se
valorizando muito acima das ações PN”, aponta Soares.
Em alguns casos, o tag along também pode se estender para as ações
preferenciais e também pode ser maior do que 80%. “Isso vai depender do estatuto
de cada empresa. Pela lei, apenas as ações ON têm direito e o percentual é de
80%. Mas podem ter exceções”, aponta Góes.
Dividendos
Uma das maiores vantagens de comprar ações preferenciais é obter a
preferência no recebimento dos dividendos da empresa. Pela lei, os investidores
que possuem ações preferenciais têm direito a receber dividendos no mínimo dez
por cento maiores do que o valor por ação pago àqueles que possuem ações
ordinárias.
“Por isso, para quem opera com uma carteira baseada em dividendos, visando o
longo prazo, comprar ações preferenciais pode ser uma boa alternativa”, diz
Soares.
Melhor opção
Para o diretor da Trader Brasil, não tem como especificar qual é o melhor
tipo de ação para ser negociada. “Cada uma tem sua característica e é importante
que o investidor saiba quais são, para tomar a decisão de compra”, diz.
Já para José Góes, de uma maneira geral, as ações ON são mais indicadas.
“Quando você compra ações ordinárias, está junto com o bloco controlador da
empresa”, diz o analista.
Mas, ele lembra que é sempre importante analisar as regras de governança
corporativa de cada companhia, que definem os direitos do acionistas, já que em
alguns casos as ações PN podem ter os mesmos benefícios das ON e vice-versa.
Outro fator a ser considerado é a liquidez, já que muitas vezes as ações
preferenciais são mais líquidas (mais negociadas na bolsa). “A liquidez também
precisa ser analisada, pois, em alguns casos, você pode comprar um papel e ser
penalizado pela baixa negociação, ou seja, não conseguir vender no momento em
que deseja”, ressalta Góes.