A mesada é uma das melhores ferramentas de educação financeira infantil. É
boa porque é simples, conhecida, bem-aceita, freqüente, duradoura e porque
permite e facilita a abordagem de vários elementos ao longo do tempo.
Mas cuidado! Como todo instrumento, se bem utilizado pode gerar benefícios, mas
o contrário também pode ocorrer. O primeiro ponto é os pais avaliarem se estão preparados para dar mesada e
cumprir o que for acordado. Sim, porque se houver um acordo de pagar a mesada em
determinado valor e com determinado prazo, isso deve ser cumprido. O mesmo deve
acontecer se forem estabelecidas condicionantes ou regras específicas. O que é
acordado deve ser cumprido.
Inclusive, e principalmente, para dar o exemplo. Se os pais atrasam o pagamento da mesada, passarão indiretamente o recado que
não é importante cumprir compromissos. Isso seria “deseducação”, um caso típico
de malefícios que a mesada pode trazer.
Conceder adiantamentos com freqüência também pode trazer prejuízos à educação
financeira dos filhos. Essa facilidade prejudica o planejamento, o respeito aos
limites, a disciplina financeira e até mesmo a relação de autoridade, muitas
vezes necessária para corrigir certos rumos indesejados. O mesmo vale para os valores. Não importa se forem pequenos ou elevados, mas
devem ser constantes, respeitando o acordado. A mesada é o instrumento que mais
se assemelha ao salário, e certamente a maioria das crianças será assalariada,
quando adultas. É de se esperar que crianças que aprendam a administrar bem sua
mesada tenham mais facilidade para administrar o orçamento mensal quando
crescerem.
Como se vê, decidir dar mesada aos filhos é mais do que simplesmente dar-lhes um
agrado na forma de dinheiro. É uma responsabilidade importante. Uma ótima
oportunidade. E não há mais dúvidas: é mais importante dar educação financeira
aos filhos do que deixar-lhes um quinhão em dinheiro. A primeira fica para a
vida toda. O dinheiro, na mão de quem não sabe administrá-lo, é realmente
vendaval, como dizia Paulinho da Viola.
Dicas práticas:
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Crianças pequenas têm pouca noção de tempo e dificuldade para lidar com
prazos. Comece com semanadas, quinzenadas e passe para a freqüência mensal
somente após os dez ou doze anos, conforme a maturidade da criança.
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Estabeleça valores compatíveis com a realidade econômica da família e com
o meio que a criança freqüenta. A média do valor que os amiguinhos ganham é um
bom indicativo.
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Respeite prazos e valores acordados.
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Estimule a poupança. Ofereça reforços eventuais para estimular essa
prática.
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Valorize e recompense boas atitudes em relação ao dinheiro. Ajude a
viabilizar projetos pelos quais a criança tenha se esforçado para realizar.
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Rigidez em excesso é tão prejudicial quanto falta de disciplina. São
crianças.
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Converse a respeito do uso do dinheiro. Liberdade acompanhada é uma boa
política na maioria dos casos.