Finanças pessoais - Sem controle: efeito manada no consumo prejudica o orçamento
É uma cena bastante comum: um consumidor está andando despreocupadamente pelo
shopping quando, de repente, vê um grupo de pessoas se aglomerando em uma loja.
Curioso, entra no lugar e, daí, vê que está ocorrendo uma “super liquidação” e,
quando percebe, sai da loja com várias sacolas, assim como dezenas de outros.
Quem já se viu nessa situação reproduziu um comportamento chamado de efeito
manada. O conceito, geralmente empregado para explicar atitudes irracionais no
mercado financeiro, também pode se estender aos hábitos de consumo. “Efeito
manada é quando um grupo de pessoas faz alguma coisa e alguém fica sabendo
daquele comportamento e passa a fazer igual”, explica a psicóloga, coach e
educadora financeira Paula Schurt, acrescentando que a pessoa age dessa forma
para buscar o apoio de um grupo, tendo a sensação de que aproveitou ou não
perdeu uma vantagem, como o desconto em uma loja. “É uma forma de se sentir
seguro, você não fica sozinho. Se fica fora, é como se todo mundo estivesse
ganhando dinheiro, e você não. Em compensação, se perder dinheiro, não perde
sozinho, há um respaldo, uma segurança, por estar fazendo algo em conjunto”.
Além das ofertas e promoções, o consumo desenfreado (e desnecessário) pode ser
motivado por situações bem diversas, mas também ligadas ao comportamento.
Conforme observa a educadora financeira, há pessoas que tendem a preencher com
as compras “um vazio interno, uma ansiedade, uma frustração”, como o rompimento
de um namoro, por exemplo.
Como escapar das armadilhas
Entretanto, são as épocas festivas, como o Natal que se aproxima, por
exemplo, que se revelam grandes fatores que desencadeiam o comportamento de
manada, ainda mais porque, no caso das festas natalinas, há o componente
emocional, como o fato de se reunir com a família e amigos. Daí a importância de
se planejar, para evitar as armadilhas de consumo. “Faça compras com
antecedência e evite shoppings lotados, porque isso é um convite ao consumo.
Você vê uma loja cheia, entra, nem precisa e acaba comprando basicamente porque
achou que ali havia uma vantagem”, recomenda Paula. “Acabamos gastando muito
dinheiro em dezembro e esquecemos que em janeiro temos várias despesas: IPVA,
IPTU, colégio, material da escola”, completa.
Além de evitar shoppings ou lojas lotados, veja outras dicas da educadora
financeira para ir às compras de forma saudável, evitando agir em manada e
salvando o seu orçamento:
- Saiba o que quer comprar, estipule o quanto vai gastar e cumpra essa
meta.
- Diferencie necessidade de desejo: “se pararmos para pensar, precisamos
de poucas coisas para viver, mas desejamos todos os dias”, diz Paula, que dá
a dica: “se for a uma loja, viu algo que gostou, pergunte a si mesmo se
precisa disso. Saia da loja, conte até dez, tome um café, uma água...só com
a atitude de sair da loja e descansar dez minutos do lado de fora, em 70%,
80% das vezes, você não faz a compra, mal lembra daquilo lá”.
- Cuidado com as ilusões: “Nosso cérebro nos enganha muito. Na questão do
preço R$ 999, por exemplo, achamos que estamos na casa de três dígitos e,
por isso, que tiramos alguma vantagem”
Desenvolva o autoconhecimento: “Precisamos nos conhecer, saber em que estão
sendo pautadas as escolhas, para não cairmos nas armadilhas. É importante se
conhecer bem em relação ao consumo, saber como foi lá na infância, se faltou
algo ou não”, diz Paula.
- Especificamente em relação ao Natal, a educadora financeira dá
alternativas, como realizar amigo secreto. “Você dá um presente só, ganha um
presente só, todo mundo fica feliz, é um combinado entre a família, e você
acaba economizando”. A internet também é uma boa opção: “Apesar de o
consumidor estar vendo um monte de coisas, ele tem de parar para passar o
cartão de crédito, não é tão fácil quanto se estivesse em uma loja. Tem mil
opções, mas ele não vai passar pelas mil opções, vai ter de selecionar, ver
o quanto custa, fechar a compra, ver se precisa daquilo mesmo”, afirma.
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Ana Paula Ribeiro
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