Vida de trader não é fácil. Como operadores de mesa de importantes corretoras
de investimentos, scalpers e adeptos do swing trade passam o dia analisando
oportunidades únicas de compra e venda, com o intuito de aproveitar melhor a
volatilidade do mercado.
Muitos destes investidores utilizam a análise técnica para operar, uma vez que
ela oferece uma perspectiva mais clara do curto prazo. Aliado ao instrumental,
outros utilizam também o livro de ofertas para observar os players que estão na
ponta compradora ou vendedora, com especial atenção às corretoras
internacionais.
Independente dos parâmetros de operação, a vida do trader começa a complicar
quando o mercado aproxima-se do rompimento de resistências e suportes, tendendo
a movimentos laterais e sinais gráficos díspares no intraday, minimizando a
probabilidade de trades vencedores.
"Os saltos tanto para um lado como para o outro derrubam stops de comprados e
vendidos e os sinais técnicos nos deixam mais dúvidas do que certezas", revela
Ricardo Dallalana, trader e um dos administradores do Arco Trading. E o momento
do mercado reflete o relato.
"Falsas" resistências
Em movimento lateral macro entre 60.000 pontos e 67.500 pontos, o Ibovespa
flerta no intraday com sinais de topo e fundo confusos. Acreditando na força da
resistência, os traders aguardam a realização para fazer uma entrada. Contudo, o
volume decrescente ao passar dos candles parece desconfigurar a formação,
trazendo mais incerteza para o trader de como se posicionar.
Um exemplo recente deste fato, destacado por Ricardo, pode ser visto com as
ações preferenciais classe A da Vale (VALE5). O topo na região dos R$ 42,00
feito entre os dias 21 e 23 de outubro sugeriu venda para o trader, que
efetivamente lucrou com a queda dos papéis até R$ 37,60, fechando o gap feito no
dia 8 de outubro.
Dias depois, as ações ganharam força e voltaram a testar a resistência da região
dos R$ 42,00 entre os dias 4 a 6 de novembro, configurando assim um topo triplo.
Detalhe para o volume ascendente.
Novamente de frente com a resistência e o volume favorável, o trader entra
vendido e com stop imediatamente acima da máxima (R$ 42,44). Contudo, no dia 9
de novembro, o papel abre com gap, aciona um pivô de alta e o stop loss do
trader, que inverte sua posição ante o rompimento da figura de impulsão. Agora
comprado, o trader aguarda o teste dos R$ 43,50 (resistência primária) para
fechar sua posição.
Contudo, o stop loss é atingindo dois dias depois ante o teste dos R$ 42,10
(média móvel exponencial de 5 dias). Caso comprasse o forte suporte (antiga
resistência), tendo em vista o volume diário alto, incorreria também em um novo
prejuízo dia seguinte.
Momento sugere cautela
Como demonstrado, o momento sugere muita atenção e expertise do investidor,
que deve "se posicionar de forma comedida", recomenda o trader da Arco Trading.
"Neste momento confuso, um stop bem posicionado faz a diferença".
Toda esta cautela visa à preservação do capital, enfatiza Ricardo. O trader deve
lembrar sempre da célebre frase: "Existem momentos que a melhor estratégia é
ficar de fora do mercado".
Portanto, é necessário ter critério na escolha das operações e antes de apertar
o ponto de compra ou venda, identifique antes de tudo a tendência do ativo alvo.