Desde que comecei a compreender melhor os mercados financeiros em seu 
conjunto, que sinto arrepios na espinha cada vez que um profissional de 
determinada área financeira ou de investimentos categoricamente afirma que tal 
ação ou título vai oferecer pelo menos “x%” de lucratividade ou ganho até data 
“y”. 
Normalmente tenho o costume de deixar o sujeito falando sozinho, pois não 
acredito em prognósticos que envolvem qualquer data futura, por mais 
fundamentados que sejam os argumentos utilizados. Penso que oferecer palpites a 
respeito de investimentos envolve muito mais do que puramente a matemática e 
tendências conhecidas. 
Após inúmeros anos assistindo de camarote mercados e negócios irem à 
estratosfera e outros caírem vertiginosamente em um segundo momento, chego à 
humilde conclusão que sou apenas um medíocre e eterno estudante das finanças e 
dos investimentos, que sempre me surpreendem novamente com novas desventuras.
Tenho muita bronca daqueles eternos pseudo sabidões que tentam provar por A 
mais B que determinado negócio dará tal lucro, basta você embarcar na canoa que 
eles prepararam ... 
Afinal das contas, o que eles sabem mais do que eu ou você, caro leitor, a 
respeito das complexidades dos mercados nacionais e internacionais, da natureza 
dos homens que mexem os pauzinhos atrás das grandes corporações, dos políticos 
que somente agem a favor dos seus próprios interesses? 
Muitas vezes, desejam apenas convencer aos incautos de que são os donos da 
verdade, enquanto conhecem, quem sabe, apenas 1% dos inúmeros fatores que 
envolvem o risco e retorno de qualquer investimento! 
Tenha o costume de sempre passar os olhos em cartas de leitores de jornais e 
revistas, pois muitas vezes aqueles que escrevem cartas e comentários às 
redações, sabem mais sobre determinados assuntos que muitos jornalistas 
especializados reunidos! 
As referidas cartas comentam uma entrevista do CEO (Chef Operating Officer) 
Jack R. Meyer que administra atualmente os 27 bilhões de dólares do Harvard 
Management. (Reportagem de 27.12.04 em Business week) 
Uma das cartas comenta, e pergunta, porque dois diferentes profissionais 
analistas de ações jamais recomendam a mesma ação. Ele ainda pergunta ou sugere 
por que não jogar um dardinho para escolher em vez de pedir uma opinião de 
especialista. Continua dizendo que o melhor mesmo é investir em um fundo 
indexado, cujas taxas de administração são mais baixas que outros fundos 
setoriais, etc. 
A carta do segundo leitor é bem mais sarcástica e irônica. Ele não tem papas 
na língua e escreve, traduzido textualmente por mim do inglês; 
“todo negócio de administração de investimentos é uma enorme embromação”. 
E continua; 
“ Eles deletam (querendo com isso dizer, fazem desaparecer) bilhões de 
dólares cada ano em transações com suas taxas, despesas e custos. Eu investi por 
20 anos em uma empresa de porte e em minha opinião, o pessoal administrativo 
original possuía ética. Aí eles se aposentaram e um grupo mais jovem assumiu. 
Tudo o que estes buscavam eram negócios, negócios e mais negócios. Era fácil 
sentir que eles não tinham qualquer interesse na melhora dos meus rendimentos ( 
e meus interesses). Finalmente vendi as ações e caí fora do ramo das inversões. 
Acredito que para o pequeno investidor o mercado é uma enganação e de que 
grandes investidores manipulam os mercados. 
As opiniões acima transcritas foram dos dois leitores de Business Week. 
E Frankenberg, o que pensa a respeito? 
Ele endossa em parte a opinião dos dois leitores, mas gostaria de acrescentar 
seu próprio e breve comentário. 
Acreditamos que confiança em administradores e analistas de investimentos é 
conquistada aos poucos e nunca deveria ser dada automaticamente por parte da 
gente. 
De fato há muitos profissionais apenas interessados em seu próprio proveito. 
Cabe a você, caro leitor e investidor, escolher aqueles que lhe inspiram 
confiança. Mas não entregue a sua confiança ( e dinheiro) cegamente. De vez em 
quando é bom testar seu administrador de investimentos para ver se ele continua 
merecendo a sua confiança. 
Faça sempre alguns cálculos de lucratividade, não esquecendo de deduzir as 
despesas, impostos e inflação na obtenção do rendimento. Verifique portanto 
quanto seus fundos de investimento e carteira de ações tem dado em real 
lucratividade nestes últimos três anos ou mais, após deduzidas todos os estes 
custos e principalmente a tal da famigerada inflação ou melhor dito poder 
aquisitivo do dinheiro. 
Compare sempre os resultados com outros investimentos semelhantes, 
administrados por outros grupos. 
E um dos meus melhores conselhos para finalizar esta crônica continua sendo ;
D i v e r s i f i q u e ! 
A velha bíblia continua tendo muita razão. Não coloque todos os ovos na mesma 
cesta. 
Comece o ano com novos propósitos e inclua neles não confiar cegamente em 
alguém. 
Afinal de contas se você construiu alguma poupança, não deve ser tão ruim assim 
em cuidar dos seus próprios interesses para também poder opinar e julgar o que é 
melhor para si.