Negócios / Empreendedorismo - Mercado pet tem grandes oportunidades, mas exige especialização e inovação
Imagine um mercado com mais de R$ 9,6 bilhões de reais movimentados por ano e
de 84 milhões de “potenciais clientes”. É com essa realidade que os investidores
do mercado pet convivem hoje no Brasil. Os dados (2009) incluem a movimentação
com pet food, medicamentos veterinários, serviços, equipamentos e acessórios
para o universo dos milhões de pequenos bichos (gatos, cães, peixes, pássaros,
entre outros). Os números são da Anfalpet (Associação Nacional de Fabricantes de
Produtos para Animais de Estimação).
Trata-se de um mercado diferenciado. Não há grandes players, como no varejo, no
setor de supermercados e eletrodomésticos, por exemplo, o que significa um vasto
nicho de possibilidades para empreendimentos, serviços e ideias.
Para o consultor da Petconsult, consultoria do mercado pet, Jefferson Braga, o
mercado ainda está em processo de amadurecimento. “Costumo definir esse mercado
como pobre, amador e incipiente. Falamos de um mercado com formato de cadeia
tradicional, ou seja, de dentro para fora; partimos dos fabricantes,
distribuidores e chegamos aos pontos de vendas, podendo estes serem no formato
de clínicas veterinárias, pet shops, salões de estética e mega lojas. Esse
formato faz com que o ponto de venda acabe sofrendo as mais diversas agruras
administrativo-financeiras, pela falta de formação no assunto.“
Outro consultor da área, o gestor da Planet Zoo Pet Solutions!, Vanderson
Santana, concorda com a opinião de que faltam iniciativas de qualidade no
mercado nacional. “Ainda trabalhamos essencialmente com importação em diversos
segmentos da cadeia. Estamos na linha do 'nada se cria, tudo se copia'. Temos
poucas pessoas especializadas, a fabricação de itens nacionais é crítica e a
maior parte das grandes indústrias ainda não enxergaram as perspectivas abertas
pelo segmento”, analisa.
Oportunidades
Como o mercado ainda é pouco profissionalizado, sobram oportunidades para quem
quiser investir, apostar e inovar em produtos e serviços para os animais de
estimação. Braga recomenda quem está interessado em entrar no mercado a repensar
os modelos já existentes, que se mostram desgastados. “Veja, se pegarmos, por
exemplo, uma sala de estética, podemos criar um ambiente agradável, claro,
climatizado, limpo e que seja confortável para os profissionais e para os
animais, o oposto do que vemos um muitos locais com salas apertadas, escondidas,
encardidas e mal cheirosas. O comportamento do animal muda num ambiente
climatizado, agradável e o proprietário verá a diferença.”, exemplifica.
Braga destaca ainda a possibilidade de trabalhar com o mercado de produtos.
“Diferente do que se pensa, muita gente gasta com seus pets. Compram artigos de
luxo, produtos de alta qualidade, como por exemplo: coleiras com cristal
Swarovski, camas emborrachadas de nylon de paraquedas, brinquedos importados,
perfumes, roupas etc. Tem espaço para muita coisa, basta saber explorar o
mercado”.
Vanderson Santana acredita que a maior parte dos empreendedores que apostam em
negócios pet tem dificuldade de sair das soluções óbvias, o que torna o mercado
todo muito igual. “Veja o caso do hotel para cães, por exemplo. É um serviço
extremamente popular, mas deveria ser o último recurso dos donos dos bichos. Os
animais são retirados dos seus ambientes, de sua convivência e são obrigados a
entrar em um contexto totalmente diferente, causando um estresse psicológico
absurdo. Mesmo assim, os serviços de cuidadores de cães nas próprias
residências, tão populares em outros países, são quase inexistentes aqui”.
Outro problema, apontam os consultores, é a forma como são tratados alguns dos
lançamentos tidos como inovadores no Brasil. “Acontece o lançamento de soluções,
produtos e novidades, mas de certa forma eles vão se perdendo, por falta de
inserção, divulgação, relacionamento com os clientes”, diz Santana.
Falta capacitação
Muitos dos gestores e empreendedores de pets desconhecem o nicho de mercado em
que se inserem. É muito comum listar, entre as motivações de novos donos de
estabelecimentos do tipo, por exemplo, o fato de simplesmente gostarem de
animais ou contar com um veterinário na família. “É um negócio extremamente
complexo. Há legislação municipal, estadual e federal e diversas exigências. É
necessário conhecer e se relacionar com os clientes para garantir um diferencial
e estar constantemente atualizado sobre novidades no segmento”, aponta Santana.
E o problema não se dá apenas no nível da gestão. A avaliação é que faltam
trabalhadores especializados para atuar nos mais diversos empreendimentos do
setor. “A mão de obra desse mercado é escassa e mal formada. Não dispomos de
profissionais sequer para área de estética na quantidade adequada. Conheço
empresários prontos para investir em estética de maneira adequada, mas que não
encontram os profissionais qualificados.”, relata Braga.
Mercado aquecido
O crescente poder aquisitivo do brasileiro e a mudança de hábitos, incluindo o
animal cada vez mais nas rotinas das famílias, habilitam o mercado pet a ser uma
grande aposta para o futuro. “A vida moderna traz consigo modificações
perceptíveis e a inserção dos pets é uma delas. Há algum tempo que falamos da
“humanização” dos pets, do tratamento de animais como membros das famílias. É
importante considerar, no contexto geral do mercado, que a estabilização
econômica tem papel importante, elevando os níveis de consumo, seja para
produtos de luxo, seja para alimentar um pet com ração ao invés de comida”,
explica Braga, consultor da Petconsult.
Vanderson Santana vê o momento como positivo para compra e venda de pet shops e
investimentos em empresas ligadas ao setor. “Aqueles que realmente queiram fazer
um projeto diferente, com planejamento, poderão ter êxito. Vale apostar em ter
uma boa linha de produtos, investir muito em serviços, fidelizar, vender
conceitos e dispor de atendimento diferencial, individualizado”, recomenda.
Referência:
InfoMoney
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Autor:
Equipe InfoMoney
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