Quem realizou ou pretende realizar uma mudança radical de carreira deve
tratar a questão com cuidado nas entrevistas de emprego. Ao menos, esta é a
opinião do vice-presidente da De Bernt Entschev Human Capital, Bernardo
Entschev.
De acordo com ele, mudanças de área muito radicais podem gerar insegurança no
recrutador, por conta da possibilidade da pessoa querer voltar para a antiga
colocação. Isso acontece, explica Entschev, porque muitas pessoas não se
preparam financeiramente e emocionalmente para o período de transição.
“Por conta do “downgrade” salarial e de posição que uma mudança radical
implica, muitas empresas temem que a pessoa não assimile esse reinício de
carreira e resolva voltar para a antiga área. Assim, acredito ser muito
importante a pessoa deixar claro que está consciente das dificuldades a serem
enfrentadas e também que possui uma reserva financeira para uns dois, três anos,
aproximadamente, para manter, se este for o caso, o estilo de vida”.
Seja verdadeiro
O presidente da Curriculum, Marcelo Abrileri, por outro lado, acredita que
mudanças radicais na carreira não influenciam na busca por um emprego na nova
ocupação. Ainda assim, orienta, o profissional deve estar preparado para ser
questionado sobre as motivações que levaram a tal decisão. “O melhor é ser
sincero, verdadeiro. A pessoa deve explicar naturalmente os motivos que a
levaram a mudar radicalmente de área”, diz.
Entschev concorda e acrescenta: “O mais adequado é dizer que tem afinidades e
interesses que serão supridos pela nova carreira”.
Por outro lado, alerta, justificativas baseadas na questão salarial não devem
ser utilizadas. “Pode soar negativo dizer que mudou de área simplesmente porque
gostaria de ganhar mais, bem como as pessoas devem evitar falar que a falta de
sucesso na carreira anterior foi a motivação para a mudança”.
Duas carreiras ao mesmo tempo
Questionamentos parecidos, dizem os especialistas, podem enfrentar as
pessoas que cursam ou cursaram duas graduações de áreas totalmente distintas ao
mesmo tempo.
“Pode haver algum mal-estar porque a pessoa pode passar uma imagem de falta
de foco”, diz Abrileri.
Neste caso, orienta Entschev, o melhor a fazer é escolher, investir e
priorizar uma das carreiras.