Você tem um baita problema e precisa resolvê-lo o quanto antes? Deseja uma
solução definitiva ou paliativa? Saiba que independentemente de raça, crença,
nacionalidade ou cor, todos nós, mais cedo ou mais tarde, provavelmente vamos
nos deparar com um obstáculo desafiador.
Quando comecei a minha carreira profissional conheci dois amigos e fomos
admitidos para trabalhar na mesma empresa como aprendizes correspondentes. Uma
espécie de auxiliar de office boy. Pode até parecer curioso, mas foi exatamente
assim que consegui que alguém assinasse a minha carteira profissional pela
primeira vez aos quatorze anos de idade. Aos oito eu já trabalhava no mercado e
nas barracas das festas típicas da pequena cidade onde eu vivia.
Nós três tínhamos a mesma idade. Trabalhávamos oito horas por dia para
custear os estudos noturnos e, ao final de um ano, se obtivéssemos avaliação
satisfatória de nosso superior, seríamos promovidos para ocupar uma vaga de
mensageiro. Foi assim que eu me deparei com o primeiro problema profissional. Já
o meu colega João precisava aprender inglês para prestar exame que o habilitaria
a começar uma carreira promissora em uma empresa multinacional. O Arthur, por
sua vez, queria mesmo era voltar para a sua terra natal e para isso precisava
convencer o seu chefe a transferi-lo o mais rápido possível. Como se vê, logo no
primeiro dia de trabalho, tínhamos problemas diferentes pela frente. Em comum,
apenas o desejo de obter solução rápida.
"Os problemas significativos com os quais nos deparamos não podem ser
resolvidos no mesmo nível de pensamento em que estávamos quando eles foram
criados"
Albert Einstein
Daí, tudo que precisávamos seria alguém que pudesse nos mostrar uma solução
ou mesmo dar um conselho milagroso para aliviar as nossas dores. Porém, havia
duas situações que desconhecíamos. A primeira é que não há soluções rápidas para
resolver problemas agudos e a segunda é que a maneira como vemos o problema,
muitas vezes, é o verdadeiro problema.
Logo descobrimos, também, que os obstáculos são como feridas abertas na pele
que não podem ser curadas apenas com band-aids e mercúrio. Quando a lesão é
grande e profunda precisamos de muito mais cuidados e medicamentos adequados
para cicatrizá-la, caso contrário, as conseqüências poderão ser dolorosas e
duradouras.
Você conhece alguma pessoa que precisando dominar um idioma tenta
desesperadamente aprendê-lo do dia para a noite? O que normalmente acontece com
pessoas assim? Na maior parte das vezes ela falha, levando muitos anos para
conseguir algo que parecia ser possível realizar em um período curto.
Mas, afinal de contas, por que essas coisas acontecem? Devido aos nossos
paradigmas. Se a nossa crença diz ser possível assimilar um novo idioma em três
anos e só temos três meses para fazê-lo, a tendência é buscarmos um jeito de
tentar. Dai, se há anúncio na mídia oferecendo método rápido de aprendizagem,
não pensamos duas vezes, saímos com o talão de cheque na mão e fazemos logo a
matrícula. Qual será nosso resultado? Provavelmente, vamos logo descobrir que
não deu para chegar aonde gostaríamos, não é mesmo?
"O que vemos depende de onde estamos"
Stephen R. Covey
Então, o que fazer diante de uma situação assim? Talvez o melhor fosse não
sair atabalhoado em busca de um aprendizado milagroso e sim contextualizar a
questão. Se, por exemplo, parássemos para ver quanto tempo normalmente levamos
para aprender a falar a nossa própria língua, iríamos perceber que dificilmente
dominaríamos um segundo idioma em um décimo de fração, não é mesmo?
Stephen R. Covey em seu exuberante livro Os Sete Hábitos Das Pessoas
Altamente Eficazes ressalta que cada um de nós tem tendência a pensar que vê as
coisas como elas são, que somos objetivos. Mas, a verdade não é bem assim. Para
Covey "vemos o mundo não como ele é, mas como nós somos – ou seja, como fomos
condicionados a vê-lo". Segundo ele, quando abrimos a boca para descrever o que
vemos, na verdade descrevemos a nós mesmos nossas percepções e nossos
paradigmas. "Se alguém discorda de nós, naturalmente achamos que a outra parte
está errada. Quando, na verdade, o que pode ocorrer é vermos as mesmas coisas
por "lentes" diferentes."
Portanto, da próxima vez que você se deparar com um problema, antes de pensar
em uma solução rápida, reveja os seus conceitos e, provavelmente, irá descobrir,
em boa parte das ocasiões, que o problema não é tão feio quanto parece ou,
talvez, nem mesmo existe.