Passar por dificuldades financeiras não é nada agradável. Todos(as) que já
tiveram a experiência (ou estão tendo agora) sabem que esta situação traz alguns
efeitos colaterais, que terminam por influenciar outros aspectos da nossa vida.
Por isto, vamos analisar aqui de que maneira as finanças pessoais impactam
negativamente a capacidade de trabalhar e o rendimento no ambiente profissional,
no intuito de evitar armadilhas.
Diversos estudos mostram os efeitos danosos que problemas financeiros causam
na performance daqueles(as) que trabalham. Não há como listar todos eles e
discutir como afetam nossa produtividade, mas vale destacar determinadas facetas
nesta abordagem.
Para se ter uma ideia da abrangência da questão, pesquisa realizada em abril
de 2008 pela Kaiser Family Foundation apontou que 61% dos norte-americanos
enfrentavam sérios problemas financeiros e suas temidas consequências. No
Brasil, não temos uma estatística formal, mas, com certeza, não ficamos muito
atrás dos EUA.
Os reflexos ruins no desempenho profissional provocados por problemas
financeiros podem ser divididos em duas categorias: os diretos e os indiretos.
Dentre os reflexos diretos, podemos dizer que pessoas nesta situação tendem a
gastar parte de seu tempo no trabalho pensando na resolução das dores de cabeça
econômicas, o que desvia o foco das atividades profissionais. Já no que se
refere aos reflexos indiretos, começam a surgir problemas de saúde e uma série
de vícios derivados do descontrole emocional, estresse e preocupação excessiva.
Alguns estudos relatam que as dificuldades no campo das finanças acarretam
até dependência química, principalmente as relacionadas com consumo de álcool e
antidepressivos. Mais um impacto indireto é o aumento da irritabilidade também
no ambiente doméstico, que faz com que o indivíduo comece mal o seu dia e chegue
ao trabalho com os nervos à flor da pele.
Mas, afinal, é possível evitar que questões financeiras contagiem o ambiente
de trabalho? Bem, não há como imaginar alguém vivendo em dois mundos totalmente
independentes, paralelos, que jamais se cruzam: o pessoal e o profissional. Por
esta razão, é bastante difícil que um estresse financeiro passe longe de tudo e
não interfira em nada. Entretanto, podemos tentar minimizar esta influência
através de algumas atitudes, a maioria simples:
- Encare o problema de frente, sem fugir da situação. Quanto
mais cedo reconhecermos nossos problemas financeiros, melhor, para não deixar
que o transtorno vire uma bola de neve.
- Particularmente no ambiente de trabalho, uma
conversa aberta e sincera com seu(sua) chefe seria o
primeiro passo. Tal gesto demonstra que o funcionário está consciente de suas
condições, almejando contar com a compreensão de todos(as) e disposto a mudar.
- Um outro fato a ser considerado é com quem conversar na
empresa se você não se sentir confortável com o(a) chefe. Neste caso, procure o
departamento de Recursos Humanos para verificar se existe algum
programa de assistência ou aconselhamento financeiro. Por fim, procure também
algum aconselhamento profissional, pois existem orientações
valiosas.
- Faça, ainda, e com a maior urgência, um
levantamento completo das dívidas e um plano para quitá-las, ou ao
menos administrá-las de uma maneira mais efetiva. Muitas vezes, a gente descobre
que o problema nem é tão grave assim. Além do mais, um controle melhor sobre os
problemas ajudará a amenizar a angústia e o nervosismo. Mas, lembre-se: embora o
fardo pertença só a você ou tenha sido gerado no meio familiar exclusivamente
por você, envolva (com bom senso e paciência) parentes e amigos(as) para
torná-lo mais leve e fácil de carregar. Tapar o sol com a peneira não vai
adiantar e nem trazer solução, podendo até mesmo magoar aqueles(as) que nos
querem bem e que convivem conosco de uma forma muito próxima.
- Busque ativamente uma melhor educação financeira,
preparando-se para os altos e baixos do dia a dia. Com a crise atual, começam a
ser disponibilizados cada vez mais livros, revistas e reportagens sobre o
assunto, que lhe garantirão mais conhecimento e segurança na matéria. Escolha as
abordagens que mais lhe interessem, porém fuja dos manuais que oferecem soluções
simplistas e a jato, quase milagrosas, ou então respostas prontas e únicas para
todas as situações. Na verdade, trata-se de uma circunstância que varia de
acordo com as peculiaridades de cada pessoa, momento e experiência.
No início, vai parecer difícil, impossível, mas este processo um tanto penoso
o(a) amadurecerá para lidar com o dinheiro de modo mais consciente e
equilibrado, admitindo que planejamento e contenção são absolutamente
fundamentais para assegurar paz e sossego para si mesmo e quem está à sua volta.