Acredito e defendo, com unhas e dentes, que as pessoas devem poupar e
investir, bem como consumir. Pratico que o investimento deve fazer parte da vida
financeira dos brasileiros como um compromisso, um item importante dentro do
orçamento financeiro de nossas famílias. Você irá dizer que a grande dificuldade
que existe é que a maioria da população não se encontra em situação de
investir. É verdade.
Ao contrário do ideal, muitos convivem, ano após ano, com o triste hábito de
correr atrás de dinheiro para quitar dívidas que foram contraídas pela má gestão
do dinheiro, em decisões equivocadas. Nestes últimos anos, o aumento do crédito
criou oportunidades que rapidamente se tornaram grandes problemas: de “amigo”, o
crédito se tornou um grande vilão.
O resultado mostra que o brasileiro não está amadurecido o bastante para
lidar com o crédito farto. Isso é ainda mais grave se levarmos em conta o alto
custo que as instituições sustentam pelas linhas de financiamento. Outro ponto
negativo que ficou nítido e evidente é a constatação de que as pessoas não
planejam seus gastos, que acontecem por impulso e sem critério.
Misturas explosivas!
Para o consumidor que se vê endividado e sem perspectivas para o futuro, a união
entre o crédito abundante e a falta de planejamento para comprar se tornou uma
mistura explosiva. A dificuldade em lidar com a frustração (adiar consumo e
respeitar limites) é outro componente chave para a formação de uma população de
devedores que transformou o consumo sem critério em gastos sem planejamento.
Uma pesquisa divulgada pela Fecomercio apontou que o endividamento das
famílias de SP atingiu o maior nível em um ano. Tendo em vista o que já
comentamos, o resultado não poderia ser diferente. Triste, mas nós não
desistiremos. O Dinheirama e sua missão de educar financeiramente os
brasileiros permanecerão insistentes.
Tenho a consciência de que o consumo é fundamental e indispensável para a
estabilidade econômica de um país, para a realização pessoal e também para a
autoestima. Entretanto, após alguns anos de economia previsível e em
crescimento, já é momento da população perceber que o consumo pode ser calcado
no planejamento.
Crises vêm e vão...
O tempo passa e as oportunidades precisam ser aproveitadas para a construção de
um futuro mais feliz e rico. A bonança que atravessa o país hoje pode não
existir, ainda que em caráter temporário, daqui alguns anos. Mais cedo ou mais
tarde, crises sempre acontecem e os países que hoje são sinônimos de
prosperidade podem enfrentar dificuldades.
A pergunta que fica é justamente essa: se no melhor da festa você não poupou,
não organizou seus gastos, não teve persistência e disciplina para criar uma
reserva de emergência e investir, como você atravessará o momento em que as
oportunidades forem escassas?
Ao contrário do que muitos pensam, não é tão difícil mudar a situação de
devedor para investidor. Trata-se muito mais de uma mudança pessoal que, além
das questões financeiras, envolve mudança de comportamento. Ora, quem não sabe
que o mais importante é gastar menos do que se ganha? Por que é tão difícil
colocar isso em prática?
É hora de mudar sua vida financeira!
Faça uma análise de quanto dinheiro já passou pelas suas mãos nos últimos anos e
quanto dele permaneceu com você, agregando valor ao seu patrimônio. Se ficar
chocado com essa reflexão, ótimo! Está endividado? Saia da sua zona de conforto
e dê sua cara a tapa. Procure seu credor e estude uma forma de propor um acordo,
respeitando suas possibilidades e seus compromissos (despesas) indispensáveis.
Cabe lembrar as sempre atuais dicas em relação à negociação de dívidas:
- Procure alternativas mais baratas de crédito e, se for o caso, opte por
trocar dívidas com juros maiores por outras com juros mais em conta;
- Pechinche sempre, é seu futuro em jogo. Peça desconto sempre;
- Use mais o dinheiro em espécie e o cartão de débito. Deixe o cartão de
crédito e o talão de cheques em casa algumas vezes;
- Comece a ler o mais sobre economia, finanças, política e outros assuntos
que você costuma classificar como chatos. Informação e conhecimento nunca
são demais.
Não gosto de passar fórmulas mágicas, nem é essa a intenção do artigo. Mas,
nesse caso específico, a receita só pode ser simples e direta: todos querem ter
sucesso nas finanças, mas para chegar lá é preciso “arrumar a casa” com muita
disciplina e coragem. É preciso ser coerente, ter bom senso e aprender também a
investir.