Consultora explica o que fazer para controlar os gastos pessoais, evitando
a angustiante sensação de descontrole financeiro.
Por que algumas pessoas com bons salários vivem afogadas em dívidas no cartão
de crédito e no cheque especial enquanto outras, que ganham menos, conseguem
manter as contas em ordem e até poupar para realizar projetos futuros? A
resposta está em uma ferramenta que vem ganhando cada vez mais adeptos: a gestão
das finanças pessoais. Saber administrar com eficiência seus rendimentos,
mantendo controle sobre o que se ganha e o que se gasta, é a fórmula para sair
da angustiante situação de descontrole financeiro, que prejudica não apenas a
vida pessoal, mas também o desempenho profissional. Nesta entrevista, a
consultora Carla Miranda, sócia da Ágilis Tecnologia em RH, fala mais sobre o
assunto.
Por que tantas pessoas têm problemas em administrar seu orçamento pessoal?
Porque, de uma forma geral, elas não se preocupam em controlar ou acompanhar
suas finanças pessoais. Nós funcionamos como uma empresa, que tem valores a
receber, contas a pagar, despesas fixas e variáveis. Você consegue imaginar uma
empresa que não se preocupa com o seu orçamento? Não, pois todo empresário sabe
que uma boa gestão financeira é absolutamente essencial para que seu negócio
seja bem-sucedido. Com pessoas, é exatamente a mesma coisa.
Qual o melhor momento para adotar a gestão das finanças pessoais?
Muita gente acha que só deve cuidar da gestão de suas finanças pessoais em
momentos de crise. Esse é um conceito equivocado. Deve-se cuidar desse tema o
mais cedo possível. Cuidar de seu orçamento pessoal é uma atitude básica para
quem deseja ter um orçamento equilibrado, gastar corretamente, não contrair
dívidas desnecessárias, conseguir poupar para realizar projetos como a compra de
um carro, de um apartamento ou realizar uma viagem.
Em que consiste a gestão das finanças pessoais?
Assim como em uma empresa, o primeiro passo é fazer um orçamento realista. É
preciso montar uma boa planilha para se ter visibilidade dos seus ganhos e das
suas despesas. A partir daí, é preciso avaliar as variáveis e particularidades
de cada caso, se há dívidas a serem renegociadas ou despesas que podem ser
cortadas. O conceito básico é que não se pode gastar mais do que se ganha. É
preciso adotar alguns ajustes, traçar um plano realista, com objetivos
possíveis, e cumpri-lo com acompanhamento e disciplina.
Quais os erros mais comuns nessa área?
São muitas ciladas. Contar com o cheque especial como se fosse salário e
rolar dívidas, fazendo sempre o pagamento mínimo do cartão de crédito, por
exemplo, são dois erros muito freqüentes que costumam bagunçar todo o orçamento
doméstico. Com planejamento e algumas ferramentas específicas, é possível sair
dessa “bola de neve”.
Que outras medidas podem ser adotadas?
É importante registrar todas as despesas, inclusive as pequenas, para ter
visibilidade de seus gastos e montar um orçamento real. Programar e tentar
levantar o pagamento de dívidas, priorizando as que têm menor taxa de juros.
Evitar comprar a prazo, pois você perde a visibilidade do seu gasto. Evitar usar
cartão de crédito para despesas pequenas. É importante também evitar a compra
por impulso, pensar, deixar o emocional de lado na hora de gastar. São várias
pequenas mudanças de comportamento que, ao lado de uma estratégia consistente,
permitem que a pessoa volte a ter controle sobre seu orçamento e possa,
inclusive, gerar uma folga para criar uma poupança ou aplicar em outros
investimentos.