Se, antes, o diploma garantia a entrada no mercado de trabalho, agora, ter
uma graduação já não compõe um diferencial no currículo. Se quiserem acompanhar
o ritmo do mercado, os profissionais devem se manter atualizados. As
especializações – pós-graduações, MBAs e até mestrados – não só ajudam a
melhorar o currículo como definem a posição do profissional diante de tantas
mudanças.
Por sua vez, se, antes, a oferta de cursos de especialização era pequena e
destinada a um nicho de profissionais de alto cargo, agora, quem sai das
faculdades conta com uma lista de bons cursos e uma variedade de temas. O que
fazer diante de tanta oferta? Para os profissionais mais antenados, que
acompanham as mudanças da economia, apostar em especializações que podem trazer
retorno a curto e médio prazo pode ser vantajoso.
“Tem especializações que sempre vão se sustentar, como as da área do Direito
e da Medicina, por exemplo”, comenta a diretora do Grupo Soma, Sônia Caminhato.
“Mas existem outras que abrem caminhos e são promissoras”, diz.
Para o consultor da Search Consultoria em RH, Marcelo Braga, o Brasil está em
uma posição que lhe permite afirmar que haverá espaço para muitos profissionais.
“O mercado como um todo vai crescer muito e todas as áreas vão crescer”, afirma.
“Tem espaço para todo mundo e este é o momento para quem está preparado. E quem
ainda não está já está atrasado”, analisa.
Mas, não é só a oferta de cursos que cresceu. As mudanças das percepções dos
profissionais com relação à própria carreira também ajudam a alavancar a demanda
por especializações no País. Apesar disso, ainda é preciso mudanças no perfil
dos profissionais, para que cursos de pós-graduação façam, de fato, parte da
realidade do mercado. “Ainda existe muita gente que acha que a carreira é da
empresa. Esse profissional espera que a empresa invista nele”, afirma a diretora
de Consultoria da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Neli Barboza.
Especializações mais requisitadas!
Com oferta atraente e demanda em alta, escolher as especializações, para muitos
profissionais, pode ser uma questão de retorno. Os analistas ouvidos pela
InfoMoney apostam que setores mais ligados à transporte devem estar em alta e
precisarão de profissionais especializados no médio prazo.
Os motivos, segundo os especialistas, estão relacionados justamente ao
crescimento do País e ao fato de o Brasil ser sede das próximas edições da Copa
do Mundo, em 2014, e da Olimpíada, em 2016. Além disso, o pré-sal fará com que
nos próximos anos a procura por profissionais do setor, de todos os níveis, seja
maior. O meio ambiente ainda está na pauta das empresas e deve fazer parte da
lista dos profissionais que querem garantir retorno do mercado.
Apesar de essas áreas serem muito requisitadas hoje, com previsão de
crescimento para os próximos anos, outros setores também devem acompanhar o
crescimento da economia e merecem atenção dos novos profissionais que buscam
especialização.
Uma dessas áreas é a gestão de pessoas. “As empresas estão percebendo cada
vez mais que o maior bem delas são as pessoas, porque, além de ter de encontrar
bons profissionais, você tem de retê-lo”, explica Sônia. No mesmo sentido, Braga
também aposta em especializações mais direcionadas à gestão de Recursos Humanos,
justamente pelo aumento da percepção da importância das pessoas nas empresas.
Para ele, além disso, áreas mais voltadas ao setor de bens de consumo, como
marketing, por exemplo, também devem apresentar bom desempenho daqui para
frente. “Essas áreas vão crescer junto com a economia”, analisa Braga. Neli
ainda completa afirmando que, com a economia, setores relacionados à
infraestrutura vão estar carentes de profissionais especializados.
Além dos já citados setores petrolífero e de transporte, a especialista
lembra do setor de Tecnologia da Informação. “TI ainda é muito carente de
profissionais e especializações focadas em telecomunicações, em desenvolvimento
de redes e transmissão apresentarão um crescimento sólido”, considera. As áreas
de finanças e comércio exterior, para ela, não podem ficar de fora da lista para
quem pensa em fazer uma especialização que dará retorno no médio prazo. “No caso
de finanças, análise de riscos tem uma tendência forte de crescer”, diz.
Um ponto a se pensar antes
As áreas citadas pelos consultores, assim como outras, estão em franco
crescimento. Mas, escolher uma especialização apenas com base nesse critério
pode não ser boa ideia. “Cada um tem de fazer uma análise e pensar o que essa
pós vai agregar no currículo e em sua vida profissional”, avalia Braga, da
Search. Afinal, de nada adianta fazer uma especialização só porque ela estará em
alta daqui para frente e ela ser completamente diferente da área de formação. “A
especialização é como um complemento da graduação”, completa.
“O que eu quero fazer daqui a quatro, cinco anos ?”, para Neli, da Ricardo
Xavier, é essa a pergunta que o profissional deve fazer, antes de se matricular
em alguma pós. “Carreira não se constrói a curto prazo”, lembra a consultora.
Ela afirma que, na hora de escolher a especialização, os profissionais devem
levar em conta como irão aplicar o que aprenderam do curso. Além disso, ela
insiste que, para fazer o curso de pós, o profissional precisa ter experiência
no mercado na área em que atua. “O ideal é que o profissional se identifique com
a área e que essa pós tenha objetivo”, diz.
Quando estiver decidido, o profissional deve pesquisar bem a instituição onde
vai estudar. Realizar pesquisas sobre a instituição, consultar as avaliações do
MEC (Ministério da Educação), pesquisar sobre o corpo docente e conversar com
quem já fez o curso devem ser levados em consideração. “Mais importante que
fazer uma especialização, é fazê-la bem”, conclui Neli.