Carro zero ou usado? A dúvida acomete muitos
consumidores, principalmente aqueles que estão prontos para
comprar o primeiro automóvel. Enquanto o carro zero atrai pelo fato de ser
do ano, os preços mais em conta dos usados chamam a atenção de quem não tem
condições de arcar com um novo.
Mas não é só isso que deve ser visto, quando se pensa entre um novo ou
um usado. O custo-benefício, a finalidade do veículo e o perfil do comprador
também devem ser levados em conta. No fim das contas, cada caso é um caso, mas
para os que vão
comprar o primeiro automóvel, alguns pontos podem ser esclarecidos e fazer a
diferença na hora da escolha.
Para um consumidor de baixa renda, que está entrando no universo de
consumo, até é possível
comprar um novo,
financiado. “Dependendo da renda dele, dá para pagar uma prestação de R$
600, por exemplo”, calcula o economista da Agência MSantos, Ayrton Fontes.
Para o diretor da Agência AutoInforme, Joel Silveira, não existe receita para
essa compra. “Cada pessoa dá valor a uma coisa”, diz. Para ele, há consumidores
que preferem o conforto de um zero, ao passo que existem aqueles que preferem as
opções mais em conta do mercado de usados.
Manutenção pesa na conta
Para Fontes, tudo depende do gosto dos
consumidores. Mas, para quem quer gastar menos e ter mais opções de escolha,
optar por um usado pode ser vantajoso. Ele explica que geralmente se gasta na
faixa de R$ 35 mil em um carro zero, enquanto que, com R$ 25 mil, se compra um
auto com dois ou três anos de uso e com vários equipamentos adicionais.
Por outro lado, se com um novo dá para rodar dois ou três anos
tranquilamente, sem se preocupar com manutenção, com um usado, os cuidados são
imediatos e podem encarecer o custo. “Cada caso é um caso, geralmente, o
consumidor de baixa renda quer um zero. O ideal para ele seria comprar um carro
novo totalmente financiado com juros a 1,3% ou 1,4% ao mês, para não se
preocupar com manutenção, que ainda é uma das mais caras do mundo”, avalia o
economista.
Por isso, os custos de manutenção devem ser levados em conta. “Se um usado
custa R$ 22 mil e um zero R$ 30 mil, você não deve levar em conta apenas a
diferença de R$ 8 mil, mas também o que você deve gastar com a manutenção desse
veículo”, ressalta Silveira, da AutoInforme.
Comprar um usado pode ser vantajoso para aqueles que já tiveram um carro.
“Esse consumidor já está acostumado e conhece carro, então, ele saberá escolher
um auto que vai valer a pena”, diz Fontes. “O usado é para quem tem um pouco
mais de renda e um pouco mais de conhecimento”. Para quem está com o orçamento
mais apertado, ao contrário do que muita gente pensa, o ideal é comprar um zero,
pela facilidade de pagamento.
Silveira concorda que as condições oferecidas hoje pelo mercado favorecem a
compra de novos, mas, do ponto de vista financeiro, comprar um auto de dois anos
pode valer a pena. “A maior depreciação do carro é depois de um ano de uso. Até
o segundo ano, ocorre a segunda maior depreciação. Do quinto ano em diante,
ocorre depreciação, mas de modo mais estável. Então, um usado de dois anos já
teve a sua grande depreciação”, afirma.
Cada consumidor, uma escolha
Fontes cita algumas situações que podem
ajudar os consumidores a entender melhor quando comprar um usado ou um novo pode
ser vantajoso:
- Família estabilizada financeiramente: para quem está
com as contas em dia e ganha de R$ 3 a R$ 4 mil e quer trocar de veículo,
talvez um seminovo (carro que tem até 20 mil quilômetros rodados) seja a
melhor opção. “Essa pessoa pode escolher um novo por R$ 35 mil, mas, nessa
faixa de preço, ela encontrará um seminovo com mais opcionais”, explica o
economista.
- Jovem em início de carreira: “sem dúvida, um zero é
muito melhor”, diz Fontes. Tanto pelas condições facilitadas, já que muitas
vezes nem é preciso dar entrada para comprar o veículo, como pela
tranquilidade de não se preocupar com manutenção por um bom tempo, uma vez
que esse perfil deve utilizar muito o veículo. “Para se ter uma ideia, uma
troca de pneu não sai por menos de R$ 500, amortecedores, por R$ 1 mil, e
pastilhas não custam menos que R$ 300”, exemplifica o economista.
- Família jovem: nesse caso, vai depender da renda da
família. Se houver filhos e uma renda de até R$ 3 mil, o ideal é financiar
totalmente um zero. Mas os opcionais que um usado oferece podem ser
vantajosos. Contudo, Fontes ressalta que é preciso ter renda um pouco maior
para sustentar um usado.
Independentemente do perfil, o economista ressalta que, se a escolha for um
usado, o ideal é procurar uma concessionária da marca que ele quer. “Isso porque
os veículos passam por uma revisão, porque ela [a concessionária] é
obrigada a dar uma garantia do carro”, aconselha.
Oportunidades
Para Silveira, da AutoInforme, hoje, tudo
tende para que o consumidor compre um zero. “A indústria está com uma postura
muito agressiva para compra do carro zero. Os juros estão menores que os dos
usados. Além disso, muitas vezes, para comprar um usado, você tem que dar
entrada. E, no zero, é mais fácil financiar o veículo totalmente”, avalia.
“O momento é oportuno, porque tem uma briga entre as montadoras. Agora, o
mercado está em queda, é diferente de fevereiro e março, quando as vendas
estavam em alta”, explica Fontes. “Não é para entrar e comprar. Tem que
pechinchar e dá para conseguir benefícios”, diz.