Muito se questiona sobre qual é a fórmula do empreendedor de sucesso. A grande
verdade é que essa fórmula não existe. O que existe é uma combinação de
competências que o empreendedor deve desenvolver: técnicas e comportamentais.
A capacitação para as competências técnicas acaba sendo uma tarefa mais
fácil, até porque a maioria dos treinamentos disponíveis tem como foco essa
perspectiva de desenvolvimento.
Hoje é pré-requisito que o empreendedor seja tecnicamente capaz no que faz.
Conhecer bem o negócio tecnicamente é, no mínimo, obrigatório. Então, onde está
o diferencial competitivo do empreendedor? Está na gestão das suas competências
comportamentais.
Assim, a conclusão a que se chega é que o diferencial para o desenvolvimento
de qualquer profissional não está baseado somente nas competências técnicas, mas
na combinação do técnico com o comportamental.
Dependendo do profissional ou da função em questão, a componente
comportamental assume uma dimensão, muitas vezes, maior do que a técnica. Esse é
o caso do empreendedor. Não se trata apenas de quanto ele conhece tecnicamente o
assunto, mas de que forma ele gerencia a si próprio e as pessoas ao seu redor.
Esse gerenciamento parte do trabalho de autoconhecimento, da identificação de
quais são seus motivadores, quais são seus medos básicos e como neutralizá-los,
seus pontos fortes, seus limitadores e identificação de pontos de
desenvolvimento.
Em 1928, o professor e psicólogo William Marston criou o modelo denominado
DISC, utilizado hoje em dia em larga escala para identificação de perfis
comportamentais, mapeando tanto as pessoas como as funções.
Marston defende o fato que as pessoas dão respostas físicas a estados
emocionais, ou seja, estão constantemente dando "dicas" de como são: se são mais
objetivas e diretas ou diplomáticas, se são mais comunicativas ou
investigativas, se são mais previsíveis ou impetuosas, ou ainda, se são mais
disciplinadas ou independentes, etc.
O modelo DISC prevê quatro grupos de comportamentos, representados cada um
por uma das quatro letras. O "D" vem de Dominância, o "I" vem de Influência, o
"S" vem de "eStabilidade" (Steadiness, em inglês) e o "C" vem de Conformidade.
O que difere uma pessoa da outra, sob o ponto de vista comportamental, é a
intensidade em que esses comportamentos aparecem. Testes psicométricos permitem
avaliar como cada um desses quatro grupos se manifesta.
Por meio desta metodologia, é possível identificar quais as competências
comportamentais exigidas para cada função e qual o gap existente entre a pessoa
e o perfil ideal.
Quais são, então, as competências comportamentais exigidas para o
empreendedor? Com certeza, totalmente diferentes, por exemplo, daquelas exigidas
para uma função técnica, administrativa ou de suporte. O empreendedor tem a
função de dirigir, motivar, assumir riscos e de ter grande mobilidade.
Em linhas gerais, destacamos quatro competências comportamentais essenciais
para o empreendedor:
- Foco em objetivo e Direção: capacidade da pessoa em ser assertiva,
iniciadora, direta, objetiva, competitiva e voltada para resultados;
- Independência e capacidade de correr riscos: capacidade da pessoa em ser
firme, obstinada, ter força de vontade, ser independente, ser desafiante,
opinante e um tanto quanto teimosa;
- Capacidade de comunicação e persuasão: capacidade da pessoa em ser
motivadora, influente, comunicativa, persuasiva, amistosa, verbal e otimista;
- Mobilidade e capacidade de adaptação: capacidade da pessoal estar alerta,
ser móvel, estar inquieta, ser ativa, impulsiva, demonstradora e impetuosa.
Essa é uma reflexão que vale a pena! O quão empreendedora a pessoa quer ser e
como ela está em relação a estes comportamentos, o que ela já possui e o que
ainda precisa desenvolver. A boa notícia é que comportamentos podem ser
aprendidos e treinados e. quando bem aplicados, fazem toda a diferença.