Investir em imóveis, com o objetivo de alugá-los, é um bom negócio para o
pequeno investidor. A opinião é compartilhada por dois especialistas da área, o
diretor de legislação do inquilinato do Secovi-SP, Jacques Bushatsky, e o
diretor de locação da Aabic (Associação das Administradoras de Bens Imóveis e
Condomínios de São Paulo), Eduardo Zangari.
"O grande medo dos proprietários é o de alugar o imóvel para um mau
inquilino, que não paga o aluguel e ainda danifica o imóvel. Com a Nova Lei do
Inquilinato, esses proprietários estão mais protegidos e, caso aluguem a
propriedade para alguém que não cumpre o acordado, ele consegue mais facilmente
reaver o imóvel. Com isso, o medo de alugar e ter prejuízo ou dor de cabeça
diminui imensamente", afirma Bushatsky.
Zangari concorda com o diretor e completa afirmando que o juro básico da
economia mais baixo desde o ano passado faz do investimento em imóveis para
aluguel um ótimo negócio. "Com a queda da taxa Selic no último ano, muitos
investimentos deixaram de ter boa rentabilidade. Assim o aluguel se tornou uma
ótima opção. Tem Fundo DI com rentabilidade 0,02% maior, mas o aluguel não tem
incidência de imposto, por exemplo".
Investimento conservador
O diretor da Aabic diz ainda que, obviamente, se na hora de comparar a pessoa
observar a rentabilidade do aluguel e a rentabilidade do mercado de
capitais,concluirá que a segunda modalidade de investimento pode trazer mais
retorno financeiro, porém, alerta: é bem mais arriscada. "Não podemos comparar
investimento conservador com investimento de risco. Para um investimento
extremamente conservador, o imóvel para aluguel tem muito bom rendimento,
principalmente agora que as dores de cabeça com inquilinos prometem ser
menores".
Para Bushatsky, o fato de esse ser um investimento conservador é muito
vantajoso. "Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Economia da USP concluiu
que 70% dos proprietários que alugam seus imóveis são aposentados. Esse não é um
negócio de sheiks árabes é um investimento que garante a metade da renda de
muitos viúvos e aposentados, portanto, é bom que não seja um investimento de
risco. Essas pessoas que colocam seus imóveis para alugar não podem correr o
risco de perder seu patrimônio".
Zangari lembra também que, neste tipo de investimento, não se deve pensar
apenas na rentabilidade mensal, mas, sim, na valorização do patrimônio. "Uma
pessoa com um determinado número de cotas em um fundo de investimento que rende
1% ao mês, se no final de dois anos tiver tirado do fundo tudo o que ele
rendeu, continua com o mesmo número de cotas. Agora, uma pessoa que tem um
imóvel de R$ 200 mil, além de tirar a rentabilidade mensal, no final de dois
anos, ainda terá um imóvel que, provavelmente, estará valendo R$ 230 mil".
Imóvel para alugar
Na hora de aconselhar o investidor sobre qual é o melhor tipo de imóvel para a
locação, os dois profissionais dividem a mesma opinião: o imóvel residencial de
dois dormitórios.
"Há uma demanda muito grande por esse tipo de imóvel. Ele acolhe bem a
maioria das famílias brasileiras, não é muito caro e não tem muitos encargos.Se
fosse para aconselhar, eu diria que o melhor é investir em um dois dormitórios.
Se a pessoa tiver R$ 1 milhão para comprar imóveis, eu aconselho a comprar cinco
de R$ 200 mil, em vez de comprar uma propriedade de alto padrão. Assim, ela não
dependerá de apenas um inquilino para garantir sua renda, a locação é muito mais
rápida e os gastos com o imóvel são menores. É aquela velha história de não
colocar todos os ovos na mesma cesta".
O executivo do Secovi dá ainda outro conselho. "Antes da pessoa comprar um
imóvel para locação é importante que ela acompanhe pesquisas de preço de
aluguel, para conhecer os tipos de imóveis e as regiões mais valorizadas. O
segredo é pegar essas tabelas e, ao invés de pensar "que imóvel caro", pensar:
está aqui uma boa oportunidade de retorno financeiro para a locação de uma
propriedade", finaliza.