Ser um profissional novo na equipe é um desafio e tanto, afinal, em pouco
tempo, você precisa mostrar para que veio, por meio de resultados, e conhecer a
empresa. Mas existe um tempo de adaptação para isso, além dos três meses de
experiência vigentes nos contratos de trabalho?
"A rigor, a adaptação de um colaborador varia de empresa para empresa, ou de
segmento, e até mesmo do momento financeiro em que a companhia se encontra no
momento. Porém, este período torna-se mais longo quando acontecem falhas no
processo de seleção", destaca o vice-presidente da FranklinCovey Brasil, Josmar
Arrais.
As origens da falta de adaptação
De acordo com Arrais, o processo de seleção é a chave para que o profissional se
adeque mais rapidamente à empresa Quando há falhas neste procedimento, a
possibilidade de a empresa não contratar um profissional com o perfil e as
competências necessárias para a vaga disponível são bem maiores.
O consultor revela que, em um processo de seleção ideal, depois de realizada a
escolha do candidato, este deveria ser chamado para uma conversa, antes de
assinar o contrato. "O líder deve expor as razões pelas quais o profissional não
deve aceitar esta proposta de trabalho, evidenciando que a empresa não é
perfeita e tem problemas".
Por outro lado, às vezes, além da falha da empresa ocorre os equívocos do
profissional. "Muitas vezes, sem pensar nos seus propósitos de carreira, o
profissional aceita uma proposta de emprego baseando-se apenas no salário, o
que, mais tarde, gera a insatisfação. Além disso, a pessoa também pode passar
por uma mudança de vocação, ou seja, com a atuação no mercado, ela percebe que
não é isso que almeja".
Erros do líder
Um dos principais erros dos gestores apontado por Arrais é o fato de não
conhecerem nem mesmo os colaboradores com mais tempo de casa. Assim, como eles
perceberão se o recém-contratado se adaptou à empresa, durante a vigência do
contrato de experiência, de apenas três meses?
"O líder precisa saber as aspirações, os sonhos de cada um dos seus respectivos
colaboradores", explica Arrais. "E, ao contratar alguém, ele deve deixar claro
não só a descrição do cargo mas também o propósito e a importância daquele
trabalho executado para empresa", acrescenta.
É fundamental ainda que o líder faça, nos períodos de adaptação, feedbacks
parciais. "Demitir sem avisar e apontar os erros do profissional, não
disponibilizando a oportunidade para que esse profissional corrija as suas
falhas, é a forma mais cruel de gerenciamento", diz Arrais.
Volta por cima
Quando um profissional permanece pouco tempo na empresa, é normal que ele se
sinta abalado e sem auto-estima, mas tais sentimentos não devem prevalecer.
"Se o profissional fez seu melhor e procurou fazer tudo que estava ao seu
alcance, ele não deve sair de cabeça baixa, em caso de demissão, mas deve
encarar como um acidente de negócio. Com certeza, um profissional comprometido e
eficaz vai transmitir estas suas qualidades em qualquer processo seletivo. Logo,
ao transparecer isso, qualquer gestor irá querer ter um profissional assim na
sua equipe", conclui Arrais.