Existem algumas discussões que são produtivas no ambiente de trabalho,
enquanto outras são negativas e podem até mesmo gerar traumas nos profissionais.
De acordo com a professora de Psicologia Organizacional e do Trabalho da PUC-SP
(Pontifícia Universidade Católica), Carmem Lúcia Arruda Rittner, existem
diferenças entre pessoas e ideias. "Esta última dificilmente deixará sequela,
porque fica claro que a pessoa está só opinando diferente, tendo outro
entendimento. O debate de ideias não deixa sequelas, ele leva à aprendizagem",
afirmou.
Por outro lado, o que é traumático é o confronto de pessoas, quando uma chega
para a outra e diz que é limitada, incompetente, falsa. Em poucos casos os
profissionais podem escolher os companheiros de equipe, então é preciso ter
habilidade em lidar com pessoas no mundo corporativo. As brigas podem acontecer
neste caso, quando um não entende, não se liga ou não se identifica com o outro.
"Há pressupostos que não ficam esclarecidos", disse Carmem.
Consequências
Depois da briga por confronto de pessoas, o trauma poderá se instaurar
dependendo das consequências. Se o grupo ajuda a pessoa, passa um feedback
dizendo que ele exagerou, pode ser que a situação seja superada, uma vez que a
equipe é madura. Caso as coisas mudaram depois da briga e a equipe foi
prejudicada, leva-se mais tempo para superar a situação.
E se, depois da briga, o profissional foi mandado embora? "O que ele tem de
fazer é tentar analisar em que situação poderia ter sido melhor. Encontre um
amigo que ajude a superar o acontecido. O trauma fica se a pessoa não entender o
que aconteceu", explicou a professora da PUC-SP.
Questionada sobre o conceito de trauma, ela explicou que é quando acontece uma
situação com consequências psicológicas e materiais tão fortes que a pessoa
passa a evitar outras situações, sem ponderar as diferenças entre ambos os
casos.
Causas
De acordo com ela, o trauma pode ser causado pela consequência do fato, mas
também pelas causas. Por exemplo: se a briga mostrar que a pessoa tem falta de
competência para trabalhar em equipe, neste caso, ela deixa um trauma, porque
escancarou uma fraqueza. O profissional passará a ter um comportamento de
receio.
Idade
A psicóloga afirmou que os mais jovens estão mais suscetíveis a entrarem em
brigas, mas não são necessariamente aqueles que mais ficam traumatizados com a
situação.
"Brigas são muito comuns entre jovens que estão aprendendo e em fase de
desenvolvimento da personalidade. Eles têm menos experiência emocional, então
podem entrar em um conflito com mais facilidade, mas não ficam com tanto trauma
como aquelas pessoas que foram criadas em ambientes mais convencionais",
explicou Carmem.
As pessoas criadas em ambientes mais convencionais são mais alheias às mudanças
e podem ter mais dificuldades em lidar com pessoas.