Não vem dos tempos atuais a busca cada vez mais acirrada por uma melhor
posição; posição essa econômica e consequentemente social. Nosso mundo sempre
foi e sempre será competitivo. Há quem diga que nossa luta por um "lugar à
sombra" - sombra sim, porque o sol pode nascer para todos, mas a sombra somente
para aqueles merecem - se inicia quando começamos a disputar uma vaga no mercado
de trabalho. Há quem diga que essa disputa começa nos bancos escolares ou até
mesmo nas universidades. Eu discordo plenamente de ambas as opiniões.
Essas etapas apenas fazem parte de uma fase mais avançada da qual chamamos de
concorrência. Ela vem muito antes do que muitos imaginam. Será que alguém já
parou para pensar que se estamos aqui hoje é porque fomos grandes vencedores de
uma corrida disputada com muito mais pessoas que imaginamos? E com um detalhe:
chegamos na frente, fomos campeões e sobrevivemos.
Estou falando de nossa primeira batalha que se iniciou quando fomos
projetados, eu - e você também, é claro - juntamente com mais duzentos e noventa
e nove milhões de concorrentes correndo, acredito que exaustivamente, atrás de
um único objetivo. Por isso, digo que se hoje estamos aqui, podemos nos
considerar um grande campeão de uma ampla primeira batalha.
No entanto, é importante lembrarmos que chegamos apenas ao fim de uma peleja,
determinante, é claro, pois esta foi um pré-requisito para as batalhas futuras.
Ah, mas então as próximas sim, viriam a ser a competições nos bancos escolares
para sermos diferenciados! Errado, pois essa fase ainda está além, muito além.
Venceu os milhões de concorrentes? Muito bem, agora quando em vida, você terá
novos desafios, o desafio da vida saudável e promissora, a começar exatamente
com o seu início. Nós precisamos, nesse momento, determinarmos uma forma de nos
comunicarmos, de nos socializarmos, afinal, vamos depender da comunicação para
suprir umas das nossas necessidades fisiológicas, a alimentação.
Nossos progenitores precisam saber quando necessitamos de algo e esse passa a
ser o nosso primeiro desafio em vida. Para isso, precisamos de uma maneira ou de
outra chamar suas atenções, de forma que percebam nossa necessidade. E assim
vamos desenvolvendo até chegarmos a uma fase onde fazemos os primeiros contatos
com os nossos colegas. Temos aí uma nova competição, que é disputar a atenção de
quem nos cuida ou faz parte do nosso dia-a-dia. Quem nunca disputou a atenção de
um tio ou uma tia ou alguma outra pessoa querida? Pois então, estamos aí
novamente em mais uma disputa.
Enfim, desde cedo vivemos em ambientes que nos incitam à competição. Em
determinados momentos competimos conosco mesmo. Isso ocorre quando precisamos
vencer um bloqueio psicológico para tomar uma decisão, uma atitude. Isso já
ocorreu comigo quando tentava conquistar novas amizades. Superei esse empecilho,
porém quase me dei mal quando uma pessoa, hoje considerada um dos meus melhores
amigos, disse que a decisão não cabia a ele, porém aos demais, usando a seguinte
frase: "É com os caras ali". Hoje esse episódio virou um assunto cômico
que ora ou outra nos lembramos, com muito humor, é claro. Entre nós fizemos
grande amizade que já perdura quase vinte anos.
Esse é o nosso mundo que desde muito cedo nos faz ser competitivos,
concorrência essa que nos leva à disputa por modalidades esportivas,
profissionais e sociais, sempre na busca por uma melhor posição, ou que não seja
a melhor, mas coerente a uma vivência pacífica e confortável psicologicamente.
Nossa vida é uma eterna competição. Uma coisa é certa, sempre vamos querer algo
a mais do que já possuímos. Para isso, vamos precisar ser sempre competitivos,
arrojados, ou nos conformarmos com o que já conquistamos.
A conformidade é algo terrível. É como se estivéssemos parados enquanto estão
todos correndo em busca de algo que achamos que já temos como conquista. Quem
pensa assim não se dá conta das grandes e rápidas mudanças, principalmente
tecnológicas que acabam interferindo no panorama organizacional, gerando grandes
transformações.
Sabemos que tudo depende apenas de nós, de nossa conformidade ou não. Para
toda ação existe uma reação, isto é, estamos sempre colhendo aquilo que um dia
plantamos. Há quem se contente com o que tem, mas há também aqueles que sempre
querem mais e mais. Esse espírito competitivo torna as batalhas competitivas
ainda mais acirradas e determinantes para novos rumos da história.
Toda essa transformação, mudanças repentinas e rotineiras se resume em um
único nome: Globalização, uma pequena palavra que vem fazendo uma enorme
diferença em todos os sentidos: cultural, social e econômica. Como já disse: os
resultados apenas dependem de nós. Portanto, é hora de arregaçarmos as mangas e
desenvolver de vez o nosso instinto competitivo. Somente assim faremos a
diferença numa realidade cada vez mais incerta.