É o primeiro dia de trabalho no emprego novo. Um frio na barriga recobre
todos os sentidos do profissional. Ele entra em uma grande sala, onde cerca de
30 profissionais trabalham, cada um em sua baia. E então tem uma grande
decepção: em um primeiro momento, aquelas pessoas parecem não ter nada a ver com
ele!
Algumas são novas demais, outras parecem ser superficiais. A turma das
patricinhas é a que mais assusta! Na hora do almoço, uma surpresa: as pessoas se
mostram nada amigáveis, já que ninguém o chama para almoçar. No almoço, sozinho,
o profissional já começa a sentir falta dos antigos colegas de trabalho, com os
quais tinha muita, muita afinidade. Pensavam de forma parecida, o papo era o
mesmo.
Agora, a nova empresa, em sua totalidade, parece estranha. Os chefes, os
colegas, as manias aparentes do lugar.
O que fazer
É difícil, em um momento delicado desses, dizer às pessoas o que fazer. Cada um
sabe o que busca para si. Mas o fato é que uma dose extra de cautela não faz mal
a ninguém. Para a coordenadora de Recrutamento e Seleção da Ricardo Xavier
Recursos Humanos, Pérola Lucente, o importante é não se deixar levar por
impulsos e tomar atitudes que podem ser prejudiciais.
"A princípio, quando o profissional percebe que está vivendo uma situação na
qual não se identifica com seus colegas, chefes ou valores da empresa, ele deve
ter cautela. É importante que ele entenda que situações assim são comuns a
outros profissionais. A diferença é a forma como cada um lida com a situação",
diz ela.
Lembre-se do que o levou àquele emprego
Antes de mais nada, é imprescindível fazer uma análise real do momento,
avaliando os motivos e as vantagens que levou o profissional a optar pelo
emprego. Desta forma, ele poderá identificar o grau de importância daquele
emprego e o impacto dele em sua carreira. As vantagens podem ser inúmeras:
salário alto, perspectiva de crescimento, qualidade de vida, benefícios.
"O importante é ter claro o que se esperava da organização quando foi
contratado", afirma Pérola. "Com isto definido, o profissional deve procurar se
adaptar à nova estrutura, sendo flexível quanto a aspectos que possam
incomodá-lo e avaliando o peso de cada um deles em relação ao seu bem estar no
ambiente de trabalho".
Construindo novas relações
Ela lembra que, em cada organização pela qual passamos, temos um trabalho
inicial de conquista, uma vez que, dentro do novo ambiente, as pessoas não nos
conhecem e não sabem como "funcionamos". E a construção de novas relações pode
dar trabalho! As palavras de ordem são: flexibilidade e adaptação.
A questão é que o problema pode não estar nos outros, mas em si próprio. "As
pessoas poderão mudar a partir da mudança de seu próprio comportamento", diz
Pérola, que recomenda dar tempo ao tempo.
O esforço foi em vão?
"Caso o profissional perceba que, apesar de todos os esforços, a fase inicial de
adaptação à nova realidade não passou e permanece como um grande incômodo,
trazendo infelicidade, aí sim, ele poderá avaliar novamente os impactos de sua
demissão e, desta forma, tomar a decisão mais acertada. O importante é entender
que o trabalho toma grande tempo de nossas vidas e, dentro dele, temos de buscar
a realização e felicidade", finaliza a coordenadora de Recrutamento e Seleção.