''Hoje, um terço da força de trabalho mundial – algo em torno de um bilhão
de pessoas – está sem emprego, mas não vive em ‘cabanas eletrônicas’, não está
no ‘setor de serviços’ nem se dedica, aparentemente, ao ócio criativo. Pelo
contrário, o que as estatísticas mostram é que esses milhares de desempregados
seguem ligados ao mesmo ‘paradigma do trabalho’, só que agora como trabalhadores
precarizados, terceirizados ou subcontratados, com direitos cada vez mais
limitados''.
O quadro acima, descrito pelo cientista político José Luiz Fiori, diz aquilo que
todos sabem mas poucos têm coragem de aceitar: o emprego e as relações de
trabalho mudaram.
O economista Jeremy Rifkin escreveu o livro ''O fim dos empregos'' há oito anos
e causou uma enorme polêmica ao descrever um cenário tão sombrio para o futuro
do trabalho. Dizia ele que a busca cega da redução dos custos de produção
promoveria uma eliminação drástica de postos de trabalho nas empresas
tradicionais. Isto tornaria os bens e serviços dessas empresas cada vez mais
competitivos e lucrativos.
Infelizmente, Rifkin acertou. Atualmente o desemprego é uma ameaça real em
grande parte do continente europeu e nos países subdesenvolvidos do resto do
mundo. Isto pode ser notado no Brasil pelos números estarrecedores do corte de
pessoal na indústria automobilística (270 mil postos) e no setor financeiro (400
mil postos fechados) durante a década passada, segundo cálculos do economista
Jorge Luiz Gouvêa, do Dieese – só para citar dois exemplos.
Além disto tudo, as rígidas leis trabalhistas são um convite tentador para
fortalecer a informalidade, pois o empregador precisa pagar muito caro para
contratar alguém. Por exemplo: ao contratar um funcionário que receba R$
1.000,00 mensais, o empregador tem o custo total de R$ 2.000,00, o dobro do
salário.
Conseqüentemente...
O fim da carteira assinada.
Carteira assinada é um artigo raro hoje em dia – os novos empregos, quando
surgem, já nascem na informalidade. Com isto, mais da metade dos trabalhadores
brasileiros estão à margem dos direitos trabalhistas.
A reinvenção das profissões.
Todas as profissões estão passando por um processo de reinvenção, inclusive a
sua. Por conseguinte, algumas praticamente desapareceram (alfaiates), outras
estão em processo de desaparecimento (bancários), há uma relação daquelas que
morreram e ressuscitaram (torneiros mecânicos), enquanto muitas foram
reinventadas (datilógrafos, que atualmente são os digitadores).
Alguns empregos permanecerão.
Emprego sempre vai existir, o problema é que a qualificação necessária para se
conquistar uma boa colocação já impede e vai continuar a impossibilitar a
contratação da maior parte dos trabalhadores brasileiros. Já encontrei inúmeros
sites de recrutamento que oferecem salários de R$ 20 mil (isso mesmo!) e as
vagas continuam lá, depois de ofertadas há meses... empregado qualificado também
é artigo raro!
As empresas desejam colaboradores.
Quando os profissionais são vistos como colaboradores e estes também entendem
seu novo papel, todos ganham. As empresas já compreenderam que precisam de gente
criativa, entusiasmada e comprometida com suas atribuições.
Por último...
Empregador paternal não existe mais. Pare de sonhar com isso! Você é o dono da
sua carreira e o responsável por criar as oportunidades. É hora de escolher as
empresas onde você irá passar os melhores dias de sua vida, em vez de apenas
aceitar qualquer condição por uma carteira assinada. O mundo está vivendo apenas
a era do fim do emprego, e não do fim do trabalho.